Carnes e fumo puxaram as exportações do agronegócio gaúcho no terceiro trimestre de 2019. Os dois trades responderam por 31,7% da receita total no trimestre. Carnes tiveram alta de 61,7%, somando US$ 458 milhões, e fumo, de 45,5%, com fluxo de US$ 544,3 milhões. O economista do Departamento de Economia e Estatística (DEE) da Secretaria Estadual de Planejamento e Gestão (Seplag), Sergio Leusin, apontou a demanda chinesa e abertura de novos mercados para o complexo da carne como decisivos para o resultado dos dois segmentos.
No mesmo período de 2018, os dois produtos respondiam por 22% do fluxo, com isso aumentam em dez pontos percentuais seu peso no front externo gaúcho. Somente o fuim teve alta de 700% na receita com os embarques para o gigante asiático. O Estado teve alta de 4% no volume de produção do setor fumageiro este ano.
No trimestre, o fluxo somou US$ 3,2 bilhões, alta de 5,7% em relação ao mesmo trimestre de 2018. No ano passado, foram registrados US$ 2,9 bilhões. O complexo soja mantém a liderança na pauta de exportação, somando US$ 1,5 bilhão, queda de 16,1% frente ao terceiro trimestre de 2018, que registrou negócios de US$ 1,7 bilhão, recuo de 16,1%. Com o fluxo mais baixo, a fatia da soja reduziu de 58,8%, em 2018, para 46,7%. O preço também caiu, em 11,2%.
"O grão teve maior demanda em 2018, com o acirramento da questão comercial entre Estados Unidos e China, que buscou suprir a demanda com outros países, que favoreceu o Brasil", citou Leusin. Os produtos florestais também mostraram bom desempenho, com valor de US$ 269,9 milhões, ante US$ 159,3 milhões de 2018, alta de quase 70%.
Na pauta que vai de itens primários a industrializados, o Rio Grande do Sul teve avanço de exportação de máquinas e implementos agrícolas, que somaram US$ 75,3 milhões, ante US$ 61,9 milhões, alta de 21,6%. Neste segmento, a crise comercial entre as duas maiores economias do planeta também favoreceram a economia local. Só que neste caso foi o envio de tratores por fabricantes multinacionais com sede no Estado e que direcionaram a produção à China, com a restrição do envio de unidades por plantas dos Estados Unidos.
Já no acumulado do ano, o agronegócio apresenta queda na receita com o exterior. Foram US$ 8,4 bilhões, ante US$ 9,1 bilhões, recuo de 7,8%. A maior redução ocorre na soja, de 35,3%, somando US$ 3,1 bilhões, ante US$ 4,8 bilhões. Produtos florestais tiveram maior alta, de 58,8%, chegando a US$ 1,3 bilhão, ante US$ 1,3 bilhão de janeiro a setembro de 2018. Fumo teve alta de 33,3%, com vendas de US$ 1,3 bilhão. Carnes alcançaram embarques de US$ 1,1 bilhão, elevação de 17,4%.
Entre os destinos, a China mantém a liderança, mas com queda de 19,4% na participação, seguida por União Europeia, leve queda de 5,6%, Estados Unidos, que cresceu 41,9%, Arábia Saudita, alta de 63,3%, Coreia do Sul, avanço de 11,5%, Irã, elevação de 48%, Japão (61,7%), e Argentina teve queda de 39,7%.
Nos indicadores, também é medido o desempenho do emprego. O Rio Grande do Sul fechou o terceiro trimestre com 320,1 mil contratações, ante 329,1 mil do terceiro trimestre de 2018, com menos 9.054 trabalhadores. O Estado teve o segundo maior fechamento de postos, ficando atrás de Minas Gerais, que somava 560,8 mil de julho a setembro, quase 20 mil a menos que o terceiro trimestre de 2018. No balanço dos nove principais estados geradores de emprego no agronegócio, o saldo foi melhor este ano, com 4,4 milhões de vagas, 55,9 mil acima do mesmo período do ano passado.
Na economia gaúcha, o pico de admissões é no primeiro trimestre. As dispensas costumavam estar associadas à entressafra. No terceiro trimestre, o saldo foi de 2,3 mil demissões a mais que admissões. Nas lavouras, foram mais de 700 postos fechados. No ano, o saldo ficou em 3,5 mil postos a menos este ano. Na indústria de máquinas agrícolas, que registra no segundo semestre demissões em players como AGCO e John Deere, mais recentemente, até setembro o saldo é positivo. Foram 1.121 mais contratações que demissões de janeiro a setembro, ante saldo de 968 no mesmo período de 2018.