Pela segunda vez no ano, a Caixa Econômica Federal, que detém praticamente 70% do crédito imobiliário do Brasil, baixou os juros para a compra e construção de imóveis que utilizem valores das cadernetas de poupança. Desde esta sexta-feira (24), estão vigentes em todo o País as novas taxas, com mínimo de 8,75% a.a. para imóveis que se enquadram no Sistema Financeiro de Habitação (imóveis com valores até R$ 800 mil no Rio Grande do Sul) e de 9,5% a.a. para os outros imóveis e construções, que são contemplados pelo Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI).
Em evento na sexta-feira no Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado (Sinduscon-RS), em Porto Alegre, o presidente da Caixa, Nelson Antônio de Souza, classificou o anúncio como “uma notícia esperada pelo mercado há muito tempo”. Souza ainda fez menção às medidas anunciadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em julho, quando determinou o aumento dos limites para financiamentos para R$ 1,5 milhão por imóvel a partir de 2019. "A antecipação da vigência está sendo estudada, para que, somadas a várias outras medidas, se crie um círculo virtuoso no setor", afirmou.
Além da queda nas taxas, o banco também aumentou a cota de financiamento para 80% do valor do imóvel usado. As últimas mudanças haviam acontecido em abril, quando a Caixa baixou as taxas do SFH e do SFI, respectivamente, de 10,25% e 11,25% para 9% e 10%, que estavam valendo até a semana passada. Na época, a cota financiável dos usados também passou de 50% para 70% do valor do imóvel. Souza também lembrou a queda nas taxas para pessoas jurídicas, anunciado em julho, cortadas em média de 1 a 2 p.p. ao ano.
Com os cortes, Souza afirma esperar um segundo semestre melhor para o mercado imobiliário, após dois anos (2016 e 2017) de dificuldades. “Vemos a confiança de consumidores e da indústria mudando, passando a ter um viés de alta”, afirmou. No primeiro semestre em comparação com o mesmo período do ano passado, o banco acusa crescimento de 19% nos lançamentos e de 22,7% nas vendas em todo o Brasil. Do orçamento de R$ 82 bilhões para financiamentos imobiliários, R$ 47 bilhões já foram emprestados até junho.
Nas linhas alimentadas pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) – que são as que são impactadas pelo corte nos juros anunciado na sexta-feira –, o banco afirma já ver uma retomada. O volume de empréstimos, que chegou a ser de apenas R$ 600 milhões por mês no início do ano, agora já passa da barreira do R$ 1 bilhão mensal.
Souza ainda engrandeceu o papel da construção civil no resultado do banco, que atingiu lucro recorde de R$ 6,7 bilhões no primeiro semestre. O presidente da Caixa argumentou que a Caixa está atacando a inadimplência, por meio de uma forte cobrança. “Não queremos tomar o imóvel de ninguém, até porque nos traz um grande custo. Mas, se não o fizermos, compromete até outros lançamentos, por causa das provisões que precisamos fazer pelos atrasos”, comentou.
No evento que reuniu empresários do setor, o presidente do Sinduscon-RS, Aquiles Dal Molin, demonstrou satisfação com o corte nas taxas. “Vai ajudar a dinamizar o setor e a superar essa crise tão profunda que estamos passando”, comentou Dal Molin, que cobrou maior agilidade nos processos de análise da Caixa.