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Educação é a base para ampliar negócios
Com a China completamente voltada para o mundo, aprender idiomas tem cada vez mais relevância na sociedade
É fato que é pela educação que cresce um país. E a regra vale também para o comércio exterior, o desenvolvimento de novos negócios e ampliar as relações internacionais. É por isso que a China investe na educação (algo que, vendo deste lado um mundo, torna ainda mais triste o que se faz no Brasil). Com o gigante asiático completamente voltado para o mundo, o ensino de idiomas tem cada vez mais relevância na educação chinesa.
A Universidade de Pequim para Estudos Estrangeiros, por exemplo, conta com nada mais, nada a menos do que 96 cursos de línguas. A meta é, em dois anos, chegar a 100. O objetivo é promover o ensino de todas as línguas dos países com os quais o governo chinês tem relações diplomáticas. Quantas universidades brasileiras ensinam mandarim, por exemplo, o idioma daquele que hoje é nosso maior parceiro comercial? E quantas instituições (de ensino e mesmo empresariais) vão além desse básico ensino do idioma?
Um dos poucos bons exemplos está na Fundação Getulio Vargas (FGV). Em maio, lançou sua versão do Portal FGV em chinês (www.fgv.br/cn). "Há 350,7 mil estudantes chineses em universidades dos EUA (32,5% de 1,08 milhão de estudantes internacionais no país). Há oportunidade de atrair esses alunos ao Brasil, trazendo conhecimento e diversidade não só à FGV, mas ao Brasil como um todo", destaca o diretor de comunicação e marketing da instituição, Marcos Facó.
A ideia de atrair ao Brasil estudantes chineses ganha ainda mais relevância com a recente "guerra comercial" iniciada pelo presidente norte-americano, Donald Trump. Depois dos anúncios de retaliações e sobretaxas a produtos chineses, os EUA sinalizam que podem limitar vistos a estudantes chineses para evitar a transferência de informação para a China. Um prato cheio para que as universidades brasileiras se voltem para Pequim. A FGV já conta com parcerias acadêmicas com oito instituições chinesas e, no ano passado, lançou o Núcleo de Estudos China-Brasil, com foco em aspectos regulatórios, avanços e desafios nesta relação.
O ideal, porém, seria que o Brasil não dependesse de iniciativas isoladas para conhecer melhor o seu principal parceiro comercial, mas sim de iniciativas governamentais. E o Brasil deveria também seguir os passos da nação de Xi Jinping e valorizar a educação como um todo. Bons exemplos nessa área não faltam, e a China é inclusive referência citada pelo Banco Mundial, que pretende transformar indicadores de educação em ranking que ajude a ampliar investimentos em nações que valorizem o ensino.
Segundo o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, a ideia é que avanços na saúde e na educação elevem as notas de referências dos países, em vez de apenas itens como infraestrutura. E Kim (que nasceu na Coreia do Sul, mas vive nos Estados Unidos desde os cinco anos) citou, em evento recente em Nova Iorque, o bom exemplo da China, que usou seu primeiro empréstimo no Banco Mundial para melhorar a educação, e somente depois disso se tornou um gigante econômico. "Não sabemos como será a economia do futuro, mas podemos assumir que os novos empregos a serem inventados vão depender de altos níveis de educação", disse Kim.
Destaques na área do ensino
A revista inglesa sobre educação superior Times Higher Education (THE) colocou em sua lista de destaque entre universidades de economias emergentes sete instituições chinesas entre as 10 primeiras colocadas na edição 2018. A primeira é a Universidade de Pequim, além das universidades Tsinghua, Fudan de Ciência e Tecnologia, Zhejiang, Xangai Jiao Tong e Nanjing. A saber: a universidade brasileira com melhor posição é a Universidade de São Paulo (USP), em 14ª lugar.
O destaque chinês também está na base educacional. O ranking do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), também revela o valor da educação na cultura chinesa. Nos dados de 2015 (os mais recentes), a China aparece entre os 10 melhores pontuados nas três principais categorias: ciências, matemática e compreensão textual. Já o Brasil ficou entre as piores posições, sendo a melhor delas (59ª) em compreensão textual.