Uma das artistas visuais mais influentes do País, Heloisa Crocco leva a "Topomorfose" - pesquisa que estuda o desenvolvimento e crescimento da madeira e suas texturas e é marca do seu trabalho - a Canela, na Serra. A instalação criada por ela irá "envelopar" o tradicional Laje de Pedra, que se prepara para ser o primeiro hotel da rede de luxo Kempinski no Brasil. O projeto será uma das maiores intervenções artísticas contemporâneas do Estado, de escala comparável à obra no Muro da Mauá, na Capital, com 400m de extensão.
O Casulo de Heloisa será o portal de acesso ao Mirante do Laje, espaço de gastronomia, arte e cultura, que tem inauguração do anfiteatro neste sábado (30), com apresentação de orquestra filarmônica e abertura da mostra fotográfica Alma imortal.
O nome é literal e poético ao mesmo tempo. Assim como na natureza, Casulo será um induto até o (re)nascimento: “Por muitos anos, a laje de pedra ficou escondida pela construção do hotel. Este foi o ponto de partida da ideia de “encasular” o existente para daqui três anos revelar a transformação. Pensei em um material da região, muito familiar ao meu trabalho e que quando for retirado será reaproveitado”, explica Heloisa.
A estrutura é grandiosa: cinco mil barrotes de pinus de reflorestamento sustentável, com 7 metros de altura por 200m de comprimento irão sobrepor painéis com arte da obra de Heloisa Crocco impressa em lona fosca envelopando o edifício existente. Os painéis trazem estampados mais uma aplicação de Topomorfose, a pesquisa icônica da artista e designer.
A instalação começou em 1º de setembro e deve ficar pronta até o final de outubro. Casulo irá envelopar o Laje de Pedra até a obra de retrofit do hotel ser finalizada, em 2024. A madeira que já passou pela transformação do reflorestamento e que teve um papel importante na colonização da região no século XIX, agora irá absorver novas marcas da passagem do tempo, transformando-se conforme o andar dos anos e traduzindo a pesquisa de décadas de Heloisa.
“A natureza, especialmente a madeira e o reaproveitamento, é o que rege meu trabalho. Existe esta fusão entre as linguagens arquitetura, arte, design e artesanato, isso sempre me interessou. Minha pesquisa é uma extensão da natureza aplicada a todas estas expressões. A integração entre as linguagens é um desdobramento natural”, define a artista.
Após a revitalização do hotel, o material será reaproveitado em áreas internas. A artista e o empreendimento irão envolver estudantes de escolas públicas e universidades locais para transformar os elementos brutos da natureza em novos objetos artísticos e decorativos.