Para o cantor e compositor Nei Van Soria, o Dia Mundial do Rock terá um sabor especial de reencontro. Depois de mais de um ano afastado dos shows presenciais, em decorrência da nada desejável pandemia do novo coronavírus, o roqueiro gaúcho promove uma apresentação em formato híbrido nesta terça-feira (13), a partir das 21h. Será possível assistir ao show O plano - parte 2 presencialmente, no estúdio da Cubo Filmes Porto Alegre (Rua São Mateus, 345), ou online, por meio da plataforma Cubo Play.
Para quem optar pela modalidade presencial, há a garantia da organização do evento de que serão seguidos os protocolos de segurança sanitária necessários. Os ingressos estão disponíveis em www.cuboplay.com.br, com valores entre R$ 20,00 e R$ 200,00 - todos dão acesso ao show na modalidade escolhida, mas há a possibilidade de valores maiores a partir da disposição do comprador em contribuir. O valor obtido vai todo para os músicos e para as equipes de luz, som e imagem envolvidas no evento - profissionais que, em sua maioria, enfrentam sérias dificuldades financeiras, na medida em que a Covid-19 limitou a quase zero os eventos presenciais.
Acompanhado pelos fiéis escudeiros Juliano Pereira (baixo) e Leandro Schirmer (bateria), Nei Van Soria vai passear por composições que estão na memória musical de qualquer apreciador de rock gaúcho, consagradas por bandas seminais como TNT e Os Cascavelletes. Clássicos que, é claro, saem potencializados pelo retorno da sinergia entre banda e plateia. "É o olho no olho que faz a mágica acontecer", define o vocalista e guitarrista, em papo telefônico com o Jornal do Comércio. "Mesmo com restrições e condições adversas, shows como esse ajudam a criar um canal de esperança de que a gente vai chegar do outro lado do rio, de que vamos fazer a travessia. É uma busca pelo reencontro", reforça.
No caso de Nei Van Soria, essa retomada tem diferentes camadas. O músico, que tinha recém-lançado o álbum Borderline (2020) quando a pandemia chegou ao Brasil, teve que deixar a agenda de shows toda de lado; esta será sua segunda apresentação neste ano, depois de uma live realizada no mês passado, também na Cubo Filmes. Além de tirar um pouco da ferrugem, a primeira experiência permitiu pensar em alternativas para fazer um espetáculo mais interessante - tanto para quem está presente quanto para os roqueiros que estarão em casa.
O principal truque, segundo ele, será a montagem do cenário, de tal forma que o palco esteja no centro, com o público presencial em volta da banda. Além de favorecer a interação em tempos nos quais a aglomeração ainda é indesejada, isso permite que as câmeras transmitam o show de um ponto de vista bem parecido com o do público, inserindo os fãs caseiros no clima do espetáculo. "Na primeira live, por mais que a gente fizesse um exercício de conversar com quem estava assistindo, acabava ficando um pouco com clima de programa de televisão. Agora, tudo que estiver em estúdio vai estar em cena, e os ângulos vão estar cruzados, com o companheirismo de quem está em casa e a cumplicidade de quem vai estar lá com a gente."
O show faz parte de um projeto em andamento do músico, que rendeu o lançamento de um videoclipe para a faixa O plano e que deve, no futuro, ganhar formato definitivo como um álbum de estúdio. Embora o compositor ainda não saiba muito bem de que jeito esse material vai ser posto na rua. "Estou sempre compondo", começa Soria. "Lancei essa primeira música para ver o que rola. Porque essa situação em torno das plataformas digitais e tudo o mais acaba trazendo esse questionamento: gravo um novo álbum, lanço as músicas como singles, como vou fazer? Há uma linha que une (as novas músicas), mas ainda não sei a resposta. Não há nada planejado para gravar as próximas, por enquanto. O que eu posso dizer é que o nome provisório-permanente é O plano e que possivelmente vai virar um álbum", resume.
Seja como for, a música vai seguir rolando, mesmo que ainda não se saiba em qual formato. Algo que dialoga com a volta dos shows presenciais. Afinal, será preciso recuperar a sintonia entre bandas e o público, que passou mais de um ano experimentando a música em formatos mais caseiros - e também mais cômodos. "As coisas não são certinhas, não ocorrem conforme planejado. A vida é feita de imprevistos, e sobreviver a esses imprevistos é o que faz a vida bela, apesar dessas adversidades", reflete Nei Van Soria. "O amanhã não existe, a gente está sempre no hoje, e por isso a decisão de fazer esse evento, mesmo que reunir as pessoas seja complicado. Algumas pessoas talvez vejam com um olhar mais crítico, mas eu tenho essa visão de que precisamos fazer a travessia. Estou louco para voltar para a estrada, é o que eu faço a minha vida inteira. Claro que temos que tomar todos os cuidados, mas penso que esse risco vai nos acompanhar por muito tempo, e que esperar que vá embora é uma ilusão e um desperdício de vida."