A antecipação de recebíveis tem ganhado espaço entre as modalidades de crédito no Brasil. De acordo com os últimos dados do Banco Central (BC), em novembro, esta foi a linha de crédito empresarial que mais cresceu no País, totalizando um volume de R$ 95,72 bilhões em recursos, o que representa alta de 31,6% em relação ao mesmo período de 2018.
Os recebíveis são títulos de crédito estabelecidos por uma negociação entre compradores e fornecedores com um valor negociado a ser pago em um prazo determinado. Muitas vezes, no entanto, o fornecedor sente a necessidade de antecipar o recebimento, em função de alguma necessidade de fluxo de caixa, seja para sustentar suas atividades ou realizar investimentos. Como na antecipação o empresário não está emprestando, e sim utilizando um valor que já é da empresa, as taxas acabam sendo menores que os empréstimos disponíveis no mercado e a burocracia bem menor que a encontrada convencionalmente em outras categorias.
De acordo com Luis Eduardo da Costa Carvalho, presidente da Associação Nacional dos Participantes em Fundos de Investimento em Direitos Creditórios Multicedentes e Multissacados (ANFIDC), o volume do mercado de antecipação de recebíveis está diretamente ligado à atividade econômica. "Quando você tem o país mergulhado numa recessão, esse mercado cai. As empresas vendendo menos têm menos recebíveis para antecipar. Já quanto maior a atividade econômica, mais necessidade de capital de giro as empresas vão ter e maior o volume de operações de antecipação de recebíveis", destaca Carvalho.
Outro fator que está influenciando o mercado de recebíveis, segundo Carvalho, é a queda da taxa de juros no Brasil. "Os juros baixos influenciam o nível de atividade econômica, afetando o mercado. Por outro lado, quanto menor a taxa de juros, menor é o custo financeiro que a indústria ou o comércio tem para antecipar seus recebíveis. Além disso, a empresa vai usar recursos que antes usava para pagar juros no mercado para compras e investimentos, gerando recebíveis. É um círculo virtuoso", explica o presidente da ANFIDC.
Um avanço que também tem incentivado essa prática é a automação. Por meio de fintechs é possível realizar todo o processo de antecipação de recebíveis em poucos minutos, de modo digital e a juros extremamente atraentes. "Com as fintechs, é possível ter a garantia de pagamento pelo comprador (risco controlado), e assim ter acesso a juros baixos e sem aquela burocracia que geralmente existe em empréstimos com grandes instituições financeiras", conta Ronaldo de Oliveira, sócio-diretor da Giro.Tech, fintech especializada em antecipação de recebíveis.
Outra fintech que investe neste mercado é a Adiante S/A, que pertence ao grupo GCB, holding especializada no mercado financeiro e de capitais. Para Gustavo Blasco, fundador e CEO do Grupo GCB, essa opção de crédito também está chamando cada vez mais a opção de investidores, visto a publicação da Lei nº 13.775, que autoriza a criação de duplicatas eletrônicas, garantindo maior transparência e segurança nessas transações e inibindo a antecipação do mesmo recebível em mais de uma instituição financeira - uma prática comum no mercado, quando o empresário está de má-fé.
"O risco de crédito em si não é alto na operação. O risco desse mercado está na fraude, seja por emissão de nota fria, seja por desconto do mesmo recebível com mais de uma instituição. Com o registro eletrônico, o desconto em duplicidade deve ser mitigado, já para diminuir o desconto da nota fria emitida por estelionatários, contamos com nosso novo modelo de crédito e Inteligência Artificial", reforça o CEO da Adiante.