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Mercado Digital

- Publicada em 18 de Março de 2020 às 18:20

A intoxicação com notícias falsas aumenta a ansiedade, alerta psiquiatra

Spanemberg é psiquiatra e professor da Escola de Medicina da PUCRS

Spanemberg é psiquiatra e professor da Escola de Medicina da PUCRS


ARQUIVO PESSOAL/DIVULGAÇÃO/JC
Assim como acontece com um computador, o nosso cérebro também satura de informações. Se elas forem ruins, então, as consequências para a saúde mental tem potencial de serem ainda piores. É o que temos enfrentado com a pandemia do Coronavírus.
Assim como acontece com um computador, o nosso cérebro também satura de informações. Se elas forem ruins, então, as consequências para a saúde mental tem potencial de serem ainda piores. É o que temos enfrentado com a pandemia do Coronavírus.
“As pessoas estão sedentas por informação qualificada, mas ficam à mercê de consumir fake news nas redes sociais, e isso gera ainda mais ansiedade. É preciso racionalidade”, sugere o professor da Escola de Medicina da PUCRS, psiquiatra e diretor da Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul (APRS), Lucas Spanemberg.
Jornal do Comércio – Como as redes sociais contribuem e como agravam a crise em tempos de pandemia de coronavírus?
Lucas Spanemberg – Vivemos uma situação sem precedentes para a nossa geração, não temos muitos parâmetros de como lidar. Na televisão, nos jornais e na internet, o tema está palpitando e transbordando da mídia para a nossa vida. Por um lado, a possibilidade de usarmos essas ferramentas sociais como forma de comunicação facilita muito, na medida em que as pessoas estão sendo desencorajadas a se falar pessoalmente. É uma condição de informação e consequente prevenção que não tínhamos há 50 anos. Por outro lado, tem a intoxicação das notícias falsas, e de toda ansiedade que isso traz, fazendo com que as pessoas tirem conclusões precipitadas. Em alguns casos, os indivíduos, por suas próprias dificuldades e conflitos, pegam as informações que recebem e distorcem. As pessoas estão sedentas por informação qualificada, mas ficam à mercê de consumir porcarias, e isso gera mais ansiedade. Importante muito cuidado e racionalidade para que esse ciclo vicioso de ansiedade não vire pânico.
JC – Qual a consequência desse excesso de informação a que temos acesso hoje em dia?
Spanemberg – O excesso de informação satura a nossa capacidade de capturar informações e de fazer escolhas. Estamos sensibilizados, absorvendo muitas coisas e precisamos ter parcimônia e, até mesmo, contato controlado com a informação. Uma dica é deixar consultar a internet uma vez por turno, por exemplo.
Jornal do Comércio – Como manter a saúde mental em tempos de coronavírus?
Lucas Spanemberg – Um dos principais dilemas agora é a solidão, a sensação de desemparo. Essa recomendação de isolamento foi tomada em nome de um valor maior, que é preservar vidas, mas ao mesmo tempo se choca com uma necessidade básica do ser humano que é ser social. É uma disrupção de tudo que conhecemos de relações humanas estruturadas. Temos uma crise instalada, um período difícil e precisamos de bons líderes e boas instituições para passarmos por isso.
JC – Como usar bem esse tempo em que estamos mais em casa?
Spanemberg – Podemos dar uma velocidade diferente para a nossa vida e nos reconectarmos. Dê uma parada, volte para casa, leia um livro. Vivemos uma movimentação solidária como há muito tempo não tínhamos. À despeito da solidão e da necessidade física de estarmos mais sozinhos, o mundo está conectado com um inimigo comum.
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