Entre os diversos reflexos que o coronavírus tem causado na economia, um deles será a pressão nos reajustes das distribuidoras de energia do País, fazendo com que os valores efetivados sejam maiores do que os previstos inicialmente para manter o equilíbrio financeiro das empresas, o que deverá ser sentido já nesta segunda metade do ano. No caso das duas grandes concessionárias do Rio Grande do Sul, a RGE já teve seu reajuste validado a partir de 1º de julho (aumento médio de 6,09%), porém a CEEE-D ainda terá suas tarifas modificadas, o que está previsto para ocorrer no dia 22 de novembro.
A Thymos Energia, que atua com consultoria e gestão dentro do setor, calcula um incremento médio de 6% a 7% nas contas de luz das distribuidoras que têm reajustes neste segundo semestre, o que inclui a gaúcha CEEE-D. A estimava também é de elevações quase similares em 2021 e reajustes mais brandos de 2022 em diante. A consultora da Thymos Energia, Ana Carolina Silva, destaca que esses cálculos levam em conta o cenário atual, mas poderão sofrer alterações.
A especialista frisa que, além do coronavírus, que alterou o cenário econômico do País, as distribuidoras sofrerão o reflexo do câmbio nos seus reajustes. O dólar alto, por exemplo, eleva o custo da energia proveniente da usina de Itaipu. Uma ação que atenuará o impacto nos reajustes das distribuidoras, aponta Ana Carolina, é a Conta-covid, que foi regulamentada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A medida prevê que, por meio de empréstimo de um conjunto de bancos, os aumentos nas tarifas de energia serão diluídos ao longo de cinco anos e a situação financeira das empresas do setor será preservada.
A CEEE-D já comunicou ao mercado que pretende aderir à Conta-covid e solicitou um montante de aproximadamente R$ 228 milhões. Ana Carolina diz que o pedido da estatal está em linha com a média do que o restante das concessionárias requisitou. O diretor da Siclo Consultoria em Energia Plinio Milano considera fundamental a adesão à Conta-covid para as distribuidoras manterem o equilíbrio econômico-financeiro. Ele ressalta que não há como as concessionárias fugirem dos impactos do coronavírus e isso inclui a CEEE-D. A maioria dos custos fixos da companhia ficaram inalterados e outros até aumentaram, enquanto o faturamento caiu devido à queda do consumo.
Sobre o processo de privatização do Grupo CEEE, Milano considera que o coronavírus não demoverá o plano do governo do Estado de alienar a empresa, contudo poderá ocorrer algum atraso dependendo das condições de mercado. O Executivo gaúcho trabalha com a perspectiva de iniciar a privatização da estatal, pela sua área de distribuição, em dezembro.