As empresas estão desenvolvendo mais ações para se adequar à LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), porém, conforme pesquisa, ainda há muito o que fazer para que os processos das organizações estejam preparados para os requisitos da nova lei. É o que revela uma nova pesquisa realizada pela ICTS Protiviti, consultoria de gestão de riscos e compliance, divulgada nesta quarta-feira (2). Mesmo após a sanção da LGPD, 82% das empresas ainda se mantêm atrasadas com as ações de adequação.
Na comparação com períodos anteriores, o nível de adequação evoluiu. Entre outubro de 2019 e março desse ano, apenas 16% das empresas estavam maduras para lidar com os requisitos da lei. Nos últimos seis meses, entre abril e setembro de 2020, esse indicador subiu para 24%. Ou seja, houve um aumento de 50% na quantidade de empresas que estão melhor preparadas para a LGPD.
O especialista em LGPD e diretor associado da ICTS Protiviti, André Cilurzo, percebeu que, "em meio à pandemia, houve uma redução no engajamento das empresas, fruto das preocupações que circulavam o momento, como a criação de ações para a sustentação dos negócios". Isso somado às indefinições da vigência da lei, trouxe uma redução de 89% no interesse das organizações avaliarem seus processos para a adoção de medidas exigidas.
"Agora, em vigor e com empresas sendo autuadas a partir de outros órgãos, que não a ANDP (Autoridade Nacional de Proteção de Dados Pessoais), que passará a multar apenas em agosto de 2021, as empresas começaram a correr com seus processos", comenta Cilurzo. Essa afirmação pode ser comprovada quando analisamos o crescimento neste ano das medidas de adequação.
Enquanto em 2019 apenas 34,9% das empresas possuíam políticas e normativas relacionadas à LGPD, em 2020 este número saltou para 45,2%. Outro percentual que reflete o avanço no preparo das empresas neste ano é o mapeamento dos dados pessoais sensíveis, que pulou de 23,3% no ano passado para 35,5% neste ano. Outro dado que chama a atenção no comparativo é a estrutura de proteção de dados, que sai de 17,1% para 32,3%.
Confrontando-se o nível de adequação das grandes empresas, que representam 22,1% das organizações pesquisadas, versus as micro e pequenas empresas, que somam 45,1%, nota-se que as grandes empresas estão em média 50,2% mais preparadas do que as micro e pequenas. Esta diferença reflete não apenas na maior capacidade de alocação de recursos para adequação, mas também a compreensão das grandes empresas de que estarão no foco das ações de fiscalização em 2021.