A Banrisul Cartões é mesmo a cereja do bolo dos ativos ligados ao banco estadual gaúcho. Na divulgação do balanço trimestral e do fechamento de 2018, o presidente do Banrisul, Luiz Gonzaga Veras Mota, não poupou adjetivos ao desfilar o resultado da operação, que teve alta de 16,6% no lucro líquido em 2018, somando 258,9 milhões.
No confronto com 2014, quando a companhia foi desmembrada, o salto é de 121%. O presidente citou que os ganhos "vêm bem", mas que a concorrência com outros bancos vai aumentar. O
banco teve lucro líquido recorrente de R$ 1,1 bilhão, com alta de 20,3% em 2018. Ações fecharam em alta na bolsa de valores.
Mas quando o tema é abertura do capital da Cartões na B3 (Bolsa de Valores), com oferta pública de distribuição primária e secundária de ações preferenciais, a cautela dominou as opiniões do comando do banco e do secretário estadual da Fazenda, Marco Aurelio Cardoso, que acompanhou a divulgação dos números. Mota descartou no 'curto prazo' fazer a operação, que chegou a ser registrada em setembro de 2018 na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), mas foi retirada três depois pelo banco, alegando condições do mercado de capitais e pelo prazo legal.
"Não vejo isso (abertura de capital) no curto prazo", disse o dirigente. Sobre o que seria o 'curto prazo', Mota falou em mais de seis meses a um a dois anos. Analistas, que devem ter contato com os dirigentes do banco na teleconferência do balanço nesta quarta-feira (12), devem questionar o futuro do IPO em relação ao braço de adquirência e outros produtos do setor. "A bolsa está em alta, com boas perspectivas", avaliou Carlos Müller, analista-chefe da Geral Investimentos, que também vê cenário promissor para a bolsa nos próximos anos, caso sejam emplacadas reformas como a da Previdência.
O secretário da Fazenda não quis falar sobre o futuro do IPO e nem mesmo se o Estado pode vender no mercado as ações ordinárias (com direito a voto) - e o que resta de preferenciais no Banrisul, até o limite de não comprometer o controle acionário (50% mais uma ação). O governo tem 99,58% dos papéis BRSR3 (ações ordinárias). "Não podemos ficar especulando sobre essas coisas. A mensagem do governador é que o Banrisul permanecerá com seu controle majoritário estadual. Quaisquer outras operações obviamente estão no radar", observou Cardoso, lembrando os limites para comentar o assunto devido às regras de empresas de capital aberto.
Há expectativa sobre como o governo vai constituir as garantias para a almejada adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) em negociação com a União. Sobre a inclusão do capital do Estado na Banrisul Cartões, o secretário manteve a reserva. "Não há nenhuma operação com o banco em si e nem com suas subsidiárias, mas não estamos afastando nenhuma das possibilidades", completou.
O presidente do banco, que acumula a mesma função na Cartões, citou que o uso do ativo para eventual operação do RRF deve exigir autorização do conselho do banco. Na busca por garantias, a serem acionadas caso o governo não honre compromissos do regime, uma frente é a privatização de estatais como CEEE-D, Sulgás e CRM, que dependem de aval da Assembleia Legislativa. O governo já pediu o cancelamento de plebiscito para isso. Outra é a abertura de capital da Corsan, estatal de saneamento, admitida pelo governador Eduardo Leite (PSDB).