A norte-americana John Deere, uma das maiores fabricantes de máquinas agrícolas no mundo, demitiu 150 funcionários na fábrica sediada em Horizontina, no Noroeste do Rio Grande do Sul. As dispensas ocorreram na última quarta-feira (6). Em outubro, 30 funcionários se desligaram da empresa por um Programa de Demissão Voluntária (PDV).
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Horizontina e Região (Stimmmeh), Jorge Ramos, afirma que a entidade vinha em conversas com a empresa desde agosto. “A partir de setembro, ocorreria segundo turno, a empresa se preparou, contratou funcionários e não se confirmou”, disse Ramos. “Chegou agora em novembro, não reagiu o mercado, e a empresa tomou essa posição de demitir."
Em nota, a John Deere informa que está fazendo ajustes no quadro de funcionários e que a maior parte dos contratos tinha prazo determinado. De acordo com a companhia, essas medidas foram necessárias em razão de variações de demanda de mercado.
Entretanto, Ramos aponta que as demissões não seguem a tendência do crescimento nas vendas de máquinas agrícolas. “De três anos para cá, não tem estiagem e se registra supersafras de grãos. Então, pela lógica, não teria por que demitir. Os tempos de produção alta vão de setembro a fevereiro”, completa o sindicalista.
O sindicato vai se reunir na próxima quarta-feira (13) com a empresa. Em encontro na segunda-feira (4), a empresa havia informado que iria readequar a produção para os próximos meses. Na nota, a John Deere afirmou que está fazendo um processo transparente de demissões.
O vice-prefeito de Horizontina, Jones Jehn da Silva, lamentou a situação que ele atribui à especulação do mercado e a um cenário econômico incerto, no qual vendas acabaram não se confirmando. "Não há como o poder público ter qualquer gerência sobre essa situação porque é uma condição de mercado que se apresenta", disse.
Entretanto, Silva acredita que, "a exemplo de outras vezes, isso é uma situação passageira e, mais adiante, estaremos retomando a condição do aumento de produção da empresa, e isso vai refletir na necessidade da mão de obra". O vice-prefeito cita que a empresa tem investimentos previstos em infraestrutura na cidade, o que seria indicativo que a companhia quer permanecer na região.
As demissões também atingem
outra gigante do setor, a AGCO, que tem parque industrial em Canoas. Pelo menos 30 trabalhadores foram demitidos em outubro na fábrica de tratores. Em setembro, 44 funcionários já haviam sido dispensados pela empresa. Em todo o ano de 2019, as demissões já somariam 144.
Na área da siderurgia, trabalhadores da usina da Gerdau, em Charqueadas, aceitaram a
suspensão temporária dos contratos de trabalho, chamado de layoff, por cinco meses. A medida deve atingir cerca de cem dos 700 funcionários da planta da Aços Finos Piratini, projeta o Sindicato dos Metalúrgicos do município. O número não foi informado pela empresa oficialmente. A intenção da siderúrgica, conforme o sindicato, é implantar a medida em novembro.
O acordo foi assinado nessa quinta-feira (7). Foi incluído no texto a garantia de estabilidade por cinco meses do quadro. Com isso, enquanto estiver em vigor o layoff, a siderúrgica se comprometeu a não demitir. A condição foi aprovada na assembleia que deu aval à suspensão.