Uma peça produzida no período das missões jesuítas no Rio Grande do Sul foi identificada em uma capela no município de São Martinho da Serra, no Centro do Estado. Trata-se de um busto de São Martinho de Tours de mais de 200 anos.
"Este pode ser considerado um exemplar único no Brasil deste modelo, no padrão da arte sacra missioneira jesuítico-guarani", afirma Edison Huttner, professor da Escola de Humanidades da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs), responsável pela descoberta.
Atualmente, existem outras quatro obras semelhantes: São Leão Magno e São Gregório Magno, que estão no Museu de Ciências Naturais de La Plata; e Santo Ambrósio e Santo Agostinho, que estão no Museu Jesuítico San Ignácio Mini, ambos na Argentina. Após um ano de estudos, Huttner viu na estátua características da arte sacra jesuíta, como barba, sobrancelha e cabelos no estilo barroco e túnica com relevo de arte de friso jesuítico-guarani.
A peça é composta de madeira policromada, posteriormente revestida de gesso e tinta. Há várias hipóteses para a origem da escultura. Ela pode ter sido trazida de Trindade, no Paraguai, onde estavam os bustos de São Gregório Magno e São Leão Magno, que apresentam o mesmo estilo e arte de confecção.
Outra possibilidade é de que estaria em uma antiga capela de São Martinho, que ficava próxima à Redução de Yapejú, na Argentina. Também pode ter sido produzida em São Borja, onde o artista José Brasanelli tinha um ateliê entre 1696 e 1706.