O PIB do Rio Grande Sul cresceu 4,7% no segundo trimestre de 2019 frente ao mesmo período de 2018. Os dados foram liberados nesta segunda-feira (14) pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), que sucedeu a extinta Fundação de Economia e Estatística (FEE), que teve as atividades encerradas no ano passado após ser extinta pelo Governo Sartori, em 2016.
Já no confronto com o primeiro trimestre deste ano, a expansão é mais modesta, de 1,4%. Frente ao segundo trimestre do ano passado, a agropecuária puxou a alta, com avanço de 9,2%, seguida por 5,7% da indústria e 1,2% dos serviços. A indústria extrativa teve queda de 5,5%, e a construção civil, emplacou alta de apenas 0,1%, formando os dois segmentos com pior desempenho.
No primeiro semestre, a soma das receitas geradas pela venda de produtos e serviços no Rio Grande do Sul avançou 3,8%, maior crescimento em primeiro semestre desde 2013. "Enquanto isso, o Brasil cresceu apenas 0,7% no mesmo período", diz o DEE. Segundo os técnicos, o resultado do PIB gaúcho foi "fortemente influenciado pelos desempenhos da agropecuária", que cresceu 7,2% no semestre.
As safras da soja e do milho pesaram no resultado. A indústria cresceu 5,5%, com destaque da fabricação de veículos e a de implementos e de produtos químicos. O DEE diz que a dinamização da agropecuária e de segmentos da indústria fez impulsionou os serviços, que cresceram 1,8%, acima da média nacional de 1,2%.
Os pesquisadores observam que o desempenho da atividade "deve ser comemorado com cautela". “O crescimento do primeiro semestre de 2019 se deu sobre uma base deprimida, devido à estiagem e à greve dos caminhoneiros que ocorreram na primeira metade de 2018”, pondera o pesquisador em economia da Seplag Roberto Rocha. "A excelente performance do setor automotivo aqui no Estado, automóveis, implementos e carrocerias, contribuiu decisivamente para o crescimento de 6,4% da indústria de transformação no período”, vinculou Rocha.
A taxa acumulada em quatro trimestres do PIB gaúcho foi de 3,9%. A chefe da Divisão de Indicadores Estruturais do DEE, Vanessa Sulzbach, afirmou que "o crescimento significativo há quatro trimestres seguidos" pode não se manter. "A tendência é que as taxas se arrefeçam a partir do terceiro trimestre de 2019, em parte porque a influência da agropecuária se concentra na primeira parte do ano, e também porque os indicadores mais recentes da indústria já sinalizam uma certa desaceleração em alguns segmentos”, explicou Vanessa.
As perspectivas de crescimento para a economia brasileira, que estão abaixo de 1% - o relatório Focus, do Banco Central, apontou nesta segunda-feira que o
mercado aposta em avanço de 0,87% no PIB brasileiro este ano -, também afetam o desempenho regional. O Rio Grande do Sul tem o quarto PIB do Brasil. Com peso importante das exportações, a economia gaúcha acaba ficando mais suscetível a oscilações no front externo e da demanda de outras regiões que compram produtos locais.
A secretária de Planejamento, Leany Lemos, reconheceu a “força da economia do Estado, mas reforçou que as medidas ma área das finanças públicas são fundamentais para atrair investimentos. "Se não equacionarmos a crise fiscal, o governo estadual não poderá realizar os investimentos fundamentais ao crescimento da economia”, condicionou Leany.
A série atual foi recalculada desde 2010. A medida faz parte da rotina de ajustes da estatística, explicam os técnicos. O período da atual série vem desde 2002. Outro trabalho também em andamento é a revisão do período que a Fipe fez a estimativa.