Autointitulado “último cinema de calçada” do circuito comercial de Porto Alegre, o tradicional Cine Victória (Av. Borges de Medeiros, 441) já tem data para encerrar as atividades. Ameaçado de fechamento desde agosto, o espaço foi requisitado ao locatário pela administradora do prédio e exibirá seus últimos filmes no dia 28 de novembro. Sem qualquer celebração ou ato especial, a data marcará o fim dos 78 anos de exibições no cinema, que foi inaugurado em 1940.
O administrador das salas, Luiz Carlos Maurente,
foi notificado há três meses de que teria de deixar o imóvel. O prazo inicial ia até 5 de setembro e, mesmo assim, as salas continuaram funcionando. De acordo com Maurente, os proprietários da Edifícios Reunidos propuseram um aditivo no contrato original, com aumento de mais de 50% no valor da locação. Como não houve acordo, entraram na Justiça para reaver a posse do espaço.
“Enfrentamos a todos para continuar em atividade, mas não foi possível. Ainda não fomos notificados, mas sabemos que foi concedida a liminar e teremos de sair”, lamenta Maurente. Os últimos filmes exibidos pelo Cine Victória serão Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald, Halloweeen e O Grinch.
À frente do cinema desde 2016, o administrador procura locais fora de Porto Alegre para continuar no ramo, mas diz que ainda não encontrou nenhuma estrutura adequada. “Conseguimos espaço em um município do interior, mas que estará disponível apenas em abril do ano que vem. Não temos como manter os equipamentos parados até lá”, explica.
Fundado em 1940 com o nome de Cine Teatro Vera Cruz, na esquina da Borges de Medeiros com a Rua General Andrade Neves, o local ficou fechado por três anos, entre 1950 e 1953, quando reabriu já com o nome de Victoria. Em 1999 foi transferido para o prédio em que funciona atualmente. Mais recentemente, o estabelecimento fechou as portas em fevereiro de 2015, mas passou por uma reforma e
voltou a exibir filmes no início do ano seguinte.
Maurente não foi informado sobre o que será feito no espaço, que comporta 350 pessoas e, antes das ameaças de fechamento, recebia entre 4 e 5 mil pessoas por mês. Procurada pela reportagem, a Edifícios Reunidos preferiu não se pronunciar.