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Pensar a Cidade

- Publicada em 23 de Junho de 2021 às 01:53

Consórcio propõe derrubar muro da Mauá e usar estrutura móvel à beira do Guaíba

Arquiteto Renato Dal Pian detalhou a proposta em workshop realizado em Porto Alegre

Arquiteto Renato Dal Pian detalhou a proposta em workshop realizado em Porto Alegre


Bruna Suptitz/ESPECIAL/JC
Derrubar o muro que fica entre a Avenida Mauá e os armazéns do Cais, no Centro de Porto Alegre, é um desejo antigo da cidade, mas encontra resistência por motivo de segurança: a estrutura de concreto integra um sistema maior de proteção contra cheias do Guaíba. Erguido após a grande enchente de 1941, o muro cumpre uma função, mas também representa um empecilho na relação das pessoas com aquele trecho de orla.
Derrubar o muro que fica entre a Avenida Mauá e os armazéns do Cais, no Centro de Porto Alegre, é um desejo antigo da cidade, mas encontra resistência por motivo de segurança: a estrutura de concreto integra um sistema maior de proteção contra cheias do Guaíba. Erguido após a grande enchente de 1941, o muro cumpre uma função, mas também representa um empecilho na relação das pessoas com aquele trecho de orla.
A solução desse impasse - retirar o muro e garantir a proteção - pode ser o uso de uma estrutura móvel, acionada quando tiver previsão de cheia do Guaíba, e do outro lado dos armazéns, entre eles e a orla. Essa é a proposta - inédita - dos arquitetos Renato Dal Pian e Lilian Dal Pian. O escritório Dal Pian Arquitetos integra o Consórcio Revitaliza, responsável pelo estudo que irá definir o melhor uso para a antiga área portuária no Centro de Porto Alegre.
Caso seja adotado, o sistema removível protegerá também a estrutura do Cais Mauá, o que não existe hoje. “Em nome de se proteger a cidade, se entrega o Cais às enchentes”, provocou Renato em apresentação nesta terça-feira, dia 22, durante uma das oficinas sobre o projeto para a área. De fato, como está hoje, o muro garante que a água de uma potencial cheia não alcance o Centro, mas deixa desprotegido o patrimônio histórico e qualquer investimento que for feito ali.
Os arquitetos propõem então a criação de uma barreira física de até um metro de altura: essa será a metragem acima da cota atual na borda do Cais e mantém a relação visual com o Guaíba. Renato e Lilian explicam que a estrutura não seria estanque, e sim integrada à paisagem da área, em espaços que se alternam entre pequenos jardins e arquibancadas que possam ser ocupadas.
E, no caso de cheia, um alerta acionaria a necessidade de instalar a estrutura modular, chegando assim à marca dos três metros de altura do muro. Isso seria possível pois o ritmo de elevação das águas é lento e pode ser previsto (é a cheia dos rios da bacia do Jacuí que provoca a elevação das águas do Guaíba).
A inspiração vem de fora, sistemas semelhantes já são usados na Europa. O investimento será viável e vantajoso ao projeto, garantem os arquitetos, que informaram já ter buscado ao menos quatro orçamentos com empresas americanas e nórdicas, mas não abrem os valores. O serviço inclui, além do sistema modular e removível, derrubar o muro. A parte “enterrada”, também de três metros, fica. “Não é mera especulação, estamos nos embasando em dados concretos, factíveis”, afirma Renato.
Diferente do restante do estudo em andamento, que ainda é preliminar, a mudança do sistema de contenção de cheias de lugar é uma aposta do consórcio - alia a retirada do muro à proteção do patrimônio e valoriza o empreendimento futuro. Cabe debater, continua Renato, as vantagens e limitações da proposta. A recepção do público que assistiu a apresentação foi positiva.
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