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Dmae prepara nova fase de obras do Sistema de Água Ponta do Arado
Moradores de Belém Novo criticam retirada de praça
O Sistema de Abastecimento de Água Ponta do Arado, na Zona Sul de Porto Alegre, é a aposta da prefeitura para levar água a mais de 240 mil pessoas de 20 bairros, incluindo Restinga e Lomba do Pinheiro, que sofrem com o desabastecimento, especialmente no verão. A obra é de responsabilidade do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), com financiamento de R$ 250 milhões pela Caixa Econômica Federal.
Ao todo serão sete fases principais, com recurso do financiamento, e cinco complementares, custeadas pelo Dmae. Duas já estão em andamento: a implantação da adutora subaquática, para captação de água no Guaíba, e a construção da Estação de Tratamento de Água (ETA). A previsão é concluir todas as etapas em 2024, quando a capacidade de bombeamento de água passará dos atuais 1 mil litros por segundo do Sistema Belém Novo para até 4 mil litros por segundo na soma entre os dois sistemas.
Na segunda-feira, foi feito o cercamento de uma área na Prainha de Copacabana, que antecipa a próxima etapa dos trabalhos, ainda não licitada - a construção da Estação de Bombeamento de Água Bruta Ponta do Arado, ao lado da estrutura equivalente do Sistema de Abastecimento Belém Novo. A medida, no entanto, reacendeu o debate sobre o uso da área por moradores do entorno, que se manifestam contrários ao projeto como está sendo desenvolvido pela prefeitura. Além de perder o acesso à orla em frente a uma comunidade, os brinquedos de uma pracinha foram retirados.
"A comunidade está indignada. Por que destruir a única pracinha de lazer das crianças? Por que não construir a outra antes?", questiona o pescador Rosemar Soares, morador da comunidade. Ele afirma entender a necessidade da obra, mas pondera que poderia ser feita em outro ponto da orla. O mesmo argumento é usado pelo aposentado Luiz Armando Pedroso Rosa, morador da região: "disseram que é o melhor lugar para captar água, mas tem tecnologias novas para buscar e colocar em áreas próximas onde não tem habitação".
O diretor-geral do Dmae, Alexandre Garcia, explica que o projeto data de 2015 e a escolha pelo local considerou fatores como já ter uma estação de bombeamento, o que reduz o custo da obra – outras áreas próximas, segundo ele, não teriam a infraestrutura necessária. "É o menor custo, onde tem a melhor infraestrutura, a obra vai sair mais rápido e com menor impacto ambiental e social", afirma. A licença de instalação foi emitida pela Fepam em setembro passado.
A prefeitura informa que praça reclamada pela comunidade será transferida temporariamente para uma área pouco mais ao norte, onde também ficará o acesso para os pescadores. Após o término das obras, a área ao lado na nova Ebab vai ser revitalizada e receberá de volta a pracinha, churrasqueiras, pergolado e um píer.
A comunidade, no entanto, diz não entender porque criar uma estrutura provisória e mais distante – o acesso se dará por uma área de mata e fica longe dos “olhos da comunidade”: pessoas que cuidam informalmente das crianças. “Se quisessem revitalizar, já poderiam ter um local definitivo. Por que não fazer já?”, alega Rosa. Garcia diz que a prefeitura “tem consciência de que chega na área e transforma a vida das pessoas” e que não vai “virar as costas para os moradores locais”.