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Preste atenção nesta empresa: JD.com
Gigante chinesa do e-commerce tem muito a ensinar aos brasileiros
Apesar de ainda não estar presente no Brasil, a gigante chinesa do e-commerce JD.com é uma companhia à qual empresários e gestores brasileiros devem estar atentos e conhecer. No ranking das 10 mais valiosas marcas de tecnologia do mundo, a chinesa JD.com foi a que mais se valorizou ao longo de 2017, segundo ranking BrandZ Top 100, do WPP/Kantar, companhia inglesa de pesquisas de mercado e consultoria.
A JD.com é, de certa forma, o oposto do já famoso AliExpress (pertencente a outro gigante chinês, o Alibaba Group). A JD opera apenas com produtos originais (isso é uma regra dentro da empresa), tudo o que vende está em seus estoques próprios (enquanto o AliExpress é uma plataforma de milhares de vendedores), e é ela mesma quem faz suas entregas, com um impressionante sistema logístico (na AliExpress, cada vendedor é responsável pelo envio de suas mercadorias, nem sempre de forma eficiente).
A logística de entrega da JD.com é um de seus fortes. E, por isso, a expansão para a América Latina ainda deve demorar um pouco. A JD vai até onde ela pode entregar por conta própria, digamos assim. Na China, ela chega às mais remotas aldeias com entrega por drones. Sim, desde 2016, antes mesmo da Amazon, começou seu sistema delivery pelos ares.
Na JD.com, as pessoas podem comprar de frutas a sapatos, produtos eletrônicos e uma infinidade de coisas. Para se ter uma ideia da confiança da empresa em sua logística, as compras entregues incluem até mesmo sorvetes e frutos do mar frescos - produtos altamente delicados e sujeitos a danos por demora ou mau acondicionamento. "Cerca de 90% das entregas são feitas no mesmo dia ou no seguinte, no máximo. Se o pedido for feito na primeira hora do dia, será entregue na mesma manhã", assegura Gloria Li, vice-presidente de comunicações internacionais da companhia.
Desde 2015, a JD entrega com drones em duas províncias (começou com distribuidores locais, especialmente em locais inóspitos, para levar produtos com até cerca de 40 quilos). Veículos inteligentes que fazem a entrega sozinhos em áreas urbanas estão em testes. Em 2015, quando a empresa começou a desenvolver e adotar novas tecnologias de armazenamento, logística e entrega, surgiram questionamentos sobre a questão dos empregos. "O desenvolvimento e o uso de robôs e de Inteligência Artificial apenas liberaram trabalhadores de atividades pesadas e que exigiam mais esforços físicos. E também permitiu à empresa crescer e gerar mais postos de trabalho", destaca Gloria.
A empresa, além de vender, é um canal de marketing, big data (grande conjunto de informações) e logística de distribuição para seus parceiros. Os grandes dados sobre o que buscam os consumidores, como reagiram à compra e outras centenas de dados, servem como ferramenta para empresas e marcas parceiras. Conhecer bem o produto que vende, por sinal, é uma marca da JD.
Gloria conta que os executivos fazem compras frequentes no site para testar serviços e produtos. "Mas sempre com nomes diferentes, para que o atendimento não seja diferente daquele feito ao cliente comum", alerta a executiva. O fundador da empresa, Richard Liu, por sinal, é o maior "testador", desde o início e até hoje. Gloria conta que, no início, o empresário chegava a colocar um relógio para despertar a cada duas horas e para fazer compras no site.
Os testes geram inúmeras mudanças, e uma das alterações clássicas - e simples - foi quando Liu testou a compra de um sorvete (que chegou derretido). Alertou os gestores sobre o problema, e a solução veio rapidamente: aumentar a quantidade de gelo incluída na embalagem. Ficam, aqui, algumas perguntas (e lições), aos gestores brasileiros: quanto tempo essa mudança levaria para ser feita se a queixa partisse de consumidores? E quantos clientes a empresa teria perdido neste tempo? E, mais importante ainda: quantos empresários testam os serviços e produtos que oferecem a seus clientes?
A JD ainda não tem planos concretos de chegar ao Brasil, mas garante que a América Latina como um todo é um mercado para o futuro. A base da empresa é ter estoques próprios de bons produtos e logística também sob seu controle (só assim consegue entregar itens de qualidade rapidamente), e isso exige altos investimentos. No momento, entre os milhares de itens vendidos (a empresa diz serem bilhões de itens), estão dois brasileiros: as tradicionais Havaianas e castanhas do Pará. E vender por meio da JD.com, por sinal, é outra porta à qual os empresários devem estar atentos para ingressar no mercado chinês.
Curiosidades sobre a companhia e seu dono
A atual sede abriga 17 mil pessoas, e o local está em obras de expansão. Em um terreno ao lado do atual prédio principal, a empresa construirá novos edifícios, que triplicarão seu tamanho. Entre os grandes investidores acionistas da JD.com está a norte-americana Walmart. Emprega 12 mil engenheiros para dar conta de sua megaestrutura logística e de Inteligência Artificial.
Richard Liu é um empresário com iniciativas e histórias inusitadas desde o início. Quando começou, o negócio, aberto em 1998, era basicamente físico, com vendas na rua e que dependiam do trânsito de pessoas. Em 2004, com a epidemia de Influenza Aviária aterrorizando os chineses, o fluxo de pessoas nas ruas diminuiu significativamente. Foi aí que Liu se voltou ao mercado on-line e de entregas a domicílio.