Começou a ser testado essa semana em Porto Alegre o uso de drones pulverizadores para desinfetar áreas públicas que, por ventura, possam ter sido contaminadas pelo Covid-19. A iniciativa envolve a Prefeitura de Porto Alegre, o Pacto Alegre, a CapTable e a Skydrones, entre outros parceiros.
A primeira experiência aconteceu na terça-feira pela manhã, no Parque Harmonia, ao lado do Galpão Crioulo, e na beira do Guaíba. E os resultados foram promissores. “Fizemos o primeiro voo e, tecnicamente, está validado. Essa é mais uma tecnologia do nosso arsenal que poderá vir a ser usada caso haja necessidade”, comenta o coordenador do Pacto Alegre, Luiz Carlos Pinto da Silva Filho.
Drone é da gaúcha SkyDrones, com larga experiência neste tipo de equipamento
A mesma visão tem o diretor de inovação da Prefeitura de Porto Alegre, Paulo Ardenghi, que acompanhou in loco o voo. “Acredito que, se tivermos uma situação mais extrema, poderemos usar essa tecnologia. Faremos mais testes, mas pelos resultados preliminares vimos que é seguro”, comenta. Ele conta que esse trabalho de validação do produto usado para desinfetar está sendo feito junto com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e a Secretaria Municipal da Saúde.
O drone é da gaúcha SkyDrones, com larga experiência neste tipo de equipamento. Os primeiros testes foram feitos com o Pelicano 2020. O CEO da empresa, Ulf Bogdawa, explica que, pelas regras da ANAC, o equipamento pode decolar com até 25kg. No caso do voo experimental, foram 10kg de produtos químicos.
“Acreditamos muito nesta tecnologia para desinfetar áreas públicas como parques, ruas e estádios de futebol”, analisa. A recomendação é que a aplicação seja feita na ausência de público, porém, após um tempo muito curto, o local pode ser normalmente utilizado.
Um drone possui a capacidade de aplicar diariamente uma média de 25 hectares de forma automática – através de GPS e aplicativo – ou de forma controlada, pelo rádio controle e piloto treinado. Segundo o empresário, as vantagens são a alta eficiência – um drone substitui 10 pulverizadores costais - controle de área aplicada, histórico digital de aplicação e segurança, pois existe menos contato humano com a operação.
A iniciativa de Porto Alegre foi inspirada na China. Aliás, foi de lá que veio o protocolo de aplicação química que está sendo usado pela Skydrones. A professora do Instituto de Química da Ufrgs, Nádya Pesce da Silveira, explica que a meta era encontrar um material com alto poder desinfetante, preço adequado para aplicação em larga escala e com baixo impacto ambiental.
O resultado é um produto com liberação instantânea de cloro para a desinfecção, que atua por cerca de um minuto e não apresenta toxicidade após o período de ação. Algo similar ao desinfetante doméstico, porém mais concentrado. “Pelos nossos testes, o drone dispensa o material com alto poder desinfetante, ele age em pouco tempo e depois se torna inativo quimicamente”, conta a especialista.
Caso cheguemos a uma situação mais crítica na cidade e essa aplicação precise ser feita para combater pandemia do Covid-19, Bogdawa diz que a Skydrones terá como disponibilizar de quatro a seis drones para o município. O Pelicano já havia sido usado em 2016 como ferramenta de controle ao mosquito Aedes aegypti. Na época, chegou a ser chamado de Zika Killer.
Luiz Carlos explica que a iniciativa do drone pulverizador faz parte do Start Health, que reúne o ecossistema de inovação local e que envolve três grandes eixos de ação. Um deles é o Covid-19 Hackathon Online, liderado pela GROW+. O segundo, anunciado essa semana, é o edital para buscar de startups com soluções inovadoras em saúde para combater o Covid-19. E a terceira ação é a de começar a buscar iniciativas em que se possa fazer uma prova de conceito rápida, como essa iniciativa com a SkyDrones. “Empresas, universidades e poder público estão mobilizados para conseguirmos vender esse desafio do Covid-19”, aponta.