O crescimento das cooperativas agrícolas em 2019 foi estável, de acordo com a Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (Fecoagro-RS). O faturamento deste ano deve fechar próximo de R$ 25 bilhões, o mesmo registrado no final de 2018.
Entretanto, de acordo com o presidente da Fecoagro, Paulo Pires, o resultado ainda deve ser considerado como excepcional, pois o crescimento em 2018, de 25,25%, foi fora da curva e bem acima da média. "Como ano passado foi muito alto, é normal que dê uma estabilizada", disse.
Um dos fatores que Pires atribui ao crescimento das cooperativas no período de crise foi a manutenção dos investimentos, e, segundo ele, isso ocorre "até pela essência das cooperativas de que o dinheiro é da comunidade". Pires completa: "A cooperativa não tem como pegar um dinheiro e levar para uma matriz na Alemanha, por exemplo. O dinheiro é daqui".
A soja foi o grão mais rentável no decorrer do ano, com o custo total de R$ 3.428,23 por hectare e rentabilidade (por hectare) de R$ 1.191,77, proporcionando um lucro 34,76%. O milho, que teve um custo total relativamente alto se comparado à soja e ao trigo, de R$ 4.619,52, rendeu R$ 1.025,28 por hectare ao produtor, gerando 22,19% de lucro. A rentabilidade do trigo, entretanto, foi negativa. A receita total por hectare ficou em torno de R$ 2,4 mil para um custo total de R$ 3.167,75, fazendo com que a rentabilidade por hectare tenha ficado em R$ 767,75 negativos. Em 2019, segundo a Fecoagro, o preço médio da soja subiu 8,89%; o do milho, 12,39%; e o do trigo, 8%. De acordo com Pires, o milho e o trigo estão em uma curva ascendente, mas a cotação da soja se mostra mais imprevisível por conta da guerra comercial entre China e Estados Unidos.
Um fator que a entidade se mostra atenta é com o recém-anunciado aumento dos impostos de exportação agrícola pelo governo argentino, pois o país vizinho é o maior fornecedor de trigo importado do Brasil. No caso desse grão em especial, o aumento foi de 6,7% para 12%. Entretanto, acredita Pires, mesmo com o aumento, ainda será mais viável importar da Argentina do que de outros produtores, como o Canadá.
O custo de formação das lavouras subiu 5% em relação à última safra, e alguns preços menores pressionam resultados de culturas de arroz e trigo, por exemplo. Já no caso da pecuária, nota-se um crescimento grande no segmento de proteínas, por causa da alta demanda chinesa pós-peste suína nos países asiáticos, o que acarreta em uma alta nos preços que é aproveitada por cooperativas com plantas frigoríficas.
Para o próximo ano, o presidente acredita que a produção agrícola vai ser maior, caso haja condições climáticas favoráveis - o que vem ocorrendo nas últimas sete safras.