Reduzir emissões tóxicas é hoje uma meta tão presente em Pequim quanto o desenvolvimento econômico. É fato que, durante muitos anos a China, priorizou a expansão de sua produção industrial em detrimento do meio ambiente. Mas também é inegável que faz grandes esforços para reduzir a poluição no país.
Há 10 anos, quando estive aqui pela primeira vez, vi Pequim de uma forma obscura, apesar de suas tantas belezas. A cidade era coberta por uma névoa cinza, os olhos ardiam bastante e quase todo mundo usava máscaras faciais para poder respirar um pouco melhor. Eventualmente, os olhos ainda ardem, mas com muito menos frequência, e as máscaras agora são um adereço respiratório de uma minoria. A cidade visivelmente está mais clara e verde. No entanto, as máscaras ainda ocupam lugar de destaque nas farmácias.
A preservação ambiental é uma das prioridades do governo Xi Jinping, que tem fechado centenas de empresas poluidoras e imposto pesadas sanções e prisões a quem desrespeita a legislação. As multas totais a empresas poluidoras atingiram 11,58 bilhões de yuans (US$ 1,81 bilhão) no ano passado. O valor corresponde a 233 mil casos de poluição em 2017, um aumento anual de 69% em comparação com um crescimento de 33% e 42% em 2015 e 2016, respectivamente, de acordo com a Xinhua, agência oficial de notícias do governo. No lado macroeconômico, o governo está incentivado a troca do carvão por geração de energia sustentável, como a solar.
E não são apenas os chineses que atestam que a política de combate ao descaso ambiental vem dando certo. Estudo divulgado em março deste ano pela Universidade de Chicago mostra que o programa adotado pelo gigante asiático há mais de quatro anos vem dando resultado até mesmo acima das metas. O estudo aponta que, quatro anos após o premiê chinês Li Keqiang ter declarado uma "guerra contra poluição", o governo cumpriu suas promessas de melhorar qualidade do ar. A pesquisa norte-americana usou dados diários de mais de 200 monitores em todo o país de 2013 a 2017, nas áreas mais povoadas da China, para atestar a redução.
De acordo com dados apresentados neste ano por Li Ganjie, ministro da Ecologia e Meio Ambiente, ao Comitê Permanente da Assembleia Popular Nacional, em 2017, a proporção de dias com boa qualidade do ar ficou em 78% e a densidade dos principais poluentes caiu bastante. O relatório reconhece que a poluição ainda é grave em várias províncias como Hebei, Shanxi e Shandong, de acordo com a agência de notícias do governo.
O êxito do país na redução da contaminação do ar e das águas foi pauta da Conferência Anual Global do Fórum Eco Guiyang 2018, na última semana, em Guiyang, capital da província de Guizhou, sudoeste da China, uma das mais verdes do país.
"Vale destacar que temos obtido crescimento econômico ao mesmo tempo em que reduzimos as emissões de poluentes", enfatizou a vice-premier chinesa Sun Chunlan, também membro do Birô Político do Comitê Central do Partido Comunista, na abertura do evento, que cerca de 2,4 mil pessoas e representantes de mais de 30 países.