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cinema

- Publicada em 03 de Setembro de 2020 às 20:15

Estreia 'Três verões', com outra atuação brilhante de Regina Casé em filme nacional

Regina Casé e Jessica Ellen em cena da trama atual dirigida por Sandra Kogut

Regina Casé e Jessica Ellen em cena da trama atual dirigida por Sandra Kogut


VITRINE FILMES/DIVULGAÇÃO/JC
Estrelado por Regina Casé e dirigido por Sandra Kogut, estreia o premiado longa nacional Três verões. Nesta semana, o filme começou a ter sessões em drive-ins programadas em diferentes cidades brasileiras e a grade deve ser ampliada nos próximos dias. A partir de 16 de setembro, o título entra no Telecine e para aluguel no streaming (Now, Vivo Play e Oi Play).
Estrelado por Regina Casé e dirigido por Sandra Kogut, estreia o premiado longa nacional Três verões. Nesta semana, o filme começou a ter sessões em drive-ins programadas em diferentes cidades brasileiras e a grade deve ser ampliada nos próximos dias. A partir de 16 de setembro, o título entra no Telecine e para aluguel no streaming (Now, Vivo Play e Oi Play).
Pelo papel da protagonista Madá, uma caseira num condomínio de luxo à beira-mar, Regina Casé (que estava fazendo o maior sucesso com a novela Amor de mãe, à procura do seu filho Domênico, antes de a pandemia interromper as gravações na Globo) venceu troféus de melhor atriz no Festival do Rio, na Espanha e na Turquia. Através do olhar da personagem, o espetador acompanha o desmantelamento de uma família rica e poderosa em função dos dramas políticos que tomaram o País.
Completam o elenco Rogério Fróes (em atuação que soma muito à narrativa), Otávio Müller, Gisele Fróes e Jessica Ellen (que faz a filha adotiva da atriz no folhetim global).
Na trama, a cada verão, entre Natal e Ano Novo, o casal Edgar (Müller) e Marta (Gisele) recebe amigos e família na sua mansão espetacular para festas com amigo oculto, muita comida, bebida, música. Em 2015, tudo parece ir bem, mas em 2016, a mesma festa é cancelada, com uma viagem repentina da dona da casa. Através da perspectiva de Madá e de Seu Lira (Fróes), o velho patriarca que ficou para trás na mansão agora fantasma, como vítimas ingênuas que acreditavam nas aparências, Sandra Kogut apresenta um retrato do Brasil contemporâneo, imediatamente antes de 2018 (a Operação Lava Jato, por exemplo, é contexto). O País das obras superfaturadas, de notas de cimento que não acabam mais.
Três verões nasceu do desejo da diretora Sandra Kogut falar sobre o que vem acontecendo no Brasil nestes últimos anos através de personagens que estão geralmente num canto do quadro. Ou fora da tela. Os figurantes, os invisíveis. Aqueles que fazem piada quando um ricaço tem de andar de tornozeleira eletrônica ou é encaminhado para prisão domiciliar. Os sobreviventes que promovem um roteiro turístico de barco pela orla dos casarões que estão embargados, com os donos presos em operações midiáticas. 
É impossível assistir a este filme sem lembrar da importante personagem de Regina Casé em Que horas ela volta? (2015), de Anna Muylaert, a carismática empregada e ex-babá pernambucana Val. Com aquela obra, o espectador também via os diferentes pontos de vista de integrantes de classes sociais distintas, que muitas vezes, parecem opostas.
Regina Casé é um patrimônio da cultura popular brasileira, desde que começou a apresentar atrações autorais de entretenimento, com um olhar plural e jogando o holofote para outros segmentos não tão reconhecidos na televisão - o Programa Legal (depois Brasil Legal, em 1995-1997), passando pelo Muvuca (1998-2000) até chegar no Esquenta! (2011-2017). No meio desses trabalhos, com toda a graça que sua veia artística pode trazer, ela estrelou a comédia romântica Eu, tu, eles (2000), de Andrucha Waddington, outro título que faz um retrato genuíno do Brasil.
Em Três verões, seu nome consta nos créditos como colaboradora no roteiro de Sandra Kogut e Iana Cossoy Paro, ao lado de Hermano Vianna. A atriz parece improvisar muito nos diálogos das cenas. Madá é uma tradutora do mundo contemporâneo, apropriando-se das tecnologias, em busca do seu negócio próprio, lidando com as adversidades, mostrando o lado de quem descobre ser "laranja", popularizando expressões como condução coercitiva, data venia e primeira, segunda e terceira instâncias. 
Agora, felizmente, Regina voltou para a dramaturgia com tudo. Fica a torcida para que a grande repercussão da personagem Lourdes na novela de horário nobre da Globo desperte a curiosidade para suas atuações na sétima arte do País, que são primorosas. Além disso, ela tem optado por participar de produções com uma mensagem social e com o convite para enxergar um Brasil nem tão pomposo e requintado (hermético em suas porcelanas e taças de cristal, produtos importados e obras de arte indecifráveis), mas muito rico, assim como pautava nos seus programas.

Lançamento remodelado pela pandemia de Covid-19

Como Seu Lira, Rogério Fróes ganha destaque na narrativa de Três verões

Como Seu Lira, Rogério Fróes ganha destaque na narrativa de Três verões


VITRINE FILMES/DIVULGAÇÃO/JC
Depois de uma exitosa carreira em festivais nacionais e no exterior, o drama cômico Três verões iria entrar em cartaz no Brasil em 19 de março, em mais de 100 salas. Em Porto Alegre, o CineBancários chegou a anunciá-lo em sua programação, antes de ter que fechar as portas como medida de precaução à disseminação do novo coronavírus.
O longa teve estreia mundial no Festival de Toronto e foi exibido pela primeira vez no País na 43a Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, em 2019. Também passou pelo Festival do Rio e Antalya Golden Orange Film Festival, na Turquia.
O filme foi produzido pela República Pureza, em coprodução com a Globo Filmes, TeleCine e Canal Brasil, com apoio cultural da UNIP e distribuição no Brasil da Vitrine Filmes. "O fechamento dos cinemas na semana que Três verões estrearia trouxe preocupação pois havíamos investido muito na campanha para o filme atingir um grande público - o que parecia impossível com a pandemia. Mas a parceria com o Telecine foi fundamental para a gente repensar como atingir um grande público em todo o País e garantir um lançamento forte do filme. Assim, após o circuito de drive-ins, o filme estará disponível no streaming e seis canais do Telecine e também poderá ser alugado em operadoras como Now, Vivo Play e Oi Play", conta Felipe Lopes, diretor da Vitrine Filmes.

Após cinco meses de espera, o público finalmente poderá conhecer Madá, a protagonista do filme, interpretada por Regina Casé. “O Telecine sempre apoiou a exibição dos filmes no cinema, entendendo que é uma experiência única, capaz de formar e atrair novos públicos. Mas entendemos também que, cada vez mais, esse momento cinema pode se expandir para outras plataformas. Nosso objetivo é ser o hub onde se dá o encontro do público com seus filmes. A parceria com a Vitrine permite que, mesmo num cenário de salas fechadas, grandes títulos tenham a visibilidade que os realizadores, os talentos e o público merecem”, afirma Sóvero Pereira, Diretor de Conteúdo e Aquisições do Telecine.

“Acho que estamos em um momento de mudanças abruptas e esperanças, assim como acontece no filme, que fala exatamente sobre mudanças abruptas e esperanças. Um momento de inventar novas maneiras de fazer quando as coisas desmoronam. Ser criativo, não interromper o fluxo das coisas. O filme fala exatamente disso também. O que eu mais quero é que o filme chegue às pessoas, e ao maior número de pessoas possível", diz a diretora Sandra Kogut, que ainda completa: “Existem muitas maneiras de ver filmes, elas não de excluem, se complementam. A sala de cinema é o único lugar onde a gente vive a emoção individual e coletiva ao mesmo tempo. Mas nesse momento não é lá que podemos declarar nosso amor ao cinema. Os drive-ins são uma ideia genial para tempos excepcionais. Se espalharam pelo mundo todo. As pessoas adoram. Eu lembro deles da minha infância. Estou animadíssima em mostrar o filme no drive-in, em todas as telas possíveis, quero que o filme chegue onde ele sempre quis chegar: nas pessoas”.