Há 51 anos, o Laboratório de Análise de Solos (LAS), vinculado ao Departamento de Solos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) é uma das referências nacionais em pesquisas e no desenvolvimento de novas metodologias nas mais diversas áreas do conhecimento que integram o solo e seus usos. O laboratório está entre os seis maiores e melhor conceituados no Brasil, segundo o professor responsável Clésio Gianello.
Desde a sua criação, em 1967, o espaço busca aumentar a produtividade gaúcha e nacional, produzir conhecimento acadêmico sobre o solo gaúcho e auxiliar na diminuição do impacto ambiental de certas atividades.
O laboratório se mantém através da prestação de serviços a empresas e produtores de todos os portes e setores. Paralelamente, abriga pesquisadores da pós-graduação da Faculdade de Agronomia para a realização de novos trabalhos científicos. Ao todo, são oito estudantes e dois funcionários trabalhando de segunda a sexta-feira, sendo que na época de preparação do solo nas propriedades, os turnos de trabalho são estendidos para dar conta da demanda.
A criação do Las, recorda Gianello, se deveu a uma provocação da Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, interessada em apoiar projetos para correção da acidez do solo em diferentes regiões brasileiras. O estudo gaúcho, intitulado Operação Tatu, conquistou a adesão de professores da universidade federal e se manteve ao longo dos anos. "O nome da operação foi inspirado no animal, porque nosso método de extração das amostras é bastante semelhante - escavar e extrair a amostra. E segue o mesmo até hoje. Precisamos retirar um pouco de terra e, a partir disso, medir a granulometria, pH, nível de nitrogênio, dentre outros", explica o também doutor em Química e Fertilidade do Solo pela Universidade de Iowa dos Estados Unidos.
Máquinas cada vez mais modernas tomam conta do laboratório, muitas delas com tecnologias criadas ou aperfeiçoadas pela equipe do Las. Uma delas é a técnica de espectrofotometria de emissão ótica em plasma induzido (ICP), procedimento no qual o laboratório está entre os mais avançados do Brasil por contar com algumas das primeiras máquinas disponíveis para esse uso no País. Com esta e outras ferramentas, podem ser realizadas até 1 mil análises por dia para uma base de cerca de 5 mil clientes do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Piauí, Mato Grosso e Roraima.
Alguns dos estudos mais importantes, salienta Gianello, foram realizados entre os anos 1980 e 1990 junto ao Polo Petroquímico do Sul - formado hoje por Arlanxeo, Braskem, BRK Ambiental, Innova, Oxiteno e White Martins, e a Souza Cruz. Em ambos os casos foram medidos os impactos dos efluentes no meio ambiente e as melhores formas de dirimir o impacto do efluente do complexo empresarial. Os objetivos foram combater a contaminação do solo com o resíduo líquido resultante dos processos industriais.