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Exportação de milho já é a maior da década
De janeiro a outubro, volume do grão embarcado dobrou ante 2018
As quase 100 milhões de toneladas de milho colhidas na safra brasileira 2018/2019 não são a única marca histórica registrada pelo grão neste ano. Os embarques internacionais de milho, excluindo aquele destinado à semeadura, por exemplo, mais do que dobraram entre janeiro e outubro de 2019 no comparativo com o mesmo período de 2018.
Pelos portos brasileiros saíram 34,7 milhões de toneladas neste ano, ante 15,6 milhões no ano anterior- um crescimento de 122%, de acordo com dados do Comex Stat, sistema de estatísticas oficiais de comércio exterior do Ministério da Economia. Em valores, as exportações já somam US$ 5,92 bilhões.
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Porto do Rio Grande também registra expansão dos embarques
Mesmo com déficit histórico de 1 milhão de toneladas para alimentar aves e suínos em criatórios gaúchos, o Rio Grande do Sul também exportou quantidades expressivas de milho em 2019. Ainda que boa parte do que sai pelo Estado seja produzido na Região Centro-Oeste, os dados do porto gaúcho chamam a atenção.
De acordo com o setor de estatística do porto do Rio Grande, os embarques de milho a partir do Rio Grande do Sul somaram 487 mil de toneladas entre janeiro e outubro deste ano. É o maior volume dos últimos cinco anos, superando significativamente o último recorde, de 385,7 mil toneladas embarcadas ao longo de todo o ano de 2015.
O déficit médio de milho no Estado, que era de cerca de 1 milhão de toneladas, neste ano, pode chegar a 1,4 milhão, mesmo com o aumento da produção do grão por aqui, diz José Eduardo dos Santos, diretor-executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav). "O que estamos fazendo é comprar ainda mais de fora, e até do Paraguai, que não é um tradicional fornecedor, para suprir essa lacuna, mesmo arcando como alto custo de frete", explica Santos.
De acordo com presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, o Brasil teve, em 2019, a "grande sorte" de colher uma grande safra. Isso porque, de acordo com o executivo, nos últimos 10 anos, cinco foram de escassez do grão para abastecer o mercado interno. "Na Câmara Setorial do Milho, um dos principais debates é sobre como estimular a produção nacional. Uma das propostas é incrementar os contratos de aquisição futura. Isso ajudaria o setor a ter previsibilidade maior, e o produtor teria a certeza de que venderá e por quanto", explica Turra.
Para o economista da Farsul, Antônio da Luz, o milho no Estado está em patamar elevado, mas ainda pode ter crescimento pela necessidade de rotação de culturas. Porém, o grão tem custo de produção elevado e maior possibilidade de perdas por problemas climáticos do que a soja, por exemplo. "E a produção do milho depende do preço da soja. Quanto mais alto o preço da soja, menos disposto fica o produtor a semear milho. Com a soja nos atuais patamares, fica difícil ver uma ampliação mais robusta na área cultivada", analisa Luz.