Com frequência surgem a dúvida e as perguntas: onde investir em cenário de incerteza? Qual o melhor investimento? Minha carteira está adequada? Lamento informar que não existe resposta única ou genérica para essas perguntas.
Uma recomendação assertiva depende de uma série de informações que precisam ser coletadas antes de emitir qualquer sugestão ou opinião, seja quem for o profissional que está consultando.
O perfil de risco do investidor, o objetivo do investimento, horizonte de tempo, que outros ativos compõem a carteira de investimentos são algumas das variáveis que precisam ser conhecidas, analisadas e avaliadas a priori. Resposta pronta não tem.
Mas existe uma recomendação que posso dar, sem medo de errar, a você: reduza o custo de investir! Curiosamente, poucos investidores sabem quanto pagam para investir; alguns acreditam que não pagam nada. Não se engane, você paga para investir e não é pouco.
Quem investe em planos de previdência e fundos de investimento, por exemplo, paga taxa de administração ao administrador. Como a taxa é deduzida diariamente do valor da cota do fundo, talvez explique (mas não justifica) por que o investidor não tem clareza de quanto está pagando pelo serviço. A informação está disponível na "lâmina" do produto e no site da instituição, listada entre os demais produtos ofertados.
A taxa é expressa em % ao ano e incide sobre todo o capital investido. Ué, mas não é sobre os rendimentos? Não, caro investidor, o custo incide sobre todo o capital investido, razão pela qual é preciso ficar atento.
Nas acumulações de longo prazo, crescem a importância e o impacto desse custo. Quem paga 2% ao ano, por exemplo, deixa 20% do capital em dez anos para o administrador do produto. Em 20 anos, 40% do seu patrimônio foi entregue ao prestador do serviço.
Evidentemente que devemos pagar pelo serviço prestado, especialmente quando o atendimento é bom, e a gestão, competente. Entretanto, existe amplo espaço para negociação.
Os pequenos investidores que limitam suas aplicações ao mercado de renda fixa e que ainda não têm montante elevado para barganhar por melhores condições podem investir no Tesouro Direto com custo de 0,25% ao ano. Esse é o parâmetro que devemos ter em mente. Para pagar mais, deve haver outro valor agregado ao serviço prestado que justifique o pagamento.
Quem investe em depósitos bancários, como CDB, LCI e LCA, não paga taxa de administração, mas isso não significa que esteja isento de custo. A instituição financeira ganha no spread da operação. Um CDB cotado a, por exemplo, 85% do CDI retira do bolso do investidor 15% da rentabilidade cheia.
Exemplificando e supondo taxa de 6,50% em um ano, o investidor em Tesouro Selic recebe 100% da rentabilidade menos 0,25%, ou seja, 6,25%. Quem optou pelo CDB a 85% receberá 5,525%. Ambos sujeitos à incidência do Imposto de Renda.
Quem prefere LCI ou LCA não paga Imposto de Renda, mas não deixa de pagar para investir, o custo está embutido na cotação da operação (% do CDI), assim como no caso do CDB.
No longo prazo, faz diferença enorme pagar 0,25% ou 2% ao ano. Suponha investir R$ 500/mês com rendimento bruto mensal (antes das despesas e do IR) de 0,4%, por dez anos. No vencimento, o primeiro terá R$ 75.800; o segundo, R$ 69.150.
Em 20 anos, o primeiro terá R$ 195.171, e o segundo, R$ 160.613, deixando na mesa
R$ 34.558, por ter dedicado pouca atenção ao custo de investir.
Sabe qual é o único produto isento de custo, literalmente grátis? A poupança!
Planejadora financeira CFP ("Certified Financial Planner"), autora de "Finanças Pessoais: O Que Fazer com Meu Dinheiro"