Ferrovia no MT vai começar a sair do papel após 10 anos

Obras terão início na cidade de Mara Rosa, em Goiás, onde os trilhos vão se conectar à malha da Ferrovia Norte-Sul

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Ferrogrão é vista por ambientalistas como um dos empreendimentos de maior potencial de impacto no País, junto com a exploração de petróleo na foz do rio Amazonas
Uma nova ferrovia vai começar a desenhar seu traçado sobre a malha logística nacional, para mexer um bocado com o tabuleiro do escoamento de grãos do País. Projetada há mais de dez anos, a Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico) terá seus primeiros dormentes lançados sobre o solo daqui a dois meses.
As obras terão início na cidade de Mara Rosa, em Goiás, onde os trilhos vão se conectar à malha da Ferrovia Norte-Sul, que já está em operação. Partindo desse ponto, a Fico avançará rumo a Mato Grosso, em um trajeto de 383 quilômetros, até chegar ao município de Água Boa (MT), na região do Vale do Araguaia, que hoje registra as maiores taxas de expansão agrícola no estado.
A execução das obras está por conta da mineradora Vale. A companhia assinou um contrato com o governo no fim do ano passado, com previsão de investir R$ 2,73 bilhões na Fico, no prazo de quatro anos estimado para sua conclusão.
O acordo firmado entre a empresa e o Ministério da Infraestrutura se deve à decisão do governo de permitir que as atuais concessionárias de ferrovias do País façam a renovação antecipada de seus contratos.
A proposta, que era estudada desde 2017, autoriza que concessões de 30 anos realizadas na década de 1990 - e que só venceriam entre 2026 e 2028 - sejam renovadas agora, por mais 30 anos. Como contrapartida, essas empresas se comprometem a expandir as malhas onde já atuam, além de fazerem o chamado "investimento cruzado".
A Vale concordou em fazer a obra, após conseguir autorização para renovar antecipadamente duas concessões já operadas por suas empresas de logística, a Estrada de Ferro Vitória-Minas, na Região Sudeste do País, e a Estrada de Ferro Carajás, no Maranhão.
Quando a empresa terminar a obra, entregará o empreendimento para o governo, que vai fazer leilão para conceder a operação da ferrovia a qualquer companhia interessada em atuar no traçado.
Com os recursos da União completamente esgotados, esses acordos se transformaram em um atalho para levar os projetos adiante, com expansão e renovação da malha logística. Além de ter um novo ativo sob seu controle, a União ainda pode arrecadar alguns bilhões com o leilão de sua concessão.
"Como a Fico já tem licença de instalação para todo seu traçado, está tudo pronto para começar as obras. A gente acredita que, em maio, já serão dadas as primeiras ordens de serviço", disse ao Estadão o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas.
Por meio de nota, a Vale confirmou que já deu início às atividades relacionadas à pré-implantação da obra, com ações de sondagem de campo, desenvolvimento do projeto executivo e contratação de empresa de engenharia. "Em paralelo, a companhia aguarda a emissão da posse de terra referente aos 30 quilômetros iniciais da ferrovia, sob responsabilidade do governo federal, para iniciar a etapa seguinte do empreendimento, voltada à construção da infraestrutura da via férrea", declarou.
O novo ramal ferroviário deve ajudar a reduzir um pouco a pressão sobre as duas principais vias de escoamento de grãos de Mato Grosso, as Rodovias BR-163 e BR-158. Neste ano, a exemplo do que sempre ocorreu com a BR-163, a BR-158 ganhou o noticiário nacional, com seus trechos de lama e filas intermináveis de caminhões atolados.
Hoje, as ferrovias respondem por cerca de 15% do transporte de cargas do País. A atual meta do Plano Nacional de Logística - que tem grande chance de ser comprometida por causa da incapacidade de investimentos do governo - é de que essa participação chegue a 30% até 2025.
O Brasil direciona entre 0,6% e 0,8% de tudo aquilo que produz anualmente para o setor de transportes. Para melhorar minimamente as condições da logística atual, teria de ampliar essa fatia para 2,5% do PIB.

Programa Despoluir e projetos do Sistema CNT reforçam o foco em ações que buscam a sustentabilidade

O setor do transporte brasileiro busca promover, mediante ações práticas, claras e responsáveis, a eficiência energética, a fim de gerar ganhos ambientais e econômicos.
Dessa forma, é fundamental defender a disponibilidade de um combustível que seja compatível com as reduções de emissões e que não comprometa o desempenho da atividade transportadora. Este é o cenário que a Confederação Nacional do Transporte (CNT) vislumbra e defende.
Por isso, é preciso nesse momento, avançar no diálogo sobre o biodiesel, de forma que se tenha um combustível que evite danos ao meio ambiente e também à mecânica dos veículos.
Com o intuito de ampliar e promover a performance ambiental do setor transportador e amenizar ou, até mesmo, evitar os impactos ambientais advindos da sua atividade, a CNT, em parceria com o SEST SENAT, criou, há mais de 13 anos, o Programa Ambiental do Transporte - o Despoluir.
Ao longo de sua trajetória, foram mais de três milhões de avaliações veiculares ambientais, atendendo mais de 55 mil transportadores, engajando-os em ações de responsabilidade ambiental e contribuindo para a melhoria da qualidade do ar, especialmente nos grandes centros urbanos.
O uso de tecnologias e energias limpas no transporte é uma das linhas de atuação mais importantes do Programa para alavancar a adoção de tecnologias e inovações mais sustentáveis pelo setor de transporte.
Entre as iniciativas em curso, estão a elaboração e a divulgação de materiais informativos, que explicam os benefícios de alternativas sustentáveis e a forma de utilizá-las. Com essa iniciativa, os transportadores são atualizados acerca das oportunidades para o setor, além de auxiliá-los em sua adaptação a mudanças tecnológicas ou de fontes energéticas que trazem ganhos operacionais e à qualidade de vida.
Como parte integrante do portfólio de temas relacionados a energias limpas, a CNT já publicou, entre outros informes, os Guias Rápidos sobre o uso correto do Agente Redutor Líquido Automotivo - Arla 32, os Procedimentos para a Preservação da Qualidade do Óleo Diesel B e Os Impactos da Má Qualidade do Óleo Diesel Brasileiro, além de outros materiais de conscientização sobre essa temática. Conteúdos gratuitos e de domínio público, com reconhecimento, inclusive, internacional.
O empenho do Despoluir e a parceria que o programa viabiliza com as empresas de transporte, caminhoneiros autônomos e organizações nacionais e internacionais têm sido fundamentais para o sucesso da confederação na busca pelo caminho da sustentabilidade e do desenvolvimento ambiental do setor transportador.