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Expodireto: Estiagem aqueceu demanda por irrigação e seguro
Para melhorar a disponibilidade hídrica das lavouras produtores esbarram na falta de recursos do Moderinfra; já a subvenção para o seguro aumentou
Uma das marcas da 21ª edição da Expodireto, encerrada nesta sexta-feira (6), certamente foi a procura intensa por sistemas de irrigação. Demanda que só não se converteu em mais negócios fechados, avaliam bancos e indústria, pela falta de recursos disponíveis no mercado via Plano Safra. O Moderinfra, principal fonte de financiamento subsidiado para estes projetos, se esgotou muito antes do início do evento.
Ou seja, a escassez não foi apenas de chuva, mas também de recursos oficiais para o segmento, o que contrasta com grande necessidade do Estado para prevenir futuros problemas semelhantes ao registrado neste ano com a estiagem. Isso porque um sistema bem estruturado de irrigação para ser desenvolvido e implantado exige ao menos dois anos, incluindo obras, projeto adaptado individualmente a cada propriedade, solo e cultura.
“Há muita procura, mas, ao mesmo tempo, essa demanda contrasta com a escassez de recursos. Não tem dinheiro em linha oficial nenhuma”, critica André Santin, gerente de vendas da Fockink, fabricante com sede em Panambi.
Após o fim dos recursos do Moderinfra, diz Santin, o governo federal lançou outro programa, via BNDES, mas com juro de 10% ao ano, o que seria, segundo o executivo, inviável fazer esse tipo de investimentos, que são altos.
“Quem efetivamente está conseguindo fazer a aquisição é quem já tinha pivô, porque conseguiu reduzir ou eliminar perdas. Esse é o produtor que está investindo e reativando projetos que estavam parados”, diz o representante da Fockink.
A opinião de que o perfil de que quem fechou contratos para irrigação na lavoura é principalmente aquele agricultor que já tinha o sistema em parte da propriedade é compartilhada pela engenheira agrônoma do Badesul Joana Bock. Ela avalia que a procura por informações, pelo menos, mais do dobrou nesta Expodireto.
“A aquisição quem está conseguindo fazer são os clientes que já têm irrigação e agora querem colocar mais um pivô. Ele viu que deu resultado e aos poucos vai ampliando a área de cobertura. É um investimento que se paga, mas é alto e exige um projeto bem feito”, explica Joana.
No Badesul, o número de produtores que oficializaram esse interesse passou de 30 em 2019 para 53, alta de 76%, que foi ainda superior no valor somado dos projetos. Os recursos solicitados mais do que dobraram: foram mais de R$ 70 milhões, ante R$ 28,9 milhões. As propostas em geral foram consideradas excelentes, apesar da crise com a estiagem no Estado, assegura a instituição. Com a contribuição da irrigação e as propostas de investimentos de armazenagem, duas das principais demandas, diz Joana, os negócios na feira somaram R$ 430 milhões em 191 projetos. Em 2019, foram 140 projetos, somando R$ quase 163 milhões.
Movimento que também foi comemorado pelo Banrisul, que divulgou ter absorvido R$ 259,7 milhões em propostas de negócios na 21ª Expodireto, crescimento de 101,7% em relação a 2019. O desempenho, de acordo com o banco, reflete as ações de reposicionamento no agronegócio, com uma diretoria específica para priorizar o setor.
O banco foi uma das instituições que, como citado pelo presidente da Cotrijal no encerramento da feira, ampliou a liberação de linha de crédito pré-aprovados, de 16 mil em 2019 para 35 mil neste ano, conta Robson Santos, superintendente da unidade de crédito de agronegócios do Banrisul. Na área de irrigação, o que mais chamou a atenção foi a busca mais intensa do produtor pela irrigação, já indo para a feira direcionado a saber mais sobre o tema, pesquisar e se informar.
“Antes ele nem perguntava. Hoje, ele está buscando informações e esperando os novos recursos do Moderinfra, no novo Plano Safra”, avalia Santos.
Mais irrigação demanda recursos e energia extra
Alexander Leitzke, gerente de planejamento do BRDE, destaca que projetos de irrigação, que demandam licenças ambientais tanto para instalação de pivôs como para construção de barragens, por exemplo, exigem investimentos elevados e visão de longo prazo.
“O produtor havia descuidado dessa ferramenta e agora começa a voltar o interesse e se atualizar sobre como estão os financiamentos. Ele pesquisou e espera o novo Plano Safra, quando haverá novamente recursos disponíveis”, pondera Leitzke.
Com quase metade de seus negócios vinculados ao agronegócio, acrescenta o executivo, o banco também tem priorizado liberar recursos para projetos de geração e distribuição de energia. E para reforçar o próprio caixa para este fim a instituição foi buscar novas fontes de recursos internacionais para ampliar a capacidade de investimentos em geração de energia e distribuição, um dos limitadores para irrigação.
“No início da feira, assinamos contrato de R$ 6 milhões com a Cooprel para reforçar a rede e fazer chegar a energia trifásica lá na ponta para o produtor. O que é um reforço indireto injetado no agronegócio. Sem a energia chegar a pontos remotos, não adianta ele ter o pivô.
O banco reforçou a captação de recursos internacionais, com a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), de 100 milhões de euros, e com a Agência Andina de Fomento (CAF), até abril, de US$ 80 milhões de dólares. Além de negociações com BIRD e BID.
Segunda captação com AFD, em 2018, sendo a primeira de 50 milhões de euros, para projetos de sustentabilidade, como energia renovável e integração lavoura-pecuária e reflorestamento.
“São projeto com selo verde que estão diretamente ligados ao agronegócio”, diz Leitzke.
“O produtor havia descuidado dessa ferramenta e agora começa a voltar o interesse e se atualizar sobre como estão os financiamentos. Ele pesquisou e espera o novo Plano Safra, quando haverá novamente recursos disponíveis”, pondera Leitzke.
Com quase metade de seus negócios vinculados ao agronegócio, acrescenta o executivo, o banco também tem priorizado liberar recursos para projetos de geração e distribuição de energia. E para reforçar o próprio caixa para este fim a instituição foi buscar novas fontes de recursos internacionais para ampliar a capacidade de investimentos em geração de energia e distribuição, um dos limitadores para irrigação.
“No início da feira, assinamos contrato de R$ 6 milhões com a Cooprel para reforçar a rede e fazer chegar a energia trifásica lá na ponta para o produtor. O que é um reforço indireto injetado no agronegócio. Sem a energia chegar a pontos remotos, não adianta ele ter o pivô.
O banco reforçou a captação de recursos internacionais, com a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), de 100 milhões de euros, e com a Agência Andina de Fomento (CAF), até abril, de US$ 80 milhões de dólares. Além de negociações com BIRD e BID.
Segunda captação com AFD, em 2018, sendo a primeira de 50 milhões de euros, para projetos de sustentabilidade, como energia renovável e integração lavoura-pecuária e reflorestamento.
“São projeto com selo verde que estão diretamente ligados ao agronegócio”, diz Leitzke.
Seguro agrícola também registrou alta
A estiagem, aliada à oferta de mais recursos públicos para subsidiar a adoção de seguro agrícola, também impulsionou a procura por esse serviço ao longo dos cinco dias da feira.
Com a ampliação de R$ 440 milhões no Plano Safra 2018/2019 para R$ 1 bilhão neste ciclo, a oferta maior de subsídio foi providencial, já que produtores que adotavam essa ferramenta de proteção terão seus prejuízos reduzidos significativamente.
Além de ter visto de perto, neste ano, a importância do seguro, com mais verbas para subvenção, será possível apoiar mais produtores na adoção do serviço, explica Luiz Gustavo Pacheco, executivo da Sancor Seguros. A companhia espera alta entre 30% e 40% na demanda pelos recursos ao longo do ano. Em 2019, a Sancor trabalhou com uma área coberta de 260 mil hectares no Estado.
“Entre 60% e 70% dos segurados no Estado acionaram o seguro por perdas na soja e no milho”, estima Pacheco.
A subvenção nunca é uma garantia, explica Pacheco, porque o produtor adquire o serviço, solicita a subvenção, mas nunca tem a certeza de que irá receber o benefício. O que é uma antiga crítica tanto das empresas do setor quanto do produtor rural.
“Agora, pelo menos, com esse R$ 1 bilhão, que poderá avançar para R$ 1,5 bilhão no próximo Plano Safra, as chances do produtor aumentam”, resume Pacheco.
Com a ampliação de R$ 440 milhões no Plano Safra 2018/2019 para R$ 1 bilhão neste ciclo, a oferta maior de subsídio foi providencial, já que produtores que adotavam essa ferramenta de proteção terão seus prejuízos reduzidos significativamente.
Além de ter visto de perto, neste ano, a importância do seguro, com mais verbas para subvenção, será possível apoiar mais produtores na adoção do serviço, explica Luiz Gustavo Pacheco, executivo da Sancor Seguros. A companhia espera alta entre 30% e 40% na demanda pelos recursos ao longo do ano. Em 2019, a Sancor trabalhou com uma área coberta de 260 mil hectares no Estado.
“Entre 60% e 70% dos segurados no Estado acionaram o seguro por perdas na soja e no milho”, estima Pacheco.
A subvenção nunca é uma garantia, explica Pacheco, porque o produtor adquire o serviço, solicita a subvenção, mas nunca tem a certeza de que irá receber o benefício. O que é uma antiga crítica tanto das empresas do setor quanto do produtor rural.
“Agora, pelo menos, com esse R$ 1 bilhão, que poderá avançar para R$ 1,5 bilhão no próximo Plano Safra, as chances do produtor aumentam”, resume Pacheco.