Paulo Afonso Pereira lembra-se perfeitamente do tempo de criança, nos anos 1950, quando vinha de Cruz Alta para Porto Alegre. Sua família costumava pegar o segundo voo diário do DC-3 da Varig, com chegada no fim da tarde no aeródromo São João, local ermo em que todos embarcavam num táxi para o Centro. Era deslumbrante penetrar na metrópole no momento que as lojas da avenida Farrapos acendiam os letreiros de neon. Simplesmente inesquecível.
Muitos anos mais tarde, o advogado Paulo Afonso sentiria um frêmito semelhante ao percorrer as avenidas iluminadas do Centro de Paris, com seus prédios de baixa estatura, mantidos intactos enquanto o crescimento da capital francesa era orientado para a periferia.
A emoção, de fato, era parecida, mas o tempo tornou simplesmente impossível comparar a Farrapos com a Champs Elysées, como chegou a acontecer nas primeiras décadas da avenida gaúcha.
Quem construiu a avenida Farrapos foi o prefeito José Loureiro da Silva, em seu primeiro mandato. As obras começaram há 80 anos, em 1939. Foi apontada como uma obra ousada para a época, considerando a largura da nova avenida e sua longa extensão.
Hoje em dia, verifica-se que, em vários momentos, a artéria não dá conta para o fluxo de automóveis, o que mostra que Loureiro estava certo em fazer uma avenida larga.
Inaugurada em 15 de novembro de 1940 com a presença do presidente Getúlio Vargas, a Farrapos mantém sua função original - corredor de tráfego para Canoas e outras cidades - mas perdeu quase todo seu primitivo charme.
"Falta de gestão, de planejamento, de disciplina urbana", sentencia Pereira. Presidente da Associação Comercial de Porto Alegre (ACPA), ele se sente de alguma forma corresponsável pelo que aconteceu não somente com a Farrapos, mas com outras vias públicas como a avenida Independência, desfigurada por construções "nada a ver" com a história do bairro.
Associada ao descuido dos gestores públicos, Pereira aponta a falta de recursos para promover mudanças, reciclagens e reformas da paisagem urbana. E nem se fale do fenômeno migratório que a partir dos anos 1950 fez milhões de pessoas se transferirem do Interior para a Região Metropolitana de Porto Alegre.
Foi nessa época que Walter Galvani chegou de Canoas para trabalhar na Cia. Jornalística Caldas Junior. "Não posso me referir à avenida Farrapos sem registrar meu deslumbramento com o clarão de progresso que sua abertura representou para os jovens canoenses", disse ele à reportagem.
Recomendado pelo amigo Lineu Medina Martins, que trabalhava na Revista do Globo, Galvani começou aos 18 anos na Folha da Tarde, da qual foi diretor de redação por longo período. Aos 85 anos, ele não voltou para Canoas: mora em Guaíba, que há 10 anos retomou o uso da hidrovia para se integrar à Capital.
Servida por uma múltipla rede logística que inclui novas avenidas, rodovias e o trem metropolitano para as cidades dos vales do Gravataí e do Sinos, Porto Alegre lacerou-se em seu processo desordenado de expansão. A Voluntários da Pátria, com mais de um século, é uma cicatriz que não cessa de sangrar.
Bem mais jovem, a Farrapos retrata o transe econômico da Capital: descaracterizada como morada viável para a classe média, perdeu substância como eixo comercial num momento em que o varejo e a economia de serviços, paradoxalmente, dominam a economia municipal após a migração do comércio atacadista e de indústrias para outras cidades.
Confrontado com esse panorama pouco alentador, Paulo Afonso Pereira reconhece que a cidade tenta reagir com projetos como o da recuperação do 4º Distrito, que compreende cinco bairros - Floresta, São Geraldo, Navegantes, Farrapos e Humaitá - contemplados com incentivos fiscais que já beneficiam algumas iniciativas na área cultural (Vila Flores, Bar Agulha) e gastronômica (Four Beer). No segundo semestre deste ano, a Lojas Lebes vai inaugurar uma megastore na Farrapos, onde hoje funciona uma agência do Bradesco.
Embora ande bem devagar, a revitalização do 4º Distrito vai mais rápido do que o projeto do Cais Mauá, "na agenda da cidade há 30 anos", lamenta Pereira
Lembranças de um passado glorioso
Comércio da Farrapos atraía inclusive compradores do interior do Estado
RONNY BLAS/ARQUIVO/JC
Hoje, em seu terço médio, a avenida Farrapos possui agências dos principais bancos brasileiros, mas nada nelas lembra o período glorioso em que a avenida foi sede de banco. Construído nos anos 1960 no nº 146 da avenida, esquina com Barros Cassal, o prédio de 15 andares sediou o Sulbanco, absorvido pelo Sul Brasileiro, que virou Meridional antes de passar ao controle do Santander.
Do primeiro ao 15º andar há escritórios de advocacia, consultoria ambiental e contabilidade, mas na base há três pavimentos para alugar. A Primus Imobiliária fixou em R$ 20 mil o aluguel mensal dos 1,2 mil metros quadrados disponíveis no térreo, mezanino e subsolo. O último inquilino foi o Senac, que pagava R$ 28 mil até se mudar, em 2018, para o Shopping Total, na vizinha avenida Cristóvão Colombo.
"Aceitamos propostas", diz Rafael Arriello, sócio-diretor da Primus, que reconhece as dificuldades no mercado, especialmente na Voluntários da Pátria e na Farrapos, as duas principais avenidas do 4º Distrito. Nos últimos anos, diversos espaços vagos da Farrapos foram ocupados por igrejas evangélicas como Despertai Cristo Vem, Ministério da Fé, Restauração, Lagoinha e Plenitude do Trono de Deus, na qual pontifica a bispa Ingrid Duque.
Embora mais perca do que ganhe no ranking das principais avenidas da cidade, a Farrapos se mantém ainda como um importante centro comercial de autopeças. O auge foi na década de 1960, quando liderava o comércio de acessórios para veículos. Suas lojas abasteciam a Capital e atraíam compradores do Interior que chegavam de ônibus, trem, automóvel, caminhão e até de avião.
Da Farrapos à Voluntários da Pátria, o "fervo" estendia-se até o Mercado Público. Para alguns dos chegados do Interior, a viagem à Capital incluía o pernoite em hotéis e pensões após incursões às boates da vizinhança. Na chamada Volunta, predominava o trottoir nas calçadas; na Farrapos, sob o neon das fachadas, o meretrício rolava mais discretamente no interior de boates como a Gruta Azul e casas vizinhas como Madrigal, Dragão Verde, Taj Mahal e Vermelho 27.
No fundo, o comércio de autopeças se apoiava bastante nos serviços noturnos dos arredores da superavenida - e vice-versa. "Levar clientes do Interior às boates e restaurantes fazia parte do esquema de atendimento das lojas", recorda um veterano comerciante que até hoje mantém um negócio de autopeças - não mais na Farrapos, mas numa transversal.
Da mesma forma, a prestação de serviços de hospedagem e afins foi uma forma periférica de reter parte do dinheiro que rolava na Farrapos. "O Hotel Umbu foi construído pelo dono da Casa Dico", lembra o contador Enio Tedesco, sócio de uma loja de peças de borrachas (Dipebor) fundada em 1954 na Farrapos, quando a Casa Dico era talvez a maior referência da avenida, ao lado da Cia. Geral de Acessórios e da Agroavião, que fornecia peças para veículos terrestres e alados.
Comerciantes abonados com os negócios no ramo de autopeças compravam apartamentos que serviam para encontros amorosos. Jorge Amarante, dono da Gruta Azul, quis fazer de uma nova casa, L'Atmosphère, o Canecão do Sul. Não vingou. Pouco depois, com a popularização do telefone celular, as boates começaram a perder movimento.
O editor Ayres Cerutti, 68 anos, lembra que a vida noturna de Porto Alegre muda de zona periodicamente. Quando se concentrou no alto da Protásio, foi a Barlândia. Dali foi para a Osvaldo Aranha, dando fama ao Bonfa. Hoje está na Cidade Baixa. "Pode ser que migre para o 4º Distrito", acredita ele.
Cronologia de um século de histórias
No início do século XXI, a arquiteta Simone Pretto Ruschel dedicou dois anos ao estudo das transformações da avenida Farrapos. Ancorado na Ufrgs, o trabalho foi consolidado em 200 páginas apresentadas em 2004 como dissertação de mestrado. Simone recuou aos primórdios do século XX para contar a história completa da avenida, incluindo as mudanças na arborização, modificações na iluminação, alterações na largura das pistas de rodagem e até o crescimento da prostituição em antigas áreas industriais, o que precipitou a degradação. Com base no denso trabalho da arquiteta, hoje funcionária da seção de patrimônio da Secretaria Municipal de Cultura, eis uma síntese dos principais momentos da avenida:
1914 - Com José Montaury (prefeito de 1897 a 1924), a Farrapos foi projetada com três pistas – uma central, rápida, em concreto, e duas laterais em paralelepípedo, totalizando 22 metros de largura, dimensão inédita para a época;
1929 - Na gestão de Alberto Bins (1928-1937), foi construída uma quadra da avenida entre as ruas Barros Cassal e Ernesto Alves;
1939 - Com o prefeito José Loureiro da Silva (1937-1943), foram retomadas obras da avenida, sob o comando do engenheiro Arnaldo Gladosch, vindo do Rio de Janeiro;
1940 - Em 15 de novembro, com a presença do presidente Getúlio Vargas, a Farrapos foi inaugurada oficialmente – eram seis quilômetros, da rua da Conceição ao início da Estrada de Canoas;
1941 - A grande enchente abala o comércio do Centro de Porto Alegre, inclusive trechos da Farrapos;
1956 - Atendendo a apelos da população, alarmada com a morte de pedestres em travessias, a Câmara aprova a construção de passagens subterrâneas - obras nunca executadas;
1958 - Em setembro, foi inaugurado o monumento Laçador no Largo do Bombeiro, junto à Avenida dos Estados. Em dezembro, a Ponte do Guaíba foi aberta ao tráfego;
1972 - O elevado e o túnel da Conceição “engolem” um pedaço do início da Farrapos;
1973 - Inauguração da BR-290 (Porto Alegre-Osório), cujo trecho inicial, de três quilômetros (avenida Castelo Branco), absorveu parte do tráfego antes concentrado na Farrapos;
1980 - O prefeito Guilherme Socias Villela (1975-1983) implanta o corredor de ônibus na pista central da avenida;
2013 - O monumento ao Laçador é transferido para a avenida de acesso ao aeroporto Salgado Filho;
2017 - O grupo Gerdau transfere seus escritórios da avenida Farrapos, 1.811, para São Paulo.
Poucas moradias e muita insegurança
Prédios abandonados e sujeira tomam conta da avenida
IVAN PINHEIRO MACHADO/DIVULGAÇÃO/JC
Embora deteriorada, a Farrapos resiste no seu papel original como grande corredor de tráfego. Em consequência disso, a poluição sonora e do ar expulsou os moradores que puderam se mudar para bairros mais sossegados. Comerciantes da vizinhança queixam-se da insegurança. Moradores têm medo de assaltos. Nada a ver com o local aprazível de outrora, quando a praça Florida, hoje dormitório de desempregados, era palco de jogos do campeonato estadual de basquete.
Nos primeiros anos da Farrapos, os proprietários de terrenos receberam incentivos fiscais para construir prédios de três a seis pavimentos que combinassem área comercial no térreo e moradias nos pisos superiores. Até hoje são prédios baixos que sustentam a maior parte do skyline da avenida, que começa pelo nº 17 (um prédio residencial denominado Novo Horizonte na esquina da rua da Conceição) e termina no nº 4.785 (um galpão fechado com correntes e cadeados).
Em alguns imóveis, cobertos por tapumes ou grades de aço, cartazes promocionais e pichações escondem as fachadas originais cuja arquitetura guardava traços do estilo art noveau. Em prédios que estão há décadas sem manutenção, roupas penduradas nas varandas e nas janelas denunciam a precariedade habitacional em quarteirões quase sem moradores. Aqui e ali veem-se sinais de depredação predial - janelas sem batentes e calçadas sendo usadas para fazer fogo, como latrina ou dormitório.
Imóveis ociosos deixam de pagar impostos e atraem desocupados que se acomodam em abas de antigos estabelecimentos comerciais ou circulam nas redondezas. Questionada, a Secretaria da Fazenda do município não tem dados sobre a inadimplência dos contribuintes do IPTU na Farrapos. Na Capital, o índice médio de inadimplência de 2017 foi de 7%.
O artista plástico e editor literário Ivan Pinheiro Machado fez recentemente um esforço fotográfico - dominical, em pleno verão - para retratar o que ele denomina "o lado B da Farrapos". São fotos que registram a degradação de largos trechos da avenida. Foram feitas para subsidiar jovens artistas que pensaram em fazer uma exposição-performance no Gasômetro. A ideia não prosperou quando todos se deram conta de que a prefeitura não abrigaria uma "denúncia" sobre o estado da grande avenida da capital. Em outro momento, talvez.
Peças para todos os carros
A via foi inaugurada oficialmente em 1940 por Getúlio Vargas
ARQUIVO /JC
Casa Dico - uma das primeiras revendas Chevrolet do Brasil, a Casa Dico era anterior à Avenida Farrapos. Teria começado em Ijuí em 1917, quando o transporte no interior do Rio Grande do Sul era feito predominantemente por tropas de burros, carretas puxadas por bois, trens ou barcos. Ao se transferir para Porto Alegre, Antonio Soares de Barros (o popular Seu Dico) marcou época no comércio da Capital.
Tanto que virou nome de uma travessa da Farrapos: rua Coronel Dico Soares de Barros, onde opera a Sinoscar, herdeira da marca automobilística e do prédio onde a matriz da Casa Dico vendia carros, pneus, peças e mil outros itens. Além da Sinoscar GM, sobrevivem na Farrapos duas revendas: Ribeiro Jung (Ford) e a Honda. A Dico fechou em 2003 com pouco menos de 100 funcionários, mas ainda está viva. A empresa vem pagando desde 2011 um Refis do qual restam 70 prestações, num total de R$ 2,38 milhões. Para honrar a dívida fiscal, foi vendido um imóvel.
Jolodi – remanescente da antiga Farrapos, a Jolodi foi um dos pontos mais procurados por quem precisava de peças para todas – todas – as marcas de veículos. Quando o lado comercial da Farrapos começou a bater pino, por volta de 1960, os proprietários abriram uma filial na Avenida da Azenha, novo ponto de autopeças de Porto Alegre.
Com a escassez de estacionamento, a Farrapos passou a reunir lojas e oficinas de motos. Originalmente, a Jolodi foi fundada por Joaquim Lopes Dias, que terminou sucedido por um ex-funcionário, Paulo Teixeira do Amaral - este, a deixou para seu filho, também Paulo Amaral.
Dipebor - fundada em 1954, a Dipebor foi inicialmente uma loja distribuidora de peças de borracha para o setor automotivo. Quando a Farrapos passou por uma primeira reforma em sua pavimentação, nos anos 1960, a Dipebor também abriu uma filial na Avenida Azenha. Teve lojas também na Assis Brasil, em Pelotas e em Dom Pedrito. Nessa época, o sócio-diretor Enio Tedesco previu que a reforma das pistas laterais da Farrapos prejudicaria o comércio. Dito e feito. “No park, no business”, ensina um ditado norte-americano: se não há lugar para estacionar os carros, fica difícil fazer negócios.
Enquanto a concorrência foi local, deu para a Dipebor ir levando. Houve um momento, porém, em que “o mercado gaúcho de autopeças começou a ser explorado por vendedores despachados pela indústria automobilística de São Paulo”, conta Tedesco, que teve quatro sócios.
Para se garantir contra a competição comercial, a Dipebor criou uma divisão especializada no atendimento de encomendas industriais, hoje sua única atividade, sem loja de balcão. Estabelecida na avenida Cairu, a Dipebor pertence ao engenheiro Edson Fraga, sobrinho de Tedesco, o único sobrevivente dos cinco sócios originais.
A Gerdau não mora mais aqui
Com a mudança para São Paulo, prédio do grupo está vazio
MARIANA CARLESSO/JC
Avenida Farrapos, número 1.811: um dos endereços mais antigos e emblemáticos de Porto Alegre passa por uma reciclagem desde que o grupo Gerdau, seu proprietário, transferiu seus escritórios para São Paulo. A medida foi anunciada em outubro de 2017, quando 120 funcionários davam expediente no prédio horizontal que ocupa a maior parte de um quarteirão do bairro Floresta.
Executada há 80 anos, a obra da Farrapos ainda está viva na memória de moradores da vizinhança. "A avenida cortou ao meio o terreno dos Gerdau", lembra o comerciante Enio Tedesco, que nasceu em 1929 e se criou numa rua dos arredores, de onde testemunhou o afã com que dezenas de carroceiros desciam a ladeira da São Pedro com a areia usada na pavimentação da Farrapos.
Além de aterramento, foi exigida grande drenagem. No buraco da jazida de areia, nos altos do bairro São João, seria iniciada anos depois a construção da igreja católica do Coração de Jesus, só inaugurada em 1961, no segundo mandato do prefeito Loureiro da Silva.
Hoje, o marco na avenida segue ali: uma extensa fachada de mármore da sede do maior grupo empresarial já formado no Rio Grande do Sul, emoldurado por firmes jerivás na calçada. Consultada, a assessoria de comunicação da Gerdau confirma que o grupo estuda propostas de venda ou de aluguel do prédio.
A saída do Laçador
De início acreditou-se que a estátua do Laçador voltaria à sua base original assim que ficasse pronta a obra (para a Copa do Mundo de 2014) do viaduto Leonel Brizola e da ligação da Avenida dos Estados com a Ceará. Contratada em 2012, a construção se arrasta há sete anos.
Agora falta pouco para ficar pronta, mas o consórcio responsável (de nome Farrapos) prevê deixar o local apenas em setembro, "se nos pagarem", como adverte um "capacete branco" acampado no antigo Largo do Bombeiro. Na nova paisagem que se desenha no final da avenida, sobressai o colorido do único estabelecimento comercial a sobreviver à guerra ali travada: um posto Ipiranga.
O Laçador de bronze, agora, irá passar por uma revitalização, e há indefinição sobre o retorno para seu atual posto, próximo do aeroporto Salgado Filho.
Geraldo Hasse é jornalista. Teve passagens por veículos como Veja, Exame e Guia Rural, todos na capital paulista. Também trabalhou em Curitiba, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Vitória e Florianópolis. Voltou para o Rio Grande do Sul em 2005 e já escreveu dezenas de livros-reportagem.
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