Levantamento realizado pelo Instituto Soleil de Pesquisa (Inspe), em parceria com o Sebrae RS e o Banrisul, mapeou o perfil de empreendedores de aproximadamente 1 mil negócios de economia criativa em atividade na Capital. O resultado foi apresentado ontem, no Espaço Sebrae de Negócios, e deve impulsionar ações do programa Pacto Alegre - projeto com foco no desenvolvimento sustentável da cidade, que reúne uma série de entidades em parceria com o poder público. Segundo o estudo, 21 atividades consideradas de economia criativa movimentam este mercado em Porto Alegre, com destaque para os segmentos de gastronomia (280), moda (176) e artesanato (119). É o caso dos empreendimentos localizados em parte do 4º Distrito, região que concentra novos bares e iniciativas culturais de Porto Alegre, como o Vila Flores e os bares Fuga e Agulha, para citar alguns.
"Houve um aumento no número de atividades, desde o primeiro mapeamento realizado em 2016, a partir de uma demanda do Inova POA", observa a coordenadora de projetos de Turismo e Economia Criativa do Sebrae RS, Amanda Paim. "Isso porque em alguns negócios tradicionais (a exemplo dos segmentos de moda e gastronomia) houve incremento na atividade e os empresários enxergam que as iniciativas se enquadram neste conceito", uma vez que passaram a explorar um viés inovador, comenta a gestora.
De acordo com o diretor do Inspe Cleiton Chiarel, o instrumento de pesquisa contemplou diferentes situações dos empreendimentos, incluindo iniciativas que foram levantadas em 2016 e que fecharam; outras que responderam o primeiro levantamento e continuam abertas, e novos empreendimentos que foram adicionados para o cumprimento da amostragem estipulada. Segundo ele, das 712 iniciativas que responderam o primeiro mapeamento, 330 participaram da segunda edição. Destas, 80 encerraram as atividades nos dois últimos anos.
Chiarel destaca que 60% dos empresários que mantém os negócios acreditam que têm um bom produto, mas possuem um modelo de gestão frágil. "Muitos empreendimentos terminam nas fases iniciais porque o proprietário não se preparou adequadamente para começar", avalia Amanda Paim. "Observamos que a economia criativa tem um grande potencial de transformação social, mas o empreendedor precisa investir com uma visão mais empresarial", comenta a gestora do Sebrae RS. "Uma parte dos entrevistados acaba desenvolvendo as atividades porque gostam, sem pensar como um negócio", observa Amanda.
De acordo com a coordenadora de projetos de Turismo e Economia Criativa do Sebrae RS, a partir deste levantamento a instituição deve capacitar empresários que estejam dispostos a investir e contratar profissionais. "Estaremos atendendo esta parcela de empreendedores no Espaço Sebrae de Negócios, fazendo conexão com outros projetos coletivo."
Ao apontar que foi constatada a criação de muitos espaços coletivos, com claros objetivos sociais e sustentáveis, que impactam positivamente nas regiões onde estão estabelecidos, e nas pessoas das comunidades envolvidas, Chiarel avalia que a economia criativa tem "um futuro promissor" em Porto Alegre. Para incentivar novos empreendedores e atender gargalos (principalmente venda, visibilidade e crédito financeiro) definidos como empecilhos pelos entrevistados do mapeamento, a primeira ação coletiva do Pacto Alegre deve ocorre nos dias 23 e 24 de novembro. Marcada para acontecer na Casa de Cultura Mario Quintana, a feira Mercado Inquieto da Economia Criativa irá promover workshops, exposições, apresentações artísticas, entre outras atividades paralelas e gratuitas. A estimativa é de que cerca de 6 mil pessoas passem por lá nos dois dias de evento.