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- Publicada em 28 de Maio de 2020 às 09:34

Desemprego sobe a 12,6% em abril com efeitos do coronavírus, diz IBGE

No trimestre anterior, terminado em janeiro, o desemprego no Brasil havia fechado em 11,2%

No trimestre anterior, terminado em janeiro, o desemprego no Brasil havia fechado em 11,2%


LUIZA PRADO/JC
A pandemia do novo coronavírus intensificou o aumento do desemprego no Brasil, que chegou a 12,6% no trimestre encerrado em abril, primeiro mês completo com medidas de isolamento social impostas em todo o país como forma de conter o avanço do Covid-19.
A pandemia do novo coronavírus intensificou o aumento do desemprego no Brasil, que chegou a 12,6% no trimestre encerrado em abril, primeiro mês completo com medidas de isolamento social impostas em todo o país como forma de conter o avanço do Covid-19.
Isso representam 898 mil pessoas a mais em busca de trabalho, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgados nesta quinta-feira (28). No trimestre anterior, terminado em janeiro, o desemprego no Brasil havia fechado em 11,2%.
O primeiro óbito conhecido de Covid-19 no país ocorreu no dia 17 de março. A partir daí, com o avanço da doença, o país promoveu o fechamento de bares, restaurantes e comércio como forma de combater a pandemia. Em abril, os efeitos econômicos começaram a ser sentidos com mais intensidade, já que as medidas restritivas duraram do começo ao fim do mês.
Diante desse cenário, economistas ouvidos pela agência de notícias Bloomberg esperavam desemprego de 13,4% no trimestre encerrado em abril. A projeção era parecida com a de especialistas ouvidos pela Folha. A LCA Consultores projetava taxa de 13%, enquanto a Tendências Consultoria esperava uma taxa de desocupação de 12,7%.
Com a pandemia em curso, o país viveu apagão estatístico de emprego. Os dados do Caged (sobre pessoas com carteira assinada), divulgados mensalmente, ainda não haviam sido publicados neste ano até esta quarta (27), quando houve anúncio de que o mercado de trabalho perdeu 1,1 milhão de empregados com carteira assinada entre março e abril.
Em paralelo aos impactos econômicos sentidos diretamente no aumento do desemprego, o Brasil vem acompanhando a Covid-19 se alastrar. Nesta quarta-feira (27), o país registrou 1.039 novas mortes por coronavírus e 16.324 novos casos nas últimas 24 horas. Com isso, o total de óbitos é de 24.512, e de casos confirmados, 391.222.

Taxas de ocupação registram quedas históricas

Como consequência do aumento do desemprego, a população ocupada (89,2 milhões) caiu 5,2% em relação ao trimestre anterior (4,9 milhões de pessoas a menos) e de 3,4% (3,1 milhões de pessoas a menos) em relação ao mesmo trimestre de 2019. Ambas as quedas foram recordes da série histórica iniciada pela PNAD Contínua do IBGE em 2012.
O nível da ocupação (percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar) também foi o menor da série histórica iniciada em 2012. O índice caiu para 51,6%, com redução de 3,2 pontos percentuais (p.p.) frente ao trimestre anterior (54,8%) e de 2,6 p.p. frente a igual trimestre de 2019 (54,2%).
A população subutilizada (28,7 milhões de pessoas) foi a maior da história da série, crescendo 8,7% (2,3 milhões pessoas a mais) frente ao trimestre anterior (26,4 milhões de pessoas) e ficando estatisticamente estável frente a igual trimestre de 2019 (28,4 milhões de pessoas).
As pessoas fora da força de trabalho (70,9 milhões) apresentou novo recorde na série iniciada em 2012, com altas de 7,9% (mais 5,2 milhões) em relação ao trimestre anterior e de 9,2% (mais 6,0 milhões) quanto a igual período de 2019.
Já os desalentados foram 5 milhões, novo recorde da série, crescendo 7,0% em relação ao trimestre anterior, e apresentando estabilidade em relação ao mesmo período de 2019. O percentual de desalentados em relação à população na força de trabalho (4,7%) também foi o maior da série histórica, subindo 0,5 p.p. em relação ao trimestre anterior (4,2%) e 0,3 p.p. comparado a igual trimestre do ano anterior (4,4%).
A população desalentada é definida como aquela que estava fora da força de trabalho por uma das seguintes razões: não conseguia trabalho, ou não tinha experiência, ou era muito jovem ou idosa, ou não encontrou trabalho na localidade - e que, se tivesse conseguido trabalho, estaria disponível para assumir a vaga. Os desalentados fazem parte da força de trabalho potencial.
O número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado (excluindo trabalhadores domésticos) caiu para 32,2 milhões de pessoas, menor nível da série histórica, caindo 4,5% frente ao trimestre anterior e 2,8% frente ao mesmo trimestre de 2019. Já os empregados sem carteira assinada no setor privado (10,1 milhões de pessoas) caíram 13,2% em relação ao trimestre anterior e 9,7% contra o mesmo trimestre de 2019.
O número de trabalhadores por conta própria caiu para 23,4 milhões de pessoas, uma redução de 4,9% em relação ao trimestre anterior e de 2,1% frente igual período de 2019.
A taxa de informalidade foi de 38,8% da população ocupada, representando um contingente de 34,6 milhões de trabalhadores informais, o menor da série, iniciada em 2016. No trimestre anterior, a taxa havia sido 40,7% e no mesmo trimestre de 2019, 40,9%.