Responsável por uma expressiva formação de recursos humanos e somando mais de duas décadas de pesquisas com tecnologias de controle de ciclos para inseminação artificial e produção in vitro de embriões em bovinos, o veterinário Paulo Bayard Dias Gonçalves se debruça atualmente no estudo de estresse metabólico em vacas. Segundo ele, o objetivo do novo trabalho é entender por que algumas vacas com baixa condição corporal não emprenham. "Quando uma vaca está no pico da lactação, come mais do que produz (estresse metabólico) e para de reproduzir", justifica o pesquisador. A partir dessa resposta, a ideia é contribuir para melhorar o processo de produção de leite.
Nesse sentido, a missão de Gonçalves tem sido estudar, de forma mais aprofundada, tudo que envolve o ovário dos animais, para saber com mais propriedade o que o estresse metabólico causa para prejudicar a reprodução. "Nosso interesse é desenvolver tecnologia que viabilize vacas em determinado estado a emprenhar e produzir um terneiro mais cedo, gerando maior ganho de carne e de leite", continua Gonçalves. O trabalho conta com a parceria das universidades de Harvard (EUA) e McGill (Canadá), instituições que já realizaram uma série de outras colaborações em pesquisas desenvolvidas pelo veterinário no decorrer de seus 25 anos de docência na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Nesse período, o pesquisador - que é doutor em Fisiologia da Reprodução pela University of Illinois - publicou mais de 20 trabalhos em colaboração com a McGill University.
Aposentado pela UFSM, o veterinário gaúcho segue como professor permanente do Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária da universidade. Foi nessa instituição de ensino que Gonçalves desenvolveu linhas de pesquisa com foco na geração de tecnologias para produção de carne bovina na área de reprodução animal. Entre os principais resultados, conseguiu gerar tecnologia de controle do ciclo para inseminação artificial em bovinos; transferência de embriões; e produção de embriões (coordenando equipe pioneira na coleta de gameta feminino e fecundação in vitro).
"Hoje, grande parte da inseminação artificial que ocorre no Brasil e no mundo é feita em tempo fixo, metodologia que já trabalhávamos no início dos anos 1980", destaca o pesquisador, que foi o primeiro a trabalhar com transferência de embriões, em 1982. Segundo ele, as vantagens da técnica são não precisar controlar o cio da vaca e obter maior produção de carne bovina. "O foco sempre foi melhorar os processos de reprodução em bovinos e, em paralelo, formar pessoas", pontua Gonçalves. "Tenho altíssimo nível de pesquisadores espalhados pelo mundo, a exemplo do meu primeiro aluno de mestrado, que é diretor do Centro de Biotecnologia da University of Illinois at Chicago", comenta.
Formado em Veterinária pela Universidade da Região da Campanha (1980), com mestrado em Ciências Veterinárias pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Gonçalves realizou doutorado em Fisiologia da Reprodução pela University of Illinois e pós-doutorado no National Institutes of Health.