O incentivo à diversidade, a busca por inovação e a primazia do coletivo sobre o individual foram as lições passadas por cinco jovens executivos no evento Brasil de Ideias, realizado ontem no Salão Mercosul do Sheraton Hotel em Porto Alegre. Nos negócios, a multiplicidade de perfis e a transformação da cultura empresarial são vistos como necessários para a adequação aos novos tempos. Já em relação ao Rio Grande do Sul, a aproximação entre o público e o privado e a formação de consensos foram defendidos pelos empresários.
"O Brasil não vai avançar enquanto a rua for menos importante do que o jardim de casa", metaforizou o presidente da Iguatemi Empresa de Shopping Centers, Carlos Jereissati Filho, criticando a priorização das situações individuais no País.
O executivo ainda defendeu uma maior aproximação entre os setores público e privado "com maturidade", argumentando muitas vezes haver julgamentos dos gestores públicos sem o real entendimento de como a máquina pública funciona. "É preciso disso para que o País se desenvolva para todos", afirma Jereissati. Dentro das empresas, a principal bandeira defendida pelos executivos, entretanto, foi a diversidade.
"Precisamos de gente que pense diferente, que venha de realidades diferentes, trabalhando juntos. Se trouxer realidades distintas, a empresa vai ter a oxigenação necessária", defende o presidente da Oracle no Brasil, Rodrigo Galvão, que modificou a forma de contratação de novos funcionários, agora feita por princípios e não mais por competências.
E essa oxigenação, argumenta, será cada vez mais exigida pela rápida transformação do mercado graças à tecnologia. "Dois terços das crianças vão trabalhar em algo que não existe hoje, e certamente relacionado à tecnologia. Vejo como uma grande oportunidade", continua o executivo.
Nessa linha, a diretora-geral do Paypal no Brasil, Paula Paschoal, ressaltou a importância desses pilares, defendendo que a inovação deve ser um desafio para todos, e não atribuição de uma área especifica das empresas. "A empresa do futuro só terá sucesso com as mais diferentes pessoas", complementou Paula sobre a questão da diversidade, exemplificando com a discussão sobre o fim do dinheiro físico - algo presente no segmento da empresa de meios de pagamento. "Sem pessoas mais velhas na empresa não vamos conseguir fazer essa transição", argumenta.
Presidente no Brasil da Optum, empresa de tecnologia para a área da saúde, Patricia Ellen, acrescentou que a tecnologia será necessária para resolver os problemas do envelhecimento no País. "Envelhecemos antes de prosperar. Temos a idade média da Suécia, mas doenças infecciosas como em países pobres da África", comentou.
Até 2035, projeta Patricia, os gastos com saúde podem chegar a 25% do Produto Interno Bruto (PIB). "Não temos esse dinheiro. Sem tecnologia não vai acontecer. A inovação não vem quando a gente quer, mas quando a gente precisa", continuou a executiva da Paypal no Brasil.
Por fim, o diretor executivo da Ogilvy, Roberto Sirotsky, defendeu o papel da publicidade e da tecnologia no processo de transparência e controle social, mesmo em meio à profusão de notícias falsas durante a campanha eleitoral. "Sou otimista, acho que o lado positivo será muito mais importante do que o negativo", argumentou, utilizando exemplos de campanhas contra a corrupção produzidas por sua agência.