O ano mal iniciou e o cinto já começou a apertar: inflação, juros altos, desemprego, somados a uma perspectiva de PIB negativo. Até aí nenhuma novidade, mas tem algo que começa a preocupar a maioria dos setores. O freio no consumo, fruto da insegurança das pessoas em relação ao futuro, potencializado pelo altíssimo nível de endividamento. Nunca foi tão difícil desenhar o cenário de curto e médio prazo, afinal, quem pode afirmar para que lado a economia vai ir?
A maior parte dos empresários já aceita a ideia de crescer pouco em 2022, mas desde que feche o ano no azul. O turnover segue elevado, e as funções nos organogramas das empresas, em boa parte, sendo questionadas. O mantra é fazer mais rápido, com menos gente, entregando muito mais qualidade. Isso tem cheiro de Coreia: "pali, pali", que significa algo como fazer "rápido, rapidinho". Produtividade tem que estar atrelada a performance - o que importa, na última linha, é o resultado. Todo esse cenário corrobora para olhar tudo e todos de forma mais verdadeira. Segundo Byron Sharp, autor do livro "Como as marcas crescem", estamos muito propensos a seguir e adotar premissas incorretas sobre como os consumidores compram e como o marketing funciona. Exemplos de equívocos:
a) Fazer alterações nas embalagens que confundem as pessoas e reduzem a capacidade de a marca ser notada.
b) Implementar ações de comunicação que não criam nem renovam estruturas de memória relevantes.
c) Deixar de pesquisar o que faz a marca ser notável.
d) Ensinar os consumidores a comprarem quando a marca está com desconto.
São várias questões sobre a mesa: o que eliminar, o que diminuir, o que aumentar e, essencialmente, no que investir? Sem um plano de voo fica bem difícil dar a ordem para decolar, no mínimo, reforça uma decisão irresponsável. É muito simplório justificar a dificuldade de definir uma estratégia apenas pelo fato do país estar rumando a uma eleição polarizada; querendo ou não, estamos face a uma real e profunda mudança de paradigma.
O resgate da "interessância" é a base para geração de fluxo, aumento da conversão e, consequentemente, para atingir um ticket médio maior. Tudo isso só tem uma solução: aceitar a verdade - que é hora de mudar. Agora, me conta, com toda a sinceridade:
1. Qual o futuro do seu negócio, o que será?
2. Você sabe onde sua marca decepciona o mercado?
Se sabe, ficará muito mais fácil eliminar o que não presta, diminuir aquilo que traz pouco valor, aumentar o que as pessoas desejam e, fundamentalmente, criar o que falta para gerar um salto de atração no seu negócio.
Temos nos dedicado, nos últimos tempos, a desenvolver uma ferramenta específica de "auditoria de marca", que tem como objetivo verificar se tudo aquilo que a empresa pensa estar fazendo certo, de fato é sedutor, e se está chegando na ponta de forma a encantar os clientes. Dói tomar consciência dos nossos limites; apesar dos sonhos, o que vale é a entrega real na ponta. Por isso, ser verdadeiro, falar a verdade e, principalmente, querer a verdade nunca foi tão importante. É dolorosa a decepção quando você constata o quanto o storytelling e a experiência (UX) são pouco significativos. É necessário acordar, antes que seja irreversível. Se você não sabe, estamos no ano em que falar a verdade é o que distinguirá as empresas líderes do futuro das demais.