A bolsa brasileira fechou, ontem, no patamar de 110 mil pontos pela primeira vez na história. O Ibovespa subiu 1,23%, a 110.300 pontos.
A alta é fruto do viés positivo no exterior, após reportagem da Bloomberg apontar que um acordo comercial entre China e Estados Unidos está próximo, e ainda como reflexo do crescimento de 0,6% no Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, melhor que o esperado.
O recorde anterior era de 7 de novembro, quando o Ibovespa fechou acima dos 109 mil pontos pela primeira vez. Segundo a Bloomberg, chineses e americanos estariam próximo de um acordo sobre quais tarifas seriam revertidas na fase 1 do acordo comercial.
Em Nova Iorque, os principais índices acionários fecharam em alta. Dow Jones e Nasdaq subiram 0,53% e 0,54%, respectivamente, e S&P 500, 0,63%. Na Europa, Frankfurt subiu 1,16%.
No Brasil, o Ibovespa também foi impulsionado por Petrobras, cujas ações preferenciais (mais negociadas) subiram 2,3%. A valorização da empresa acompanha a alta do barril de petróleo. O Brent subiu 3,6%, a US$ 63 (R$ 264,60).
O plano de desinvestimentos da estatal também animou investidores. Ontem, aconteceu a primeira apresentação do Plano Estratégico 2020-2024 da Petrobras a analistas e investidores, em Nova Iorque.
Segundo o diretor-executivo de Exploração e Produção, Carlos Alberto Oliveira, a companhia poderá colocar à venda mais campos marítimos de petróleo, como participações nos campos de Marlim e Papa-Terra, ambos na Bacia de Campos. Os desinvestimentos totais previstos pela empresa variam de US$ 20 bilhões a US$ 30 bilhões. Também estão nos planos a criação de uma empresa, com usinas térmicas, que poderá ser listada em bolsa e venda de metade de sua capacidade de refino no Brasil, além de ativos de gás e em outros países. A Petrobras poderá se desfazer de participação na BR Distribuidora, ainda em 2020, na Braskem - que levantaria de
US$ 2 bilhões a US$ 3 bilhões - e de ativos na Bolívia. O otimismo levou o volume negociado na bolsa brasileira a superar a média diária para o ano, a R$ 18,062 bilhões.
A cotação do dólar, no entanto, fechou em leve queda de 0,07%, a R$ 4,2040. Durante o pregão, a moeda americana chegou a cair para R$ 4,1850, mas perdeu força. Segundo Stéfany Oliveira, analista de investimentos da Toro, ainda há uma barreira dos investidores no patamar de R$ 4,20. Ou seja, o mercado não vê o dólar abaixo deste valor no momento e, quando a cotação caiu, investidores foram às compras da moeda, o que elevou seu valor.
Ela aponta, ainda, que o crescimento na indústria brasileira, que teve o melhor outubro desde 2012, não pesou contra nem a favor do mercado. "A produção industrial veio ligeiramente abaixo do que o mercado esperava, mas não surpreendeu. O recorde Ibovespa é, em grande parte, fruto da aproximação de China e EUA em torno de um acordo comercial e do PIB de ontem, que mostrou um aumento saudável, impulsionado pelo consumo das famílias e por investimento, e não por gastos do governo", completou Stéfany.