Após forte crise nos últimos três anos, o mercado de equinos começa a dar os primeiros sinais de recuperação. Criadores e proprietários vêm buscando alternativas para burlar o cenário econômico desfavorável.
"A crise chegou tanto para usuários como para criadores, mas já observamos alguns movimentos que indicam tendência de melhora", disse o diretor do Núcleo Riograndense de Criadores de Cavalo da Raça Mangalarga (NRCCRM) e vice-presidente da Federação Brasileira das Associações de Criadores de Animais de Raça (Febrac), Eduardo Finco. Segundo Finco, os usuários são os que mais sentem o impacto da crise, pois utilizam os animais para lazer ou passeio e a manutenção diária tem custo muito elevado, com tratador, ração, hotelaria. Em se tratando de um animal em preparação para Expointer, esses custos podem chegar a R$ 3 mil ao mês.
Sobre os criadores, o diretor do NRCCRM disse que eles não pararam de investir, mas que estão mais comedidos. "Alguns reduziram a criação, se antes investiam na criação de 20 potros, hoje investem na metade, pois os custos são muito altos", explicou. Prova disso é que o leilão da raça Mangalarga, realizado durante a 42ª Expointer, teve pista limpa, com média de vendas de R$ 26 mil, com o animal mais caro arrematado a R$ 80 mil e faturamento de R$ 700 mil. "São valores considerados muito bons frente a um cenário que vem desfavorável há alguns anos. Claro que já tivemos faturamento de mais de R$ 1 milhão, em outros anos, mas, ainda assim, foi excelente. Quem conseguiu comprar, fez bons negócios", disse Finco. Neste ano, o Mangalarga aumentou em 3,9% o número de animais inscritos na feira, passando de 77 para 80.
O presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC), Francisco Fleck, afirma que, frente à crise, os criadores passaram por uma readequação nos custos de comercialização, produção e manutenção dos animais. "Muitos adaptaram as formas de venda que passaram a ser digitais. Além disso, alguns compradores buscam comprar diretamente do produtor. Dessa forma, se manteve a remuneração de quem cria e produz cavalo crioulo."
Sobre os remates da raça Crioula, que começaram em 21 de agosto, Fleck acredita em valores de comercialização superiores aos de 2018, quando a crise, segundo ele, foi mais acirrada. "A Expointer é um local de referência de comercialização e valores, temos sinalização de que vamos ter boa média e volume."
O momento da raça Crioula também é considerado bom, já que o número de transferência e de animais negociados dentro da associação não diminuíram, com liquidez e a comercialização muito boas. "No entanto, tivemos uma redução de 20% nos preços, em um comparativo entre 2017 e 2019, e acredito que devamos manter esse percentual em 2019, mas com boa liquidez." Mesmo com valores mais baixos, a raça teve número recorde de animais em participação em diferentes eventos, com o registro de incremento de 10% no número de animais em provas funcionais e 20% nas posições morfológicas. Neste ano, a raça teve uma leve queda de 9,62% em participação na Expointer, de 395 para 357.
Na contramão do cenário atual, os criadores e proprietários da raça Árabe vivenciaram a crise de forma mais intensa há quatro anos e comemoram a retomada. "A crise já passou, e nos reinventamos. Hoje, o Árabe é uma raça muito mais de proprietários do que de criadores. Comparativamente, pode-se dizer que em um mês surgem 20 proprietários novo e um criador a cada seis meses", afirma a vice-presidente da Associação Gaúcha do Cavalo Árabe, Fernanda Camargo.
Fernanda, que também é proprietária do Centro Equestre Referencial, diz que está com a hotelaria lotada e com fila de espera para novos clientes. "Cavalo é paixão, e, na crise, muitos proprietários optam por vender o carro, por viajar menos, mas não deixam de investir no animal", completa. Neste ano, a raça não terá remate na Expointer, em função da baixa oferta de animais no mercado. Quanto à participação na mostra, houve queda de 6,12%, de 98 para 92 animais.