Simers acredita que mercado de máquinas seguirá aquecido

Com primeiro trimestre positivo, 80% das empresas têm pedidos até setembro

Por Diego Nuñez

Claudio Bier explica que o produtor rural está rentabilizado e manterá os investimentos em maquinário
Presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no Rio Grande do Sul (Simers), Claudio Bier projeta uma estabilização na cadeia mundial de fornecimento de insumos para máquinas agrícolas. Com problemas apenas no fornecimento de chips, a indústria do aço para a agricultura já conta com matéria prima para continuar produzindo e atendendo a crescente demanda para o setor. O ano de 2022 começou tão bem em questão de vendas que algumas empresas já estão com a temporada garantida - e já pensam no futuro.
Jornal do Comércio - O setor de máquinas agrícolas vive um bom momento, por que isso ocorre?
Claudio Bier - É uma série de coisas. Viemos de duas grandes safras com excelentes preços. Este ano tivemos seca aqui no Sul, mas em compensação, no restante do Brasil, se colheu muito. Então compensou nas vendas de máquinas. O que deixou de vender aqui, colocamos facilmente lá em cima. O segundo motivo é a tecnologia embarcada, que estamos imprimindo nossas máquinas a cada ano que passa, nós estamos com cada vez mais tecnologia nas máquinas, para que elas produzam mais num menor pedaço de chão e mais conforto para operadores. Tem um vídeo nas redes sociais de uma senhora dentro do trator com duas crianças, uma dormindo, e ela trabalhando só por GPS, cuidando das crianças e o trator fazendo tudo sozinho. O marido pode pegar a esposa e é um funcionário a menos. O trator vai fazer tudo sozinho. Já tem alguns que fazem tudo sozinho, mas esses ainda estão em fase de aprimoramento. São essas melhorias. O que acontece também é que o agricultor está muito capitalizado e quer renovar a frota dele. Não quer ficar com coisas velhas. Isso que está nos trazendo esse momento muito bom que estamos vivendo.
JC - O que podemos projetar para os próximos meses? A tendência é de que o mercado continue aquecido?
Bier - Nós já estamos com 80% das empresas já têm pedido até para setembro, por aí. E tem algumas empresa, num número menor, que já estão com ano pronto. Então, este ano, o sucesso está garantido. Precisamos começar a pensar no ano que vem - aumentar capacidade de produção, aprimorar seu parque de máquinas, porque as máquinas da nossa indústria também envelhecem. É projetar o ano que vem depois desse ano maravilhoso.
JC - Podemos esperar, para 2023 mais um ano positivo para o setor?
Bier - Sim. Acho que o preço não baixa mais. O agricultor está tendo rentabilidade e, assim, vai cada vez mais aumentar seu parque. E também nós já começamos a nos preparar para a Expointer. E estamos trabalhando para fazer uma Expointer de luxo e esperamos recorde de vendas.
JC - Como está o fornecimento de insumos?
Bier - No ano passado nós sofremos muito com a falta de insumos. Esse ano ainda está faltando alguma coisa, mas são poucos itens. Um que não conseguimos resolver todos os problemas ainda são os chips. Isso é um problema que está se arrastando. Mas o aço, os outros fornecedores, todo mundo aumentou sua capacidade e, quanto a isso, estamos tranquilos. A tendencia é que cada vez mais volte à normalidade.
JC - Um problema que ainda afeta são os custos de produção.
Bier - Claro, a inflação nos atinge. Vamos ter que aprender a conviver com ela de novo. A inflação é mundial, tem nos Estados Unidos, na Alemanha, na Europa, na China.
JC - Algumas fazendas ainda têm problemas com conectividade e acesso à internet. Isso afeta a aplicação dessas novas tecnologias nas lavouras?
Bier - Sim. Precisamos melhorar essa questão da internet. Mas já têm empresas que estão pensando nisso, fazendo programas para lavouras inteiras no Brasil. Já tem coisa em estudo. Acho que nos próximos dois anos já vamos ter solução para esse problema.
JC - O avanço na tecnologia das máquinas exige uma mão-de-obra mais qualificada ou facilita o manejo dos equipamento?
Bier - Claro que precisa ter uma noção de computação, mas isso hoje, principalmente os jovens já nascem com isso no DNA deles. Não está tendo problema com isso. Também estamos implementando curso, treinando o pessoal. Uma coisa puxa a outra.