O Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul cresceu 4,7% no segundo trimestre deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado. Essa elevação, puxada, principalmente, pela agropecuária e pela indústria, é superior ao desempenho do País, que, no mesmo período, foi de apenas 1%. No primeiro semestre, a alta acumulada no Estado é de 3,8%. Os dados foram divulgados pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), subordinado à Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag).
O setor que mais cresceu no segundo trimestre foi a agropecuária, com alta de 9,2% em comparação com o mesmo período no ano passado. Nacionalmente, o resultado foi muito inferior, atingindo apenas 0,4%. Contudo, a base de comparação é baixa, devido à estiagem pela qual o Estado passou no último ano. A produção de soja aumentou 5,4%, enquanto o milho cresceu 25,9%. A batata-inglesa também teve um crescimento alto, de 11,3%. As maiores quedas foram a do arroz, com -14,6%; da uva, com -20,8%; e da mandioca e da cana, com -7,3% e -7,9% respectivamente.
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Já a indústria gaúcha subiu 5,7%, enquanto a nacional ganhou 0,3%. O maior crescimento na indústria no segundo trimestre deste ano em comparação com o segundo trimestre de 2018 foi o setor de veículos automotores, que subiu 40,6%. Segundo o pesquisador da Seplag Roberto Rocha, a alta está associada à taxa de investimento da economia nacional e à recuperação de algumas exportações que foram prejudicadas pela greve dos caminhoneiros no ano passado. Outros segmentos foram produtos químicos, com 17,8%; produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos, com 14,6%; e máquinas e equipamentos, com 8,6%. As maiores quedas foram no setor de bebidas (-18,1%), produtos de borracha e plástico (-7,4%) e produtos de minerais não metálicos (-5,1%).
De acordo com Rocha, são dois os fatores que explicam o crescimento do PIB estadual: um deles é a recuperação cíclica, pois a base de comparação com o ano anterior é baixa, e o outro são os fatores próprios do ano, como uma taxa de investimento mais elevada. Entretanto, segundo o pesquisador, a indústria gaúcha vem crescendo bastante desde o terceiro trimestre do ano passado, então a tendência é aumentar a dificuldade para o crescimento do setor.
O economista da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Antonio da Luz, atribui o desempenho positivo à complexidade do agronegócio gaúcho. "A nossa agropecuária é muito mais ligada à indústria e aos serviços do que a média. Isso faz com que o agronegócio corresponda a 40% do PIB do Estado, enquanto do País é 23%. Por isso, os bons desempenhos de safra terminam afetando todo o crescimento da economia. Como nosso setor registrou uma performance boa em relação ao ano passado apesar da enchente, tivemos um crescimento bastante robusto", explica. Luz também chama a atenção para o crescimento do setor de carnes, com o Brasil produzindo mais proteínas de suínos, de bovinos e de aves por causa da peste suína africana, doença que tem afetado mercados importantes, como a China.
Essa relação do agronegócio com outros setores foi destacada pela titular da Seplag, Leany Lemos. "O próprio crescimento no setor metalmecânico em parte é devido a tratores, caminhões para escoar produção e colheita", afirma. Ela nota que o efeito da soja vai ser bem menor considerando o atual semestre, porque "a economia vai ser afetada pela sazonalidade, mas é um elemento importante, e a gente espera que continue tendo bons resultados no futuro".
No dia 23 de outubro, o departamento deve apresentar um boletim conjuntural que vai aprofundar os dados apresentados ontem. Já a próxima divulgação do PIB trimestral, do terceiro trimestre deste ano, será no dia 11 de dezembro.