Sobre os eventuais compradores, Wickert reitera que, como vai ser uma oferta de ações restrita, apenas investidores profissionais vão poder participar. O analista acredita que deve haver sim demanda por parte de fundos de investimento dos próprios bancos coordenadores da oferta.
Venda de papéis repercute na Assembleia Legislativa
O anúncio da oferta de ações ordinárias do Banrisul repercutiu na sessão de ontem da Assembleia Legislativa. Os deputados estaduais Fábio Ostermann (Novo) e Sebastião Melo (MDB) criticaram o valor das ações e o destino dos recursos oriundos da transação. Pedro Pereira (PSDB) usou a tribuna para defender a decisão do Palácio Piratini.
Já o coordenador da Frente Parlamentar em Defesa do Banrisul Público da Assembleia Legislativa, deputado Zé Nunes (PT), foi enfático ao criticar a oferta. "Mais uma vez o governador se utiliza das ações do banco como caixa eletrônico, vendendo as ações a preço insignificante. Em plena semana de aniversário do Banrisul, aprofunda o desmonte do banco, e descumpre sua fala de campanha", declarou.
Ostermann e Melo são os proponentes da audiência pública que debateu, na Comissão de Economia da Assembleia Legislativa, na semana passada, a venda das ações do banco. Na ocasião, o governo não enviou nenhum representante para o debate. "Essa pressa do governo do Estado em vender as ações dessa forma cria um desconforto entre os deputados estaduais, pois parece que o governo realmente não quer dar explicações sobre isso", criticou Ostermann - acrescentando que os parlamentares da Comissão de Economia não descartam uma convocação do governador para explicar a medida.
Para o deputado estadual do Novo, a venda das ações de forma pulverizada (sem a privatização completa do banco) "pode gerar um prejuízo bilionário para o Estado". "Se as ações fossem vendidas junto com o controle acionário do banco (ou seja, se o banco fosse privatizado), o valor das ações seria mais alto", justificou.
Melo insinuou que os recursos da venda das ações vai ser utilizado para custear a máquina pública, mais especificamente para colocar em dia o salário dos servidores públicos. "No último debate do segundo turno das eleições de 2018, o governador Eduardo Leite disse que jamais venderia ações do Banrisul para colocar no custeio da máquina pública. No Estado, temos algo extraordinário: a palavra empenhada. E esta palavra está sendo quebrada", acusou.
O próprio Leite já disse que pretende usar receitas extraordinárias - como são as da venda das ações do banco - para pagar os passivos da saúde, o que permitiria que os recursos oriundos da arrecadação do Estado fossem usados integralmente na quitação da folha de pagamento. Os opositores acusam de se tratar, na verdade, de uma manobra contábil.
Pereira defendeu que "o governador nunca falou que não venderia ações ordinárias do Banrisul. O que ele sempre se comprometeu foi que não iria privatizar o Banrisul e a Corsan. E está cumprindo".