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Festas juninas puxam desempenho da Guimarães Alimentos
Empresa de Santo Antônio da Patrulha prevê crescimento de 25% em 2022
As celebrações das festas juninas marcam o período de maior crescimento da Guimarães Alimentos. A empresa de Santo Antônio da Patrulha, que completa 40 anos, tem um acréscimo de quase 200% nas vendas em junho em comparação aos meses mais fracos. Desde 2019 sem eventos presenciais, o gestor de negócios Rodrigo Guimarães estima um crescimento de 50% durante esse período em 2022. No decorrer dessas quatro décadas de mercado, à medida em que a Guimarães Alimentos lançava novos produtos, aumentava a clientela. Em 1989, a empresa iniciou a produção do pé-de-moleque e, em 1990, a famosa paçoquinha foi criada. Atualmente, a empresa conta com cerca de 190 produtos alimentícios no seu portfólio, vendidos em todo o Brasil. Na última década, a indústria de doces vivenciou uma ampliação na demanda de mercadorias mais saudáveis, com menos açúcares e conservantes. Seguindo nessa direção, o gestor de negócios da empresa comenta sobre as novidades do mercado ‘fit’ e como os hábitos alimentares mudaram durante a pandemia.
Empresas&Negócios - Qual é o carro-chefe da empresa?
Rodrigo Guimarães - O pé-de-moleque é o carro chefe. Contudo, ele está muito linear junto com os outros produtos. Vamos dizer assim: o pé-de-moleque representa 5,9% e depois vem o restante, tudo nessa faixa dos 5%, como rapadura e mariola. A gente não deixa um item 10%, tentamos sempre equilibrar.
E&N - Como vocês criam novos produtos?
Guimarães - A gente desenvolve novos produtos a partir da análise do consumidor e do que o comprador do mercado está pedindo. Assim, identificamos as tendências de mercado e o cenário até em nível mundial. O que tem de novos produtos nos Estados Unidos agora? A gente tenta adaptar aqui no Brasil. Lançamos, no ano passado, o primeiro produto no Brasil desse segmento: o chocolate em pó 70% cacau e o chocolate em pó 50% cacau.
E&N - Como a pandemia afetou a Guimarães e como foi esse período da pandemia para empresa?
Guimarães - No início da pandemia, ficamos nervosos e preocupados. A empresa ficou fechada por um decreto municipal pelo período de sete dias. Bate o desespero, tu tem um custo fixo que tu é obrigado a se manter. Depois que passou, a gente identificou que, nas redes de supermercados de bairros, mercados menores, eles tiveram um aumento muito grande de vendas devido à população estar em casa. Muitas pessoas começaram a produzir em casa, se alimentar em casa, então isso acabou elevando o consumo, não apenas na nossa categoria de doces, mas em todas as categorias. Um outro fato é que muitas lojas de departamento ficaram fechadas, então isso acabou que os supermercados tiveram a vantagem de estar aberto por ser serviço essencial. Com isso as vendas tiveram um aumento significativo, e mais ainda a questão dos produtos saudáveis.
JC - A Guimarães Alimentos tem feito investimentos? Como foi esse último ano para empresa?
Guimarães - Tivemos sim, pois se não tivermos investimento não vamos ter o crescimento que a gente almeja. Então, no ano passado e no atual, investimentos em máquinas e também em novos carros para a frota de entrega. Eu sempre digo que toda indústria que quer crescer tem que guardar um pouquinho do seu caixa, segurar um valor para investimento. Nós investimos em torno de R$ 1,5 milhão no ano passado.
JC - No Nordeste do Brasil, a festa junina é um grande evento, aqui no Sul não temos muito essa cultura. Como você enxerga isso?
Guimarães - A festa junina, falando em nível nacional, tem regiões do Nordeste que fazem festa - aqui, no Sul, não temos as festas típicas do nordeste, mas é um período que fomenta muito. Os supermercados ampliam novos pontos, novos merchandising, corredores temáticos etc. O nosso Natal é a festa junina - estamos com uma perspectiva de aumentar em 50% em comparação ao ano passado. E se comparamos num mês normal de vendas, janeiro ou dezembro, aumenta quase 200%, porque é sazonal. Nós temos vários produtos que são sazonais, como a pipoca, que vende muito durante a festa junina e acaba elevando muito as vendas.
JC - Quais são as expectativas de crescimento da Guimarães este ano?
Guimarães - A gente tem expectativa de 25% de crescimento nas vendas no ano. A festa junina é o nosso “boom” de vendas. A gente já vem de uma preparação desde março, comprando insumos (açúcar), matéria-prima (plástico) que tem uma certa hora para comprar, não é comprar agora e entregar amanhã. A gente inicia isso praticamente em fevereiro, já com todo esse planejamento, para chegar e não sofrer com tanta demanda. Inclusive a demanda está muito alta, só que hoje nosso maior problema é o custo desses insumos, tem subido demais. Isso é um fenômeno mundial, não vou dizer que é só o Brasil, mas tem faltado insumos.
JC - A Páscoa é uma data que as pessoas comem muito doce. Como ela é para empresa?
Guimarães - Durante a Páscoa nós elevamos um pouco as vendas porque temos alguns produtos que tem um aumento significativo na demanda, como pé-de-moça com chocolate e o amendoim carapina. A gente até cria uma temática nas redes de supermercado, alguns pontos extras de venda, e isso traz uma certa demanda, mas nada se compara à festa junina.
JC - Vocês fazem importações e exportações? Como a inflação está impactando vocês?
Guimarães - A gente tem uma parte muito tímida de faturamento através de exportações. Exportamos para os EUA, Uruguai e Portugal. A questão da inflação é o custo da matéria-prima mesmo, quase aumentaram 200%, tanto do papelão quanto do plástico, derivado de petróleo.
JC - Quando vocês observaram esse movimento dos consumidores procurarem alimentos mais saudáveis?
Guimarães - Antes da pandemia já havia uma crescente desses produtos. Só que depois que veio a pandemia, a gente observou que aumentou bem mais. A tendência, ao longo prazo, vai ser todo mundo da indústria que não entrar nesse segmento e pensar em como fazer um produto mais saudável ficará fora do mercado. A gente observa grandes empresas multinacionais que compraram empresas menores do ramo da saudabilidade porque está tendo uma crescente muito grande. Nós pretendemos democratizar mais esses produtos. O que acontece é que determinado produto saudável, o sabor dele é diferente do produto tradicional. A gente se acostuma com um paladar e para mudar ele sempre vai ter algum consumidor. Então isso é uma adaptação que a indústria está fazendo, mas o importante é que o norte está indo para esse caminho mais saudável.