A Feira dos Agricultores Ecologistas e a Feira Ecológica do Bom Fim, na avenida José Bonifácio, em Porto Alegre, deixaram em definitivo de utilizar as sacolas plásticas a partir deste sábado (4). As duas feiras utilizavam em cada edição o equivalente a 36.500 sacolas plásticas. De acordo com os cálculos das assessorias das feiras, a ação deverá eliminar em um ano ao redor de dois milhões de sacolas plásticas.
O processo de conscientização começou de modo gradativo em fevereiro do ano passado, quando o produto deixou de ser fornecido nas feiras nos últimos sábados de cada mês. A iniciativa não surpreendeu as cerca de 15 mil pessoas que visitaram o local neste sábado, uma vez que grande parte dos frequentadores já adota práticas ecológicas.
As 138 bancas das feiras ecológicas assumiram um compromisso de adotar medidas para redução de lixo e uma delas é a retirada gradativa do plástico, que começou pelas sacolas e deverá se ampliar para as embalagens e os copos. Outra ação é dar uma destinação correta para o lixo não orgânico. Os produtores argumentam que as mercadorias vendidas ao consumidor final apresentam um respeito ecológico e faltava dar a devida atenção ao processo de descarte dos resíduos gerados na comercialização.
A Feira dos Agricultores Ecologistas, em outubro de 2018, iniciou uma ação que incentivava o consumidor a levar sua sacola retornável para a feira. Depois, em fevereiro de 2019, em parceria com a Feira Ecológica do Bom Fim, foi instituído o "Sábado Sem Sacolas Plásticas", quando não se distribuía sacolinhas no último fim de semana de cada mês.
De acordo com as assessorias das feiras, as ações estão se ampliando e alguns contatos já foram realizados com voluntários do Movimento Lixo Zero Brasil para analisar e criar novas soluções para reciclagem, inclusive em parceria com projetos sociais e instituições de Ensino Superior. Uma parceria também já foi feita com um grupo de alunos da Unisinos, que agora irão analisar e pesquisar novas embalagens para substituir o plástico.
Na banca de Vilson Stefanoski, de Cerro Grande do Sul, havia um cartaz oferecendo sacolas retornáveis, porém, logo no início da feira, já não havia mais nenhuma para repor. Stefanoski disse que as pessoas gostaram da iniciativa como meio para eliminar o plástico e salientou que leva tempo para conscientizar a população sobre a mudança de suas atitudes em relação ao meio ambiente. “A sacola plástica é um problema para reciclagem e vai direto para o aterro sanitário”, destacou.
Lenon Veronese, da banca 182, lembrou que os frequentadores das feiras normalmente têm bolsas retornáveis, o que, segundo ele, demonstra um comportamento em particular do público. Segundo o comerciante, no caso de produtos que necessitam da utilização de embalagens plásticas, os consumidores retornem com elas até a banca para o devido descarte. Veronese explica que no caso das suas embalagens, ele as recicla.
Ana Carolina, da banca 179, da Associação de Farroupilha de Agroecologia, disse que a ação adotada na feira é fundamental. A sua banca eliminou também as bandejas plásticas, vendendo morango a granel, e segundo ela a repercussão está sendo boa entre o público. “Trata-se de um grande avanço em termos ecológicos”, destaca.
Joice Trindade, que estava cheia de sacolas recicláveis na feira, não sabia sobre a nova medida. Joice, que estava retornando de suas férias e na praia viu muito plástico descartado de modo inadequado, comemorou a iniciativa da não utilização do material na feira. “A feira também apresenta um papel educativo de ajudar o cidadão a se conscientizar”, comentou. Joice também disse que está em um processo de conscientização e que por meio de pequenas atitudes vem tentando mudar alguns de seus hábitos.
A eliminação das sacolas plásticas ganhou o apoio também da frequentadora Solange Chaves, que gostou da medida adota e contou que todo sábado leva a sua sacola e um carrinho de feira.
“Eu acho correto. É uma feira que têm orgânicos, é justamente um cuidado com a natureza, não tem pesticida, não tem um monte de veneno e não fazia muito sentido ter algo que polui dentro de uma feira com um conceito diferenciado. Eu já não utilizava sacola plástica e não fez nenhuma diferença para mim. Eu sei que algumas pessoas tiveram dificuldades para se adaptar, mas aos poucos vai indo”, comentou Marjana Quadros.