Assim como no resultado na tela grande, fora dela, também é Osmar Prado que rouba a cena ao falar sobre 10 segundos para vencer, cinebiografia do lutador de boxe Éder Jofre exibido na mostra competitiva de longas brasileiros do 46º Festival de Cinema de Gramado. O ator paulista de 71 anos dá vida a Kid Jofre, pai e treinador do pugilista, que sempre afirmou que o transformaria em um campeão. “Usei a minha memória emotiva, dos conflitos com o meu pai, que queria me demover de seguir a carreira artística, assim como o do Eder, que queria estudar desenho profissional”, conta Prado, que arrancou aplausos de uma sala cheia durante a coletiva de imprensa no Hotel Serra Azul.
O veterano ainda destacou: “Tenho 60 anos de carreira. Sou aposentado pelo INSS, mas sigo com o mesmo entusiasmo. Este filme é um divisor da minha carreira”. Ele e Daniel de Oliveira, no papel do boxeador, trocaram elogios e se emocionaram durante o debate da obra, o que culminou em um abraço. “Eu atingi o que queria fazer com o personagem. Sempre lutando para dominar a emoção. O filme é honesto, limpo, como as lutas de Eder Jofre eram”, concluiu Osmar.
Daniel queria interpretar Éder Jofre no cinema há muito tempo. Ele teve uma intensa preparação física para o papel, e durante as filmagens, chegou a se machucar nas cenas de combate. “Ele aprendeu a apanhar para fazer o filme. Ficou com olho roxo de verdade”, afirmou o diretor José Alvarenga Jr.. O cineasta narra que a velocidade nas categorias de peso galo e peso pena, com cerca de 7 golpes por segundo, ajudou a montar as coreografias. “O filme de boxe não é feito no ringue, mas pelas pessoas que estão ao redor dele, que dão a dimensão de cada soco.”
O intérprete do protagonista também valorizou a equipe, dizendo que o cinema é feito por uma grande quantidade de profissionais. Daniel exaltou a questão de abordar limites no filme, focando na sobrevivência, como se ele fosse de fato um guerreiro: “Dou graças a Deus por ser ator e poder seguir fazendo esses personagens, continuar aprendendo com eles”.
Os realizadores e integrantes da equipe reforçaram que a trama central do enredo é a história da família, retratando em primeiro plano a relação do filho com o pai. “Os Jofre/Zambano eram um clã de lutadores. Houve 13 ou 14 tratamentos de roteiro, mas eu sempre tive muita liberdade”, relata o roteirista Thomas Stavros.
Angelina, mulher de Kid e mãe de Eder, é interpretada pela magnífica Sandra Corveloni. Ravel Andrade também está muito bem no papel do irmão doente do boxeador. Para o produtor Flavio Tambellini, talvez haja uma falta de autoestima para reverenciarmos figuras como Eder no cinema brasileiro. “Ele não bebia, não se drogou, foi casado a vida toda com a mesma mulher. Como vender um filme sobre um cara bom? Tem um culto do bandido.”
A produção foi viabilizada com investimento da Globo Filmes, Canal Brasil, Fundo Setorial do Audiovisual (FSA – Ancine), RioFilme e um único patrocinador. A estreia ocorre em 27 de setembro, com distribuição da Imagem Filmes. “Entra com 150 a 200 cópias, em princípio. Acredito muito em filmes que quebram paradigmas, o momento está péssimo. Mas esse filme é adulto, respeita a inteligência do espectador e também leva entretenimento”, avalia