Atualmente, a termelétrica a carvão Candiota 3 possui contratos de venda de energia para 35 distribuidoras que se encerram em 31 de dezembro de 2024. Já pensando em como continuar a comercialização da produção da usina, a Companhia de Geração e Transmissão de Energia Elétrica do Sul do Brasil (empresa resultante da união da CGTEE e da Eletrosul, a CGT Eletrosul) estuda a possibilidade de participar, ainda neste ano, de um leilão A-5 (cinco anos para a entrega da eletricidade) para empreendimentos existentes.
Caso não consiga garantir a venda da geração da térmica gaúcha a partir de 2025 em um certame que destina a energia para distribuidoras, o chamado ambiente cativo, a assessoria de imprensa da CGT Eletrosul informa que a companhia "desenvolve, no seu planejamento estratégico, cenários alternativos não somente para Candiota 3, dentro de uma visão de médio e longo prazos, os quais, à medida de sua viabilidade, serão colocados em prática". Apesar de não detalhar que possibilidades seriam essas, a empresa não descarta a eventual comercialização no ambiente de contratação livre (formado por grandes consumidores que podem escolher de quem vão adquirir a eletricidade).
Para atender ao atual contrato vigente, Candiota 3 possui o subsídio da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), um fundo setorial. Esse incentivo para empreendimentos que usam combustíveis fósseis está previsto para acabar em 2027. Caso firme um novo contrato de fornecimento de energia, a usina gaúcha já não poderá contar com esse auxílio. O presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Extração de Carvão (Sniec), Cesar Faria, sustenta que a térmica tem condições de ser competitiva, vencer um leilão e, futuramente, operar sem o subsídio.
"Ela é tão competitiva como a Pampa Sul (complexo do grupo Engie que também está situada no município de Candiota e foi a última unidade a carvão a vencer um leilão no País, no ano de 2014), mas vai depender dos adversários do certame", argumenta o dirigente. Enquanto a Pampa Sul entrou em operação comercial no ano passado, Candiota 3 iniciou as atividades em 2011. Apesar de mais antiga, Faria recorda que Candiota 3 passou, recentemente, por um processo de melhoria operacional. Esse procedimento, chamado de overhaul, absorveu um investimento na ordem de R$ 392 milhões. A capacidade instalada da usina é de 350 MW, o que representa, aproximadamente, 9% da demanda média de energia do Rio Grande do Sul.
Ainda dentro do setor carbonífero, Faria, que também é presidente da Copelmi Mineração, considera correta a decisão do governo estadual de não impor uma previsão de prazo para a privatização da Companhia Riograndense de Mineração (CRM), diferentemente da CEEE e da Sulgás, que têm a expectativa de serem vendidas antes do final do primeiro semestre do próximo ano. O dirigente frisa que, no momento, não há uma definição sobre o futuro do mercado termelétrico a carvão no Brasil (o que reflete diretamente nas perspectivas da estatal que detém reservas do mineral no Rio Grande do Sul).
"O que adianta comprar mais minas de carvão se não tiver um mercado definido?", questiona Faria. Para ele, é preciso aguardar para observar qual será a política do governo federal quanto à geração termelétrica. A Copelmi é um grupo interessado na compra da CRM, entretanto, além do cenário global, Faria enfatiza que uma investida dependeria de questões como o preço e o tamanho do passivo trabalhista da estatal.