O principal espaço de negócios rurais do Rio Grande do Sul, a Expointer, em Esteio, deixará uma lacuna neste ano nas atividades comerciais de fabricantes de máquinas, animais e na agroindústria familiar gaúcha. Com a maior feira do agronegócio gaúcho suspensa pela pandemia, diferentes entidades promotoras do evento se organizam para preencher esse vácuo que ficará no caixa das empresas e no bolso dos produtores familiares.
As cifras movimentadas no Parque Assis Brasil são expressivas e farão falta para diferentes setores, que agora se organizam para minimizar os danos de alguma forma. Em 2019 a feira de Esteio movimentou R$ 2,6 bilhões em negócios. É uma parte desse valor que montadoras de máquinas agrícolas, pequenos produtores e pecuaristas, por exemplo, tentarão recuperar com eventos virtuais. Uma feira digital integrando os principais setores de negócios tradicionais da Expointer está no horizonte.
De acordo com o secretário de Agricultura, Covatti Filho, o governo está conversando com as entidades e analisa o formato ideal para fazer uma grande exposição virtual e está conversando com as entidades. "Existem diversas possibilidades de contar com a tecnologia a nosso favor. Estamos vivenciando uma pandemia sem precedentes, e é preciso se reinventar. O parque merece ter essa data celebrada", ressalta Covatti Filho.
Agricultura familiar estuda app para comercialização
Espaço é um dos mais disputados pelos visitantes
PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
A agroindústria familiar comercializou em 2019 R$ 4,5 milhões, pulverizados em mais de 300 bancas instaladas no pavilhão destinado ao setor. Eugênio Zanetti, vice-presidente da Fetag, antecipa que a entidade está planejando uma forma de promover as vendas neste ano por meio de um aplicativo que beneficia ao conjunto de expositores tradicionais do evento.
"O mercado de feiras regionais pelo interior, todas suspensas, representam um baque para as finanças de inúmeras agroindústrias. Sem as feiras em diversas partes do Estado, algumas agroindústrias perderam 85% de sua receita", destaca Zanetti.
Após o cancelamento da Expoagro Afubra, em Rio Pardo, sobraram danos significativos em alguns expositores que haviam se programado para o evento. Zanetti conta que a maioria estava com a produção já encaminhada para expor e, sem conseguir recolocar tudo no mercado local, acabaram no prejuízo.Especialmente quem tinha alimentos perecíveis registrou a maior perda. A feira foi cancelada poucos dias antes da data prevista para abertura em função do avanço da pandemia.
As estrelas da festa aderem à pista on-line
Julgamento de raças deve ser feito apenas com a presença de criadores e jurados
NECO VARELLA/JC
Para os pecuaristas, que participam com seus animais em competições, concursos e remates tradicionalmente marcados para o evento anual, o modelo para suprir a falta da Expointer 2020 já está bem encaminhado. Entre os dias 26 de setembro e 4 de outubro será feito uma Exposição de Animais, no próprio parque Assis Brasil, mas sem a presença de público. Competições de cavalos, campeonatos de raça e leilões serão realizadas em Esteio com transmissão pelas redes sociais.
"Para as provas de equinos, por exemplo, ingressam no parque e têm acesso às pistas apenas aqueles diretamente envolvidos, como jurados, tratadores, proprietários e ginetes, e geraremos imagens transmitidas em uma série de canais das associações e no site da Secretaria da Agricultura", explica o presidente da Febrac, Leonardo Lamachia.
Esteio também deve abrigar uma sequência de remates e competições de grandes raças, antecipa Lamachia. Os leilões de animais à distância são uma ferramenta cada vez mais usual no setor, os ganhos para a pecuária já foram comprovados em uma série de remates de primavera realizados ao longo da pandemia.
"Os pecuárias estão bem habituados com este modelo de remates virtuais, o que inclusive facilita a venda para criadores de todo o Brasil. O que era comum, e será feito agora, são as competições dos grandes campeões", detalha o presidente da Febrac.
Máquinas terão plataforma de vendas
Setor representa mais de 90% do faturamento total da feira
MARCELO G. RIBEIRO/JC
As propostas da Febrac convergem com a ideia do setor de máquinas e implementos agrícolas, que teria na Expointer o principal momento de vendas neste semestre. De acordo com o Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Estado (Simers), as montadoras e fabricantes, do Rio Grande do Sul e de outros Estados, farão uma ação conjunta. O formato também seria inspirado em um passeio virtual que permita ao produtor rapidamente fazer sua pesquisa de preços e modelos de diferentes fabricantes, com melhores ofertas e atendimento on line.
O setor de máquinas e implementos, vale lembrar, é o motor dos negócios da feira. A comercialização chegou a R$ 2,546 bilhões em Esteio no passado - ou seja, mais de 90% do total registrado em 2019. De acordo com presidente do Simers, Claudio Bier, as vendas na Expointer representariam o equivalente a um mês inteiro dos negócios normais do setor.
"Estamos em tratativas com o setor financeiro para que os bancos também tenham nessa mesma ferramenta digital suas linhas de financiamento especialmente planejadas para o evento, assim como é no parque. Logo teremos uma grande campanha para divulgar com será feita essa feira virtual", antecipa Bier.
Competição artística
Na próxima quarta-feira (29) termina o prazo de inscrições para o concurso em homenagem aos 50 anos do Parque Estadual de Exposições Assis Brasil, que convida artistas nas categorias Pintura e Escultura-Símbolo a criarem uma obra em homenagem o local.
Os vencedores receberão premiação financeira de R$ 15 mil; a pintura vencedora será exibida permanentemente na sede da Seapdr, em Porto Alegre. Já a escultura-símbolo será instituída como honraria da secretaria, cuja reprodução poderá ser concedida a pessoas ou instituições que tenham prestado relevantes serviços às atividades da Agricultura, Pecuária ou Desenvolvimento Rural.