Os juros futuros persistiram em queda durante à tarde de quarta-feira (18), mesmo com o dólar ganhando força e zerando as perdas ante o real na segunda etapa dos negócios. Como a leitura da ata do Copom ontem adicionou prêmios à curva, o mercado aproveitou hoje o alívio no câmbio para recompor algumas posições vendidas, animado ainda pela expectativa com o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) nesta quinta-feira, após o Banco Central ter apresentado projeções benignas para os preços na ata. O mercado tampouco se abalou com os números de inflação desfavoráveis divulgados no começo do dia, principalmente a guinada do IGP-M na segunda prévia de dezembro.
Na expectativa pela agenda dos próximos dias, além do RTI amanhã, na sexta-feira será conhecido o IPCA-15 de dezembro. O volume de contratos hoje foi menor do que tem sido a média padrão. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou a regular em 4,600% e a estendida, em 4,635%, ante 4,651% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 caiu de 5,992% para 5,92% (regular) e 5,95% (estendida). A taxa do DI para janeiro de 2025 terminou em 6,56% (regular) e 6,59% (estendida), de 6,602%, e a do DI para janeiro de 2027 recuou de 6,931% para 6,90% (regular) e 6,92% (estendida).
Após rondarem os ajustes no pós-abertura, os juros se firmaram em baixa ainda pela manhã, acompanhando a virada do dólar para baixo - hoje a moeda chegou a testar a casa dos R$ 4,04 nas mínimas. Mantiveram o sinal de queda durante a sessão, mesmo na ausência de novidades no noticiário e com o enfraquecimento do real.
Segundo profissionais da área de renda fixa, o retrocesso do dólar para mais perto dos R$ 4 nos últimos dias traz alívio para preocupações em relação aos preços administrados, que têm sido o canal mais sensível de repasse da pressão do câmbio, sobretudo nos combustíveis, num momento em que a perspectiva para a Selic já é mais conservadora. Desse modo, é grande a expectativa por mais detalhes deste tema amanhã no RTI, depois do BC informar que sua estimativa para 2020 caiu de 4,0% para 3,6% entre a ata do Copom de outubro e a de dezembro. A previsão para 2021 também caiu, de 3,8% para 3,5%.
Na agenda do dia, o IGP-M de 2,06% na segunda prévia de dezembro, ante -0,01% na mesma leitura em novembro, chamou a atenção, porque a expectativa era de um número na casa de 1,8%. Apesar do salto, o mercado absorveu o índice sem sustos, diante da leitura de que é reflexo do choque das proteínas sobre em Alimentação. A boa notícia é que, segundo os especialistas, os efeitos devem ser restritos a 2019. "Isso ainda não causa desconforto porque tem o calendário. O efeito foi todo antecipado para 2019 quando esperávamos que fosse em 2020", disse o economista Breno Martins, da Mongeral Aegon Investimentos.