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Porto Alegre, sábado, 03 de maio de 2025.

JC Contabilidade

- Publicada em 22 de Dezembro de 2021 às 03:00

Organizações, sociedade e o ganha-ganha de longo prazo

Leonardo Wengrover é coordenador do Capítulo Rio Grande do Sul do Instituto Brasileiro de Governança

Leonardo Wengrover é coordenador do Capítulo Rio Grande do Sul do Instituto Brasileiro de Governança


IBGC/DIVULGAÇÃO/JC
Milton Friedman argumentou nos anos 1970, de forma extremamente resumida, que a responsabilidade social das empresas era aumentar seus lucros. Hoje, vivemos uma era de polarização que pode, inclusive, abarcar o tema ESG (Environment, Social and Governance) ou ASG (Ambiental, Social e Governança). Friedman pode estar errado ou talvez nunca estivesse tão certo. Ou se foca no lucro das organizações ou se foca no ganho da sociedade ou se questiona se essa estrada é mesmo bipartida.
Milton Friedman argumentou nos anos 1970, de forma extremamente resumida, que a responsabilidade social das empresas era aumentar seus lucros. Hoje, vivemos uma era de polarização que pode, inclusive, abarcar o tema ESG (Environment, Social and Governance) ou ASG (Ambiental, Social e Governança). Friedman pode estar errado ou talvez nunca estivesse tão certo. Ou se foca no lucro das organizações ou se foca no ganho da sociedade ou se questiona se essa estrada é mesmo bipartida.
Recentemente, em um debate organizado pelo Liberty Fund com foco em Governança Corporativa, debateu-se amplamente os principais tópicos que orbitam esse tema. Regras versus padrões, independência dos conselheiros, diversidade, estruturas e sistemas de governança, conflitos de interesses e ESG. Concentro-me neste artigo nesse último.
Para Friedman, os gestores das empresas deveriam focar unicamente em gerar valor para a organização, deixando as atividades de cunho social para os acionistas que queiram persegui-las, utilizando dos resultados da empresa, os quais serão tanto maiores quanto mais focados forem seus gestores. Se um executivo investisse em ações sociais com os recursos da organização, ele estaria, efetivamente, desviando recursos da empresa e de seus stakeholders para causas caras ao executivo como indivíduo, estaria agindo fora de seu mandato. Friedman ainda chega a mencionar que podia ser do interesse de longo prazo da companhia cuidar do entorno se isso lhe trouxesse benefícios, como atração de talentos ou redução de custos salariais.
Como dizer que Friedman estava errado ou certo? O valor do Capital Social ou do Capital Reputacional para as organizações aumentou muito nos últimos anos. Vivemos uma era de transparência. Com poucos cliques, as informações são amplamente disseminadas. Uma empresa com alto Capital Social pode ser capaz de gerar mais valor para seus stakeholders no longo prazo por meio da motivação de seus colaboradores, da força de sua marca, do relacionamento com fornecedores e do engajamento da sociedade.
Vale a pena avaliar esse cenário também pela ótica dos investidores. Um estudo recente da empresa de consultoria e auditoria PwC mostrou que investidores consideram tirar dinheiro de empresas caso elas não façam o suficiente pelas questões ESG. A pesquisa mostra que 49% dos 325 investidores de todo mundo ouvidos pretendem tomar essa decisão no futuro. Para 82% deles, ESG deve fazer parte da estratégia das companhias. O mesmo estudo mostra que 49% não estão dispostos a aceitar redução no retorno dos investimentos em troca de benefícios sociais ou econômicos.
Governança tem o objetivo de gerar valor para as organizações no longo prazo e alinhando o interesse de todos as partes interessadas. As empresas cresceram junto com a sociedade. Elas ofereceram bons produtos e serviços e isso aumentou a percepção de valor pela sociedade. Agora, elas desejam reinvestir nessa sociedade, retribuí-la. Por fim, as pessoas aumentam ainda mais sua expectativa e confiança em relação às corporações. Esse é o famoso ganha-ganha de longo prazo.
Passados 50 anos desde o artigo de Friedman, cada vez mais o valor das organizações bem como o valor gerado por elas à sociedade depende de ativos intangíveis, entre eles o reputacional. Companhias modernas já perceberam a importância do Capital Social/Reputacional, o qual acaba funcionando como um alavancador de longo prazo do Capital Financeiro. Assim, Friedman está certo e Friedman não está certo.
Gestor e consultor financeiro de valores mobiliários, conselheiro de administração e membro do conselho de administração do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC)
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