O Banrisul teve lucro líquido recorrente, quando exclui eventos extraordinários, de R$ 1,1 bilhão em 2018, 20,3% acima do desempenho de 2017, considerado novo recorde da instituição. Se forem computadas situações não recorrentes, o resultado ficou em R$ 1,05 bilhão no ano passado, leve recuo de 0,4% frente ao ano anterior. Receita com tarifas e serviços, maior margem e menos provisões com devedores duvidosos balizaram o desempenho.
O mercado financeiro reagiu com muito bom humor aos números. As ações mais negociadas fecharam em alta na B3 (Bolsa de Valores). A BRSR6, preferencial com maior oferta e movimentação, teve alta de 5,08%, a R$ 24,80 e acumula valorização de 11,8% no ano. A BRSR3 (ordinárias) subiram 6,56%, fechando o dia a R$ 25,02, e alta desde começo de janeiro de 16,9%. "O resultado recorrente cresceu bem no ano e a rentabilidade melhorou. O balanço foi muito bom, com risco bem controlado e ótimo potencial de crescimento", concluiu o analista-chefe da Geral Investimentos, Carlos Müller.
A rentabilidade sobre o patrimônio líquido ficou em 15,3%, acima dos 13,5% de 2017. No quarto trimestre de 2018, o indicador chegou a 17,6%. O patrimônio líquido do banco soma R$ 7,3 bilhões, e os ativos totais chegam a R$ 77,4 bilhões. A inadimplência de 90 dias chegou a 2,55%, ante 3,56% de 2017, um ponto abaixo. O presidente do banco, Luiz Gonzaga Veras Mota, ostentou a taxa como troféu, pois ficou abaixo dos grandes bancos do mercado. "Esse trabalho é nossa marca por conduzir com qualidade o ativo do banco", associou Mota.
No último trimestre do ano, o lucro líquido recorrente totalizou R$ 300,1 milhões, queda de 7,3% frente ao mesmo trimestre de 2017, e 3,4% maior que o terceiro trimestre de 2018. Os dados divulgados na manhã de ontem marca o balanço ainda sob a gestão do banco escolhida pelo ex-governador José Ivo Sartori (MDB). Pelo novo governo, o atual secretário da Fazenda, Marco Aurelio Santos Cardoso, acompanhou a divulgação, ao lado do presidente do banco. Não há definição ainda de como será a composição da direção com o novo governo.
A margem financeira ficou em R$ 5,7 bilhões em 2018, alta de 9,1% ou R$ 476,1 milhões frente ao valor registrado no ano anterior. As receitas de prestação de serviços e de tarifas bancárias somaram R$ 1,99 bilhão no ano, alta de 10,6%, puxada pelo aumento das receitas de tarifas de conta corrente, de seguros, previdência e capitalização, rede de adquirência e de tarifas de cartão de crédito, informa o balanço. O último trimestre do ano seguiu a tendência de crescimento.
Na carteira de crédito, a operação com pessoa jurídica desafia o banco em 2019, pois o ano passado registrou queda de 5,6%. Na projeção do ano, o Banrisul espera crescer 1% a 5%. Já a pessoa física mostra maior êxito, com alta de 17,8%, puxada pelo consignado, e para este ano a aposta é de avanço de 6% a 10%. Mota destacou o crescimento do crédito imobiliário com alta de 7,4%, e quase cem empreendimentos em execução que geram 12 mil empregos. Para 2019, a projeção é de 4% a 8% de expansão na carteira.
Para mudar o cenário nos repasses a empresas, o banco aposta na melhoria do ambiente econômico e também diz que quer atrair investidores para "fincar estacas" no Estado. Com uma carteira de crédito rural acanhada, com fatia de 5% no mercado gaúcho, o presidente anunciou uma reformulação da estratégia, com a busca de parceiros entre fabricantes de insumos que atendem o setor produtivo.
"Queremos chegar ao fim de 2022 com 10% de participação no mercado", afirmou Mota. Na atuação com o braço da Banrisul Cartões, o dirigente fez suspense sobre acordos com bancos regionais em outros estados para ampliar a base de adquirência, na linha do que firmou com a Autopass e Vero Go, com a francesa Indigo. "Logo vamos ouvi falar muto dessa bandeira."