Além disso, novas dúvidas a respeito das negociações comerciais Estados Unidos e China também podem reforçar a expectativa de queda na B3, como sugere o Ibovespa (às 11h05min, cedia 0,02%, aos 104.278,14 pontos).
Apesar da calmaria externa - pelo menos por ora - propiciada por balanços melhores que o esperado nos EUA e a possibilidade de um acordo sobre o Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia) esta semana, a Bolsa brasileira abriu em baixa.
Lá fora, contudo, os mercados acionários europeus, com exceção de Londres, sobem, e os de Nova Iorque também exibem ganhos. Dentre os balanços forma informados os do JPMorgan, BlackRock, UnitedHealth e Johnson & Johnson, que tiveram lucros maiores que o esperado no terceiro trimestre.
"Agora que o mercado estava começando a tirar do radar as nuvens nubladas provenientes do cenário externo, aqui começa a ficar nebuloso por causa da política", afirma Adriano Gomes, professor de Finanças da ESPM. "Houve uma primeira rodada nas negociações comerciais entre EUA e China, na sexta, que teve êxito, e tem a questão do Brexit, que caminha para um acordo amigável. Essas eram as questões cruciais para o mercado", completa.
Entretanto, aqui, ressalta Gomes, por causa da política, faz-se no Brasil um "esforço danado" para estragar esse ambiente que tende a melhorar. "O receio é que o governo possa perder seu apoio no Congresso, que já é frágil. Temos uma agenda bastante interessante pela frente, sobretudo a reforma tributária. A preocupação é que essa crise atrapalhe e não se tenha uma base sólida para evoluir nessa agenda, que começa a se esfacelar", analisa.
Porém, o acadêmico considera pouco provável que a votação do texto da cessão onerosa, esperada para hoje no Senado, sofra interferência, tampouco a da reforma previdenciária em novembro.
Em nota, o analista político da Tendências Consultoria Integrada, Rafael Cortez, reforça que, grosso modo, a celeuma entre Bolsonaro e PSL representa maior competitividade no campo conservador. Assim, escreveu, cada vez mais será custoso mobilizar agenda de reformas que irá alimentar eleitoralmente um adversário.
Já um operador acredita que a crise política entre o presidente e a legenda não terá forças para alterar a dinâmica da agenda reformista. "Só se de fato atingir mesmo o presidente. No entanto, o mercado segue mesmo atento ao Paulo Guedes ministro da Economia", diz.