A possibilidade de usar resíduos descartáveis como garrafas de vidro para erguer residências é a proposta da startup AVM Engenharia. Por essa ideia, a empresa de Rio Grande foi uma das 18 selecionadas, de 587 inscritas no Brasil, pelo Aceleradora 100 , programa da cervejaria Ambev que busca iniciativas com soluções para os principais problemas socioambientais da atualidade.
Todas as escolhidas receberão treinamentos e mentorias dos especialistas da Ambev e consultores externos, além de apresentarem seus projetos no final do programa de aceleração, previsto para julho, quando será anunciada a vencedora. As companhias concorrem a um prêmio de R$ 100 mil da cervejaria, têm oportunidade de apresentar seu projeto para investidores na sede da ONU, em Nova York, e de fecharem contratos com a Ambev.
O idealizador do projeto do uso de garrafas na construção de casas e gerente-geral da AVM Engenharia de Rio Grande, Carlos Leonardo Miranda, enfatiza que o programa se trata de uma ótima chance para apresentar o trabalho da empresa. O empreendedor detalha que a proposta é fazer casas pré-moldadas com garrafas de vidro, que ficam no interior das placas de concreto, não estando aparentes. Os materiais substituem os tradicionais tijolos. Miranda comenta que uma residência com 50 metros quadrados consome em torno de 5 mil garrafas. A mesma casa, segundo ele, utilizaria em torno de 4 mil tijolos.
O gerente da AVM Engenharia explica que as paredes internas são feitas por garrafas menores, como long necks, e as externas, com itens maiores, como as de vinho. Miranda argumenta que há algumas particularidades da solução que são mais vantajosas do que o tijolo. Por manterem o ar em repouso, as garrafas, segundo Miranda, têm excelente capacidade de isolamentos térmico e acústico, e também não transmitem umidade. O custo de uma construção com garrafas é semelhante ao de uma casa de madeira, sendo em torno de 50% mais barata do que uma feita em alvenaria tradicional.
Miranda adianta que a AVM Engenharia está buscando a certificação da resistência das casas feitas dessa maneira e introduzi-las nos financiamentos de programas habitacionais como o Minha Casa Minha Vida. A intenção é colocar à venda as casas a partir de abril e comercializar aproximadamente 20 unidades neste ano. No entanto, Miranda ressalta que já existem sete residências montadas que serviram como protótipos.
Assim como a AVM Engenharia de Rio Grande, outra empresa gaúcha está entre as 18 selecionadas do programa da Ambev. A Cooperativa de Trabalho BIO8, de São Leopoldo, oferece estratégias de economia circular, usando o processo de upcycling (reutilização criativa) para a valorização de resíduos de difícil reciclabilidade.