A geração de energia fotovoltaica é um dos poucos setores brasileiros que pode se dar ao luxo de comemorar bons resultados no fechamento de 2018. Com os custos da luz elétrica pesando cada vez mais no bolso do consumidor, cresce a procura pelas instalações das placas solares em residências e estabelecimentos comerciais. Para além disso, as discussões sobre sustentabilidade e o esgotamento das fontes naturais ganham corpo ano a ano, angariando mais adeptos da energia limpa.
O aumento da demanda está refletindo, inclusive, na ampliação das operações. De acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSolar), o Rio Grande do Sul é o segundo estado com maior capacidade instalada (16%), atrás apenas de Minas Gerais (25%). A gaúcha EGP Energy, de São Leopoldo, na Região Metropolitana de Porto Alegre, inaugurou, na semana passada, novas instalações na sede da empresa. A ampliação do espaço foi necessária para comportar o crescimento da demanda no último ano. De acordo com a diretora Adriane Menezes, a empresa aumentou em 380% o número de instalações de usinas em 2018. "Nossos maiores clientes são empresários e a rede supermercadista, mas vale ressaltar o aumento da demanda residencial, que cresceu mais de 90%", destaca Adriane.
A escolha pela energia fotovoltaica pode gerar economia de até 98% aos consumidores, de acordo com a EGP Energy. Por isso, cerca de 80% dos clientes procuram a empresa pela economia. Outros 15% são para investimentos e somente 5% pela sustentabilidade. Os módulos solares possuem 40 anos de vida útil e 25 anos de garantia.
Os kits completos a partir de seis painéis, incluindo gastos com instalação, projeto e execução, podem custar em torno de R$ 14 mil. O número de painéis necessários depende do tamanho da residência e da quantidade de energia gasta - que variam de acordo com os eletrodomésticos que se tem em casa, por exemplo. "Com o custo da energia que temos hoje e os reajustes consideráveis, tu pagas o teu sistema em três anos", avalia Adriane.
A energia fotovoltaica está no Brasil há quatro anos. De lá para cá, o setor já responde por 480 megawatts de potência instalada no País, distribuídos em 47 mil unidades consumidoras, explica Bárbara Rubin, vice-presidente de Geração Distribuída da ABSolar. "O Rio Grande deu um salto bem grande de 2016 para cá, sobretudo este ano por causa do ICMS", diz. Alguns fatores contribuem para a alta da demanda, como a maior disponibilidade de linhas de financiamento para o consumidor e o aumento das tarifas de energia elétrica aprovados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
"O cliente de pequeno porte não tem escolha de onde comprar sua energia. O serviço das distribuidoras, muitas vezes, é de baixíssima qualidade e entrega uma energia cara ao consumidor, em contas de luz que são difíceis de entender. A geração distribuída dá liberdade para o consumidor", diz Bárbara. Desde maio deste ano, está em pauta uma revisão que rediscute as normas de distribuição de energia no País a partir de 2019. O setor ainda aguarda a publicação de uma audiência pública para entender a proposta da Aneel.