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Supermercados apostam no on-line e no drive-thru
Logística de entrega é desafio para expandir e-commerce no setor
Ainda pouco representativo para o faturamento do setor supermercadista brasileiro, o e-commerce é um caminho que está sendo desbravado por empresas gaúchas conectadas com a demanda de determinados consumidores. "Os mais jovens são responsáveis pelo crescimento deste canal de vendas, que é uma oportunidade para a qual o ramo de supermercados tem se atentado", observa o sócio-diretor da GS & Consult, Alexandre van Beeck, especialista em varejo. Principal empecilho para que a maioria das empresas trabalhe com este canal, a logística de entrega vem sendo encarada como um dos desafios daqueles que estão apostando suas fichas no mercado on-line.
Dois formatos garantem que os produtos de supermercados cheguem ao consumidor que compra via on-line. Um deles é delivery, com entrega que exige agendamento, veículo com refrigeração adequada e produtos dentro de embalagens especiais. O outro é o drive-thru, onde o consumidor faz as compras pela internet e vai ao local apenas para retirar os produtos. Na opinião de van Beeck, este segundo pode vir a impulsionar o volume de compras em supermercados na internet. "É uma comodidade para o consumidor comprar on-line e retirar na loja", observa o consultor.
Por outro lado, continua van Beeck, quando uma unidade da rede de supermercado serve de ponto de entrega de produtos comprados no canal digital, o custo da loja diminui, porque faz girar o estoque; "ao mesmo tempo que impulsiona o canal on-line, reduzindo o custo de entrega quando o cliente optar pelo delivery". A venda de produtos de supermercado via internet tem apenas dois anos no Brasil. Em mercados como Estados Unidos, Europa e Ásia, onde o canal tem maior participação no faturamento do setor, a maioria das lojas trabalha com formato drive-thru.
No Rio Grande do Sul, existem três empresas que trabalham com este canal. Destas, o Magodrive (supermercado on-line da rede Supermago, com cinco lojas físicas em Porto Alegre) é o único que trabalha no formato drive-thru. O custo mínimo de compras neste modelo é de
R$ 50,00. "É uma forma de agregar valor ao serviço, porque disponibilizamos um funcionário especialmente para isso, além de investirmos em embalagens diferenciadas, e pacotes de papelão", explica a diretora da rede Supermago, Patrícia Machado. Já no sistema Delivery, possui veículo com câmara fria para entrega de perecíveis, e cobra taxas que variam de acordo com o bairro (entre R$ 8,00 e R$ 12,00).
A empresa foi precursora no canal on-line em solo gaúcho. "A ideia foi do meu irmão, quando ele morava na Itália e tinha dificuldade para fazer as compras, porque o transporte era complicado. Ele voltou para o Brasil em 2010, mas só tocou o projeto em 2015, quando a internet já estava mais avançada por aqui", recorda Patrícia.
Desde que iniciou o negócio on-line, a rede gaúcha trabalha com drive-thru e delivery. "Até novembro de 2018, fazíamos a separação de pedidos em uma loja de 220m2, com 5 mil itens. A partir deste ano estamos operando em loja de 800m2, com 9 mil itens, por isso estimamos um crescimento maior que no ano passado", afirma Patrícia. Ela projeta que as vendas no on-line tenham um incremento de 80% no faturamento frente ao ano anterior. "Conseguimos diminuir o valor de taxa de entrega no delivery, e aumentamos a variedade de itens", justifica. O tíquete médio das vendas do Magodrive é de R$ 220,00.
Com o crescimento do e-commerce cada vez mais na rotina dos consumidores, estar fora desse canal de vendas pode comprometer o caixa e o futuro de muitos negócios, avalia o presidente da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (Abcomm) e integrante do Conselho da e-commerce Foundation, Mauricio Salvador. Em todo o País, as redes Pão de Açúcar, Extra, Carrefour, e Dia já trabalham com vendas on-line.
Porto Alegre já conta com cinco empresas trabalhando com delivery
Na capital gaúcha, outras empresas realizam vendas de produtos de supermercado on-line, mas somente com entrega no sistema delivery. "A primeira foi o Nacional (Walmart), mas com o fim das operações este serviço foi suspenso", comenta Patrícia Machado, diretora da rede Supermago, que administra o Magodrive, onde a entrega dos produtos ocorre nos formatos delivery e drive-thru.
Uma das mais antigas é a plataforma Gurvam/Shoppr, onde o pedido é feito 100% on-line e o serviço de entregas ocorre de segundas a sextas-feiras, das 9h30min às 20h30min; e sábados, das 14h às 17h30min. Em processo de pré-aceleração desde o início deste ano, a Gurvam iniciou em 2016, e em junho de 2017 comprou a Shoppr. O próximo passo será avançar para cidades do Interior. A startup de serviço de logística atua com o conceito de personal shoppers (que fazem a compra dos produtos em supermercados locais e depois realizam a entrega). Atualmente, a taxa de entrega é de R$ 14,90 Shoppr e R$ 15,00 no Gurvam, independentemente da região de Porto Alegre.
"Trabalhamos em um modelo similar ao Uber, onde nossos entregadores ficam conectados através de aplicativo para receber os pedidos, se direcionar a um mercado, realizar as compras e fazer a entrega para o cliente", compara a CEO da empresa, Bianca Tiburski Vaz Costa. "Nosso maior diferencial em termos de qualidade de serviço é que nossos profissionais, além de trabalharem com a gente, passam por uma seleção rígida, treinamento, acompanhamento com feedback do cliente." Dentre os supermercados on-line mais recentes na capital gaúcha, o Zmart, que começou suas atividades em 2017, e funciona no mesmo esquema da Gurvam/Shoppr.
Outro é o Super em Kasa, que realiza entregas das 9h às 21h, de segundas-feiras a sábados. Também o serviço de entrega do aplicativo Rappi com produtos de empresas parceiras (como o Carrefour e o Supermercado Asun). Por enquanto, o Magodrive se mantém como único negócio do ramo em Porto Alegre que trabalha tanto no delivery, como no drive-thru, e que ainda conta com lojas físicas.
"A integração do físico com digital faz mais sentido", avalia o especialista em varejo, Alexandre van Beeck. "Quando tem só digital não tem outros pontos de contato com o cliente e o custo de entrega fica alto", opina. "O digital representa uma facilidade maior junto às operadoras supermercadistas, a exemplo do Carrefour, que faz isso muito bem", comenta van Beeck ao destacar que outra tendência são lojas menores, "por conta a conveniência". "O consumidor não tem mais tempo para ficar horas dentro de um hipermercado."
Sistema de comércio eletrônico foi adotado por 250 empresas em todo o Brasil
Seis empresas das 10 maiores do ranking da Associação Brasileira dos Supermercados (Abras) já operam via e-commerce com delivery. No total, já são cerca de 250 supermercados on-line operando no Brasil, incluindo players regionais menores. "Com as grandes redes de supermercado vendendo on-line, vimos a oportunidade de colocarmos todas as informações em um mesmo lugar para ajudar o consumidor a fazer a melhor compra", comenta o fundador da plataforma de comparativos de preços Zaply, Bruno Ely da Silva.
Segundo o gestor, a Zaply já conta com aproximadamente 20 mil acessos/mês, de usuários de 13 grandes centros do País. Por meio da plataforma, o consumidor pode fazer uma busca e descobrir os supermercados on-line que possuem o item à venda, comparando preços e diferentes opções de delivery. "É comum encontrar diferenças de preços superiores a 30%", afirma Silva. Ele garante que a ferramenta atualiza diariamente os preços praticados nos supermercados online parceiros, permitindo descobrir o melhor preço para mais de 50 mil produtos.