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'Precisamos formar pessoas capazes de resolver problemas', aponta Mônica Timm
Mônica alerta que ensinamentos e incentivo à leitura devem começar em casa
CLAITON DORNELLES/JC
Patricia Knebel
Seres humanos trabalhando e competindo com robôs, automação em larguíssima escala nas empresas e novas profissões surgindo. E então, como vamos nos adaptar a viver nesse mundo de transformações cada vez mais velozes? “Educação, educação, educação”, responde sem titubear a CEO da plataforma de leitura Elefante Letrado, Mônica Timm. Ela é a personagem desta semana da série Mentes Transformadoras.
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Seres humanos trabalhando e competindo com robôs, automação em larguíssima escala nas empresas e novas profissões surgindo. E então, como vamos nos adaptar a viver nesse mundo de transformações cada vez mais velozes? “Educação, educação, educação”, responde sem titubear a CEO da plataforma de leitura Elefante Letrado, Mônica Timm. Ela é a personagem desta semana da série Mentes Transformadoras.
Temos um longo caminho pela frente para conseguir recuperar o terreno perdido nas últimas décadas, e é preciso acelerar. Até porque, segundo a mestra em Gestão Educacional, as pessoas ainda estão sendo formadas em um modelo de ensino do passado, muito centrado na figura do professor, com aulas monolíticas e em lotes iguais para todos.
> Assista ao vídeo com a íntegra das opiniões de Mônica Timm
"Incentivar novos processos de pensamento e estruturas mais complexas de raciocínio na vida dos indivíduos para que eles consigam responder aos desafios do mundo que vem aí é um caminho irreversível", diz. Isso significa trabalhar na sala de aula, desde cedo, com projetos interdisciplinares que provoquem questionamentos e apresentem problemas a serem resolvidos pelos alunos.
Também precisamos considerar mais fortemente a inserção da linguagem computacional, o que para muitos ainda parece coisa de ficção científica ou algo restrito aos países mais desenvolvidos. E não é. “Hoje no Brasil o conhecimento matemático ainda é de poucos. E isso é preocupante se pensarmos que o século 21 é o século da ciência, da biotecnologia, da codificação e das tecnologias da informação”, avalia Mônica.
> Podcast: ouça a entrevista completa
Isso pode ser decisivo na formação de talentos alinhados com as demandas atuais do mercado de trabalho na medida em que o pensamento lógico-matemático e a racionalidade elevam a criatividade, a capacidade de disrupção e o pensar fora da caixa. Basta vermos os exemplos de gigantes de tecnologia e startups inovadoras nos trazendo todos os dias o novo.
Mônica avalia que a formação de mais pessoas vinculadas à ciência e tecnologia é estratégica, inclusive, quando pensamos na capacidade de o Brasil conseguir competir e colaborar. “Se não for assim, é grande o risco de ser irrelevantes no cenário mundial. O que aguarda as pessoas que não tiverem uma cidadania feita à base da ciência e da capacidade de resolver problemas?”, questiona a CEO do Elefante Letrado.
Outro risco de não preparamos corretamente as pessoas é o das iniciativas de desenvolvimento não ganharem tração. Mônica viaja bastante observando os modelos de educação e graus de maturidade em cada estado e país. E quando passa pelo Rio Grande do Sul, qual o sentimento? “Sinto tristeza pelo meu Estado e pela minha cidade. Já foram feitos vários movimentos para tentar inserir a inovação e a tecnologia no nosso processo de desenvolvimento, mas talvez o que tenha faltado é justamente preparar as pessoas”, analisa.
É preciso uma mudança de mentalidade não apenas nas instituições de ensino, mas nos ensinamentos que começam em casa. Segundo ela, muitos pais ainda protegem as crianças, quando o caminho poderia ser outro. “É importante que desde cedo a gente aprenda a cair a levantar, a correr atrás e nos frustrarmos, a ganhar e perder. “É isso que habilita uma pessoa a viver no mundo real”, analisa.
Os reflexos disto impactarão positivamente a sociedade como um todo. “Não adianta exigir educação para a cidadania se a gente não consegue ter o compromisso com a aprendizagem. Ser cidadão é ser leitor. Se não consigo fazer com que o meu aluno se transforme em um leitor, dificilmente ele vai ser um transformador da sociedade”, aponta Mônica.
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